A gestora de recursos Pátria (PAX: NASDAQ), uma das referências em private equity (gestão de empresas de capital fechado), e que captou recentemente 590 milhões de dólares abrindo seu capital no mercado americano Nasdaq, vem reforçando e mirando ativos do setor de supermercados. No caso, o varejo alimentar.
O setor vem aquecido com as mudanças de comportamento do consumidor devido à pandemia, com maior alimentação em casa e migração de orçamento do consumo discricionário para itens de primeira necessidade ou itens essenciais para o home office, inclusive com o material de construção entrando no hall de segmentos.
O montante levantado no IPO do Pátria, tem como finalidade a abertura de novos fundos. Desde o ano passado vêm atraindo executivos renomados no setor, como o Peter Estermann, que foi o CEO do Grupo Pão de Açúcar (PCAR3) até novembro de 2020.
O alvo da gestora são redes de médio porte, que já possuem uma governança e estrutura mais bem definida e se encontra com algum plano de turnaround e modernização de suas operações, a fim de criar uma plataforma de varejo e atacado no segmento alimentar (supermercados).
Até o momento a gestora já fechou com três redes, com faturamento total de 2,2 bilhões de reais ao ano e vêm tentando negociar com controladores deste tipo de ativos no Sul e no Sudeste e alguma coisa também no Nordeste a depender da oportunidade.
E Eu Com Isso?
O varejo alimentar vem em momento bastante aquecido, com transações acontecendo de maneira acelerada.
Só nos últimos 12 meses tivemos a conclusão da compra do atacadista Makro e anúncio de aquisição do grupo Big, ambos pelo Carrefour Brasil, atualmente a maior rede atuante no país, além da cisão do GPA com o Assaí, IPO do Grupo Mateus (GMAT), líder no nordeste e IPOs protocolados na CVM das redes Oba Hortifruti e Natural da Terra, ambas renomadas em São Paulo.
A pandemia deu mais força aos varejistas de médio porte, com maior presença e relevância regional, sobretudo em áreas onde as multivarejistas de porte nacional ainda não entraram com força ou estão ausentes.
Enxergamos pouco ou nenhum impacto nos preços das ações das empresas de capital aberto no curto prazo e também efeitos limitados no médio e no longo prazo, dado que é um setor ainda bastante pulverizado e há espaço para vários players nesse movimento de consolidação.
As gigantes nacionais vêm ganhando espaço em grandes centros e expandindo para cidades com grande potencial de consolidação, porém o Pátria mira em empresas de menor porte, com presença relevante em cidades satélite e nas regiões metropolitanas, o famoso “comendo pelas beiradas”.
Acreditamos que o movimento é bem interessante para a gestora Pátria, dado o corpo de executivos recém-trazidos para a companhia, além da expertise de impulsionar empresas locais a crescerem de forma sustentável e acelerada.
A pandemia acelerou o processo de digitalização e modernização das operações no varejo como um todo, com o varejo alimentar começando a separar o “joio do trigo”, de modo que as empresas com uma capacidade de investimentos e gestão competente consolidam as menores e mais atrasadas no processo, mas ainda vemos uma competição menos acirrada que as plataformas de e-commerce, por exemplo.
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