A Copel divulgou nesta quinta-feira (21) seu novo planejamento estratégico. Além de mudanças estatutárias e de uma nova política de dividendos, a nova agenda propõe melhorias na governança corporativa e maior eficiência nas operações.
O novo pacote de mudanças foi aprovado pelo Conselho de Administração na terça-feira (19), e traz como destaque uma nova política de dividendos, ajustada para se adequar melhor à atual fase da companhia, além de trazer mais previsibilidade e transparência aos investidores.
Adriano Rudek de Moura, diretor financeiro da Copel, definiu a nova política de dividendos como uma forma para que a companhia reverta sua alavancagem, atualmente em 1,3 vezes, para níveis mais adequados, de 2,7 vezes a relação entre dívida líquida e geração de caixa medida pelo Ebitda, de forma a otimizar a estrutura de capital da Copel.
A nova proposta traz um critério de alavancagem para o cálculo de dividendo, onde, para o índice abaixo de 1,5 vezes, será realizado pagamento de 65 por cento do lucro líquido ajustado, limitado ao fluxo de caixa disponível (FCD); para a faixa entre 1,5 e 2,7 vezes, pagamento de 50 por cento do lucro líquido ajustado e, por fim, quando indicador maior de 2,7 vezes, será realizado pagamento de 25 por cento do lucro líquido ajustado.
A distribuição de dividendos extraordinários também deverá seguir as novas regras e só irá ocorrer em casos excepcionais, com aprovação em assembleia de acionistas.
Em relação às propostas de mudanças de governança corporativa, está a elevação da companhia para o Nível 2 da B3 – movimento que, segundo governo paranaense, só será aprovado caso ocorra também a realização de uma oferta secundária de ações de sua titularidade em conjunto com o BNDESPar, que pretende se desfazer de sua fatia de 24 por cento na elétrica. Além disso, a proposta traz a implementação de programa de units, que prevê desdobramento de ações na proporção de 1 para 10, e criação de comitês de assessoramento ao conselho de administração.
E Eu Com Isso?
As mudanças anunciadas pela Copel são positivas e esperamos uma reação também positiva no preço de suas ações (CPLE3/CPLE5/CPLE6) no curto prazo. Primeiramente, o pacote de aprimoramento da governança corporativa aproxima a Copel das boas práticas adotadas por empresas privadas e tenta, em alguma medida, afastar o temor do mercado quanto a novas intervenções políticas do governo paranaense.
Adicionalmente, ao rever a política de dividendos com o intuito de otimizar a estrutura de capital, acreditamos que a Copel conseguirá resolver sua baixa alavancagem atual, que eleva seu custo de capital. O objetivo da diretoria de elevar o indicador para um patamar próximo de 2,7 vezes é correta, pois esse é um patamar compatível com a mediana do setor elétrico. A nova política ainda possibilita como benefício maior previsibilidade para as distribuições e menor espaço para interferências do controlador na distribuição de dividendos extraordinários sem considerar a capacidade financeira da companhia.
Deve-se ressalvar que as medidas divulgadas pela companhia só terão efeito caso haja um comprometimento efetivo do governo paranaense em aprimorar o modelo de governança da empresa. Nos últimos trimestres, tentativas de intervenção foram realizadas não somente na Copel, mas também em outras estatais, como a Sanepar, cujas ações sofreram após detalhamento do processo de reajuste e revisão tarifários. Assim, é preciso que o governo reveja seu paradigma de atuação para que as mudanças implementadas na Copel surtam os efeitos pretendidos.