Nesta segunda-feira (30), após o fechamento do mercado a XP divulgou um fato relevante anunciando a emissão de um follow-on que deve injetar cerca de 340 milhões de dólares no caixa da companhia, a maior parte das novas ações emitidas tem como objetivo de dar uma saída ao Itaú. A intenção da XP é se fundir com a holding que o Itaú pretende criar para alienar a participação que possui da estrutura do banco e distribuir para seus acionistas.
Para aqueles que não acompanharam até aqui, no dia 3 de novembro, juntamente com seu resultado do terceiro trimestre, Itaú anunciou que está em estágio avançado de análise sobre a possibilidade de segregar a participação de 46 por cento que ele detém da XP, sendo 41,05 por cento em uma nova sociedade (“Newco”), além de vender a mercado o equivalente a 5 por cento de participação na XP. Após a repercussão desta notícia ao longo de quase todo o mês de novembro, a criação desta nova holding foi aprovada pelo Conselho de Administração do Itaú no dia 27 do mesmo mês.
Agora a novidade é a intenção da XP em extinguir a “Newco” se fundindo com ela e distribuindo aos acionistas ações comuns diretamente, ainda não foi definido se isso seria realizado através de ações na bolsa americana ou BDRs na Bovespa.
Acreditamos que o principal objetivo deste movimento é evitar que os direitos especiais que o Itaú possui no capital da XP sejam transferidos para os acionistas, entre eles estão o acesso a informações da companhia mensalmente e direito a voto no conselho administrativo.
Impactos na prática
Esperamos o follow-on traga impactos positivos tanto no preço das ações do Itaú (ITUB4) quanto nas da XP (NASDAQ: XP), isso porque, caso esse movimento se concretize, os acionistas do Itaú receberão participação na XP de forma direta, considerando que holdings costumam a ser avaliadas com um desconto em relação ao seus ativos operacionais. Já do ponto de vista da XP, o movimento traz mais segurança para a gestão da empresa centralizando o poder de voto e impedindo a distribuição de informações ao mercado de maneira assimétrica.
Na nossa visão, o Itaú tinha dois objetivos claros ao decidir se separar da XP, o primeiro foi trazer uma visibilidade maior com relação ao valor de suas ações, isso porque na visão do banco, e na nossa, ao “retirar” a XP de baixo de seu guarda-chuva e calcular os fundamentos do banco de maneira isolada, o valor de mercado do Itaú não corresponde àquilo precificado pelo mercado. O segundo objetivo foi se posicionar de maneira clara como um concorrente da corretora, deixando claro ao mercado que tem a intenção de aumentar seus esforços nos serviços de corretagem usando sua gigantesca base clientes.
O serviço de corretagem vem ganhando destaque nos últimos anos, o crescimento expressivo da XP e outra empresas menores vem cada vez mais chamando a atenção dos bancos que por sua vez tentam correr atrás do prejuízo adquirindo corretoras menores ou tentando explorar esse mercado com os próprios recursos. Esperamos que nos próximos anos a concorrência se intensifique juntamente com o crescimento deste mercado.
Enquanto os bancos correm atrás para aumentar os serviços de corretagem, a XP já anunciou que pretende se tornar um banco, com a criação de um portfólio de produtos bancários já no primeiro semestre de 2021.