Em circunstâncias normais, na prática, esta segunda-feira (11) seria o primeiro dia útil de 2021. No entanto, o ano já começou à plena carga. Na primeira semana houve uma invasão do Congresso americano, que pode disparar um eventual impeachment de Donald Trump nos últimos dias de seu mandato. Por aqui, houve dois recordes consecutivos na Bolsa e a proposta de uma fusão bilionária entre a NotreDame Intermédica e a Hapvida, que pode criar uma das maiores empresas de saúde do mundo.
Ao que tudo indica, 2021 será um ano acelerado, em que as notícias mais se atropelam do que se sucedem. Há algumas justificativas para tanta animação. Em primeiro lugar, as condições do mercado facilitam propor e costurar grandes negócios. O capital é o combustível das transações. Quando ele é abundante e barato, como agora, todos os condutores de máquinas corporativas querem colocar os motores para funcionar na potência máxima. Assim, há espaço para mais notícias como a da fusão, que movimentou os mercados na sexta-feira (8) e fez o Índice Bovespa fechar no segundo recorde consecutivo, acima de 125 mil pontos.
Vale a pena relembrar o que dissemos neste espaço na sexta-feira (8), ao comentar o recorde de 122 mil pontos do índice, cravado na véspera. “A bolsa ainda tem espaço para subir. Haverá solavancos pelo caminho e momentos em que essa alta será interrompida por movimentos de realização de lucro. Porém, é possível cravar que a combinação entre liquidez global elevada, uma política de mais obras públicas nos Estados Unidos e a melhora das perspectivas de vacinação por aqui deve sustentar uma alta das ações brasileiras durante algum tempo.”
Isso ainda vale. Assim como vale relembrar que o caminho será marcado por acidentes de percurso e solavancos, que costumam acontecer quando os fatos andam depressa demais. Por exemplo, um retrocesso nas expectativas com relação à disposição do Congresso americano em estimular a economia dos Estados Unidos. Ou notícias de um recrudescimento no número de vítimas da pandemia. Tudo isso pode fazer com que os preços dos ativos apresentem movimentos pontuais de reversão. Mesmo assim, o movimento de alta poderá continuar ao longo das próximas semanas, com o início da divulgação dos resultados corporativos referentes a 2020.
Na sexta-feira, dia 15 de janeiro, estão previstos os números do Citigroup, um dos maiores bancos dos Estados Unidos. Se forem confirmadas as expectativas positivas dos investidores, de que as maiores empresas americanas foram capazes de manter a saúde de seus resultados durante a pandemia, isso deve estimular novas altas das ações.
Relatório Focus
A primeira publicação com dados referentes a 2021 mostra um leve aumento nas expectativas de melhora da economia. As projeções para o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) ficaram estáveis em 3,41 por cento, levemente acima dos 3,40 por cento registrados na divulgação do dia 4 de janeiro. A projeção para a inflação medida pelo IPCA também avançou levemente para 3,34 por cento, ante os 3,32 por cento da edição anterior. E a meta para a taxa referencial Selic em dezembro subiu para 3,25 por cento ante os 3 por cento registrados na edição anterior. A única variável que não se alterou nas projeções foi a taxa de câmbio, que permanece em 5,00 reais por dólar.
E Eu Com Isso?
A segunda-feira começa com um dia de realização de lucros. Os contratos futuros de Ibovespa iniciam o dia com baixa de mais de 1 por cento, ao passo que os contratos futuros do índice S&P 500 recuam 0,7 por cento. Os preços do petróleo recuam no mercado internacional, devido à volta de medidas de isolamento social e fechamento dos negócios em diversas cidades chinesas.