Segundo informações de mercado, estaria sendo desenhado nos bastidores do mercado chinês um possível acordo entre os reguladores e a gigante de tecnologia Alibaba (BABA) para encerrar as investigações contra as práticas anticompetitivas da companhia.
A expectativa é que haja uma cobrança superior a 1 bilhão de dólares em multas, superando a o montante recorde cobrado junto a Qualcomm em 2015 além da obrigatoriedade de encerrar uma prática chamada de “er xuan yi”, que em uma tradução livre quer dizer “escolha entre dois”. Os reguladores acreditam que alguns varejistas (sellers, parceiros) foram punidos pelo Alibaba por também trabalhar com as plataformas concorrentes.
Alguns outros ativos não relacionados à atividade principal do Alibaba também estariam na mira dos órgãos antitruste, e não se descartam sanções para vendê-los.
E Eu Com Isso?
A notícia pode ser considerada como levemente positiva para as ações do Alibaba (BABA), visto que as pressões regulatórias são uma espécie de “âncora” no preço das suas ações. Contudo, ao que tudo indica, esta novela está bem longe de uma solução definitiva.
Até final de outubro, antes do cancelamento da oferta de ações do Ant Group – braço financeiro nas suas operações e que o Alibaba detém participações – as ações do Alibaba acumularam alta superior a 71 por cento desde março/20, contra alta de 37,3 por cento de um índice que segue o desempenho das maiores companhias da Ásia.
Desde final de out/20, porém, as ações recuam 24,1 por cento, descolando-se do índice de ações asiáticas, que sobem 20,4 por cento no mesmo período. Enquanto a maioria das ações de tecnologia do mundo está próxima aos seus preços recordes, o Alibaba teria ficado para trás devido a essas questões, pois o mercado desconta no preço uma maior percepção de risco.
Na nossa visão, a multa na casa dos 1 bilhão de dólares seria o menor dos problemas, visto que representaria apenas 5 por cento do seu lucro anual obtido nos últimos 12 meses. Ainda vemos o maior prejuízo na não-listagem do Ant Group, que certamente poderia destravar muito valor para os acionistas e abriria uma enorme janela de crescimento para ambas. Agora, caso saia a listagem, ela terá que se adaptar a regras mais rígidas do sistema financeiro chinês.
Para complicar ainda mais, a polêmica se mistura com aspectos políticos/ideológicos. As sanções e ameaças se confundem com declarações que o fundador Jack Ma deu tempos atrás criticando o Partido Comunista Chinês. Dura missão do Alibaba agora: corrigir o comportamento anticompetitivo e aderir à agenda política do governo.