Denise Campos de Toledo EECI

O quebra-cabeça da rearrumação das economias

Há um bom tempo o mercado vem lidando com muitas incertezas de cenário, tanto aqui como no exterior. Há uma grande questão, que é o combate à inflação, pressionada desde os desequilíbrios de oferta durante a pandemia, reforçados pela guerra da Ucrânia e com mais pressões pelas medidas de estímulo lançadas pelos vários governos, para reverter a queda de atividade decorrente dos períodos de lockdown.

As economias reagiram, com retomada do emprego e aumento da demanda, o que tornou a inflação mais resistente, mesmo com a diminuição dos problemas na cadeia de insumos. Pra conter as pressões inflacionárias, os bancos centrais recorreram ao aperto monetário, sem muita segurança quanto à dosagem mais adequada de elevação dos juros. Daí o quadro de incertezas que temos hoje, de inflação ainda alta, com juros que começam a frear a atividade, mas com muitos desequilíbrios, indicadores desencontrados, assim como os resultados de balanços corporativos, temor de retração das economias. E ainda tem outros efeitos colaterais, como os problemas bancários nos EUA, a inadimplência e aperto do crédito no Brasil. Situação que, principalmente após o caso Americanas, tem mostrado muitas fragilidades financeiras da área empresarial.

No âmbito doméstico ainda tivemos mudança de governo, com alterações nas pautas prioritárias, reestruturação de ministérios, revisões de ações na área econômica. Mais reforço das incertezas, com o fim do teto de gastos e a proposta de novo arcabouço fiscal, mais gastos no social, revisão em aberto do marco do saneamento, da Lei das estatais, da atuação do BNDES, política do salário mínimo, dos preços dos combustíveis. Ainda temos os embates referentes aos juros, com comportamento meio incerto da inflação, desancoragem das projeções referentes às metas. sem esquecer de discussões no Judiciário, sobre correção do FGTS, revisão de cobranças de tributos, entre outras. Tudo isso paralelamente a um conturbado cenário político, que vem desde os atos de 8 de janeiro, que serão alvo de uma CPMI, cujos trabalhos prometem expor muita polarização política e investigações envolvendo integrantes do governo anterior, o próprio ex-presidente Bolsonaro, integrantes do atual, parlamentares e militares. CPMI que pode roubar espaço para pautas relevantes como o arcabouço e a reforma tributária, por exemplo.

Portanto, não sem motivo, temos visto muita volatilidade nos mercados, que acompanham e respondem aos novos dados e discussões. Nessa miscelânea de informações, importante não deixar de lado o contexto geopolítico ainda relacionado à guerra na Ucrânia e à retomada da economia chinesa, depois de abandonar a política da Covid zero. Os indicadores da China têm mexido bastante com as expectativas em relação aos preços das commodities, que têm muita relevância para o Brasil, desde a atividade dos setores envolvidos, até a receita das exportações e os impostos gerados. 

Os analistas de mercado têm lidado com esse jogo de quebra-cabeça enquanto empresários e investidores assumem postura de maior cautela. Claro que isso depende muito das estratégias particulares e da disposição ou mesmo necessidade de avançar, independentemente das incertezas. São empresas que não podem atrasar investimentos, para não comprometer planos de expansão dos negócios e melhoria de resultados, assim como investidores que não se contentam com o retorno de uma postura mais conservadora.

Fiz essa lista de incertezas mais para chamar atenção dos fatores que podem influenciar as decisões e devem ser acompanhados com atenção. São esses fatores que podem delinear o cenário de médio e longo prazo com o qual iremos conviver.

No curto prazo é acompanhar os dados e informações do dia a dia. Para quem investe em ações, além dos dados de atividade e informações setoriais é importante avaliar os balanços das empresas. Na renda fixa tem a política de juros, a curva definida pelo mercado e perspectivas de mais longo prazo, com todos fatores que podem influenciar. Essa questão de perspectivas vale para qualquer ativo, onde decisões de governo, até referentes a tributação, com muitas propostas sendo estudadas, podem interferir nos resultados.

Não vivemos uma crise, mas um momento que, esperamos, seja de arrumação.

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