Mercado reduz expectativa para o PIB de 2020: boletim Focus mostra estimativa de 2,23%
O boletim Focus divulgado na manhã desta segunda-feira (17) mostrou que o mercado reduziu para 2,23 por cento sua estimativa de crescimento para 2020. Pela primeira vez neste ano, o prognóstico está abaixo dos 2,30 por cento que vinham sendo registrados desde o fim de 2019.
A alteração na estimativa do mercado teve pouca influência do IBC-Br de dezembro de 2019, divulgado pelo Banco Central (BC) na sexta-feira 14. O IBC-Br, que funciona como uma prévia do Produto Interno Bruto (PIB) divulgado pelo IBGE, mostrou um crescimento econômico de apenas 0,89 por cento em 2019, abaixo dos 1,12 por cento estimados pelo mercado.
Os dados oficiais do IBGE serão divulgados em pouco mais de duas semanas, no dia 4 de março. Se o IBC-Br confirmar que a economia cresceu menos do que o esperado em 2019, isso poderá afetar o desempenho dos números em 2020.
Pesquisas de mercado na sexta-feira (14), realizadas após a divulgação do IBC-Br, indica que a mediana das projeções para este ano recuou para 2,2 por cento ante os 2,3 por cento anteriores. E já há pelo menos uma projeção, do banco americano J.P. Morgan, de um crescimento inferior a 2 por cento neste ano. A explicação para isso é estatística. Números menores em 2019 reduzem a base de comparação e tornam o crescimento mais difícil.
A inflação também dá sinais de retração. A Fundação Getulio Vargas (FGV) divulgou, na manhã desta segunda-feira, que o Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) da segunda semana de fevereiro mostrou uma inflação de 0,36 por cento, 0,15 ponto percentual abaixo dos 0,51 por cento da semana anterior. A alta de preços também perdeu velocidade em relação ao levantamento do dia 15 de janeiro, que mostrou uma inflação semanal de 0,48 por cento. Segundo a FGV, além das quedas das carnes bovinas, cujos preços recuaram entre 6 por cento e 8 por cento, a maior contribuição partiu do grupo Educação, Leitura e Recreação, cujos preços variaram 1,63 por cento, bastante abaixo dos 2,28 por cento registrados no levantamento da primeira semana do mês.
Em um dia normal, os números do PIB, o avanço do coronavírus e a economia fraca no Japão fariam prever um mercado em queda. No entanto, em um dia de liquidez reduzida, o posicionamento de que o Governo Chinês irá realizar estímulos na economia para compensar os impactos do Coronavírus, fará os mercados terem um dia positivo.
INTERNACIONAL – A segunda-feira será um dia de mercado mais fraco devido ao feriado nos Estados Unidos, que mantém os pregões americanos sem negócios. A semana, porém, começou com uma forte alta de 2,3 por cento na Bolsa de Xangai. O Banco do Povo, o banco central da China, reduziu os juros dos empréstimos de médio prazo, abrindo caminho para um corte geral nas taxas que deverá ser anunciado na quinta-feira (20). Além disso, as autoridades reguladoras do mercado de capitais chinês facilitaram a captação de recursos por empresas por meio de colocações privadas de ações, o que deverá facilitar investimentos em companhias cujos resultados foram afetados pelo coronavírus.
Do outro lado do Mar da China, porém, as notícias não foram tão boas. O Japão divulgou que o PIB anualizado do quarto trimestre do ano passado encolheu 6,3 por cento, resultado muito pior do que a retração prevista de 3,7 por cento. Foi a maior retração trimestral em seis anos, e o número aumentou os temores de que o país possa entrar em uma recessão. A primeira vítima fatal do coronavírus no Japão, uma senhora de 80 anos, não ajudou a animar os investidores. A Bolsa de Tóquio caiu 0,7 por cento, com o índice Nikkei encerrando no menor nível em seis semanas.
No cômputo geral, o governo chinês informou um aumento de 2.048 casos, para 70.548 infectados, com o número de vítimas fatais subindo para 1.770. Foram detectadas mais de 500 infecções fora da China, com cinco vítimas fatais. Além do Japão, morreu gente nas Filipinas, em Taiwan, em Hong Kong e na França.
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