Depois da pressão exercida por governadores, interlocutores do Planalto e Congresso Nacional, o presidente Jair Bolsonaro finalmente parece ter mudado o tom oficial do discurso sobre o combate à Covid-19. Em pronunciamento feito em rede nacional na noite desta terça (23), Bolsonaro afirmou que, até o final de 2021, haverá doses suficientes de imunizantes para todos os brasileiros e que seu governo nunca foi contra a vacinação.
O presidente destacou que o Brasil é o quinto país que mais vacinou pessoas no mundo, em termos absolutos, que o Executivo tomou ações para garantir vacinas logo no início da pandemia, se solidarizou com as famílias que tiveram perdas decorrentes da Covid-19 e afirmou que todos os envolvidos do governo são “incansáveis na luta contra o coronavírus”.
Na nova estratégia do Planalto, também está inclusa a reunião marcada para esta quarta-feira (24), no Palácio da Alvorada, com a presença de líderes dos Três Poderes e governadores aliados do presidente. A ideia é fazer um balanço da gestão da Saúde até agora e discutir as novas medidas a serem tomadas daqui para a frente, tranquilizando outros agentes políticos e diminuindo a pressão sofrida nos últimos dias.
No encontro, estarão presentes os governadores: Ratinho Júnior (PSD), do Paraná; Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais; Cláudio Castro (PSC), do Rio de Janeiro; Ronaldo Caiado (DEM), de Goiás; Renan Calheiros Filho (MDB), de Alagoas; Wilson Lima (PSC), do Amazonas; e o coronel Marcos Rocha (PSL), de Rondônia. Além dos chefes estaduais, estarão presentes os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux, e o Procurador-Geral da República, Augusto Aras – além de uma série de ministros do governo federal.
E Eu Com Isso?
O breve discurso – com duração aproximada de três minutos – se distancia das últimas, e raras, vezes em que Bolsonaro foi oficialmente endereçar uma mensagem à nação. Em outras ocasiões, vale lembrar, o presidente chegou a atacar inimigos políticos e reviver fantasmas ideológicos
Dessa vez, contudo, as pressões políticas e o recrudescimento da pandemia fizeram com que o presidente, ao menos temporariamente, moderasse seu discurso sobre a Covid-19 e focasse na entrega de resultados e tranquilização das expectativas futuras com relação às vacinas.
A reunião desta quarta também deve servir para tirar a pressão recente de deputados e senadores sobre o governo federal, indicando que a estratégia do Planalto, de fato, mudou – até porque acenderam, nos bastidores, um sinal amarelo no cálculo político para a visada reeleição do presidente em 2022.
Diante da aparente mudança de tom do governo, o mercado poderia reagir positivamente se não fosse o tom mais negativo advindo de outros acontecimentos para o pregão desta quarta. Ao mesmo tempo, espera-se que a moderação no discurso continue nas próximas atitudes do presidente, para que o tom utilizado no discurso desta terça não seja uma exceção, mas sim a nova regra sobre a visão do governo no combate à pandemia.
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