Denise Campos de Toledo EECI

Maré mais favorável na economia, em meio aos problemas na política

As perspectivas ainda são de expansão moderada da economia este ano. Mas uma combinação de fatores pode assegurar performance melhor do que se previa. Pra começar, tivemos o avanço do PIB de 1,9% no primeiro trimestre, bem acima do esperado. Mesmo que tenha sido muito puxado pelo agro e a safra recorde de grãos, tem desdobramento em outras atividades e setores e até pelo carregamento pode assegurar um crescimento da economia acima de 2% agora em 2023.

Depois tem a inflação que, até pelo impacto da política de juros, vem surpreendendo positivamente, como aconteceu com o IPCA de 0,23% em maio. Fora os juros, ainda tem o reflexo da queda de preços no atacado, efeito, em parte, também da produção agropecuária, além do cenário externo. Sem esquecer que o próprio ritmo da atividade, no que se refere ao consumo, por exemplo, também tem ajudado a frear alguns aumentos. Tem reajustes pontuais como de remédios, planos médicos, sobe e desce de passagens aéreas, alguns alimentos, mas os núcleos estão com evolução melhor. Resiliência mais perceptível de aumentos mais concentrada em Serviços.

E se pode dizer que o governo tem dado sorte na questão dos combustíveis. Independentemente da mudança ainda indefinida da política de preços da Petrobras, o corte recente para as refinarias meio que compensa a alteração do ICMS que passou a ser de R$1,20 em todos os Estados e a antecipação da reoneração do diesel, para compensar os estímulos do pacote dos veículos.

Enfim, temos projeções de inflação em queda, com o IPCA em 12 meses abaixo dos 4% e possibilidade de a variação mensal em junho ser menor que a de maio, sem descartar até deflação, se não vier alguma pressão inesperada, mais forte.

Esse cenário reforça a tendência de início dos cortes da Selic no segundo semestre, com alguma indicação nesse sentido já na reunião do Copom deste mês, independentemente das pressões que o Banco Central vem sofrendo. Aliás, a curva de juros já tem incorporado essa perspectiva.

Se houver mesmo corte dos juros, se reforça a possibilidade de expansão um pouquinho maior da economia, que ainda deve contar com os efeitos dos programas do governo, como o que eu citei, para o setor de veículos, que anda com desempenho muito fraco (um problema de quase toda a indústria, com exceção da ligada a commodities) e o Desenrola, que pode “reabilitar” consumidores endividados. Nessa estratégia de estímulos ainda tem os programas de transferência de renda, reajuste do mínimo, antecipação décimo terceiro dos aposentados, maior faixa de isenção do imposto de renda.

Importante notar que o ministro Haddad, a área econômica do governo, têm conseguido frear a ampliação de gastos e isenções ou assegurar compensações, de modo a não criar temores maiores do ponto de vista fiscal. Junto com a aprovação do arcabouço e contingenciamento de despesas reforça as condições para o início do corte da Selic.

Estamos longe de um céu de brigadeiro. Há dúvidas quanto ao desempenho da economia global. Mesmo maior que se previa, a expansão da economia doméstica não será excepcional. O corte previsto para os juros não fará com que tenhamos um estímulo maior via política monetária. Mas podemos ter menos nuvens no cenário. Tudo isso explica, em parte, o dólar em patamar mais baixo e o espaço para recuperação da Bolsa.

O que pesa muito nessa prospecção de cenário são os entraves do lado político, com as dificuldades de articulação do governo, falta de consolidação de uma base de apoio, dificuldades rotineiras nas votações de pautas, algumas equivocadas, como de mudanças no marco do saneamento. Porém, o governo tem sofrido derrotas em áreas onde se espera que tenha melhor desempenho como na ambiental, o que é desfavorável, inclusive, do ponto de vista da avaliação internacional. Nesse sentido, ainda é preciso incluir as “patinadas” do presidente, como em relação à Ucrânia, Venezuela… Em muitos momentos parece não considerar a perda desnecessária de capital político, interno e externo. Em determinadas votações, como da PEC dos Ministérios, que ocorreu nos últimos minutos do jogo, após as sucessivas derrotas na pauta ambiental, até podemos questionar as condições de governabilidade.

Mas, colocadas essas dificuldades, temos de considerar a possibilidade de uma maré mais favorável do lado econômico que, em alguma medida, pode influenciar a política, principalmente se alguns equívocos mais sérios forem revistos. 

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