O início da rodada de depoimentos da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, com a presença dos ex-ministros da Saúde Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS) e Nelson Teich, nesta terça, tem tudo para ser acalorada.
A expectativa é que o médico ligado ao DEM enfrente jogo duro tanto do governo quanto da oposição, com as eleições de 2022 como pano de fundo para os ataques de ambos os grupos. Mandetta é ventilado como uma alternativa de centro para o próximo pleito, seja para o âmbito presidencial ou para um eventual governo do estado.
A estratégia dos governistas já foi definida: culpar o ex-ministro por erros no início da pandemia e retirar algumas declarações de contexto para pressioná-lo, evitando o uso político dos holofotes dados pela comissão. Já a oposição deve questionar o respaldo do médico à política negacionista do Planalto e a conveniência política de, posteriormente, largar o posto realizando duras críticas ao governo.
Ao cabo, porém, o saldo do depoimento vai depender mais do próprio comportamento do ex-ministro, de como ele se defenderá e se vai partir para o ataque contra Bolsonaro e outros integrantes do Executivo. Há quem considere que é cedo demais para que o médico adote um discurso mais eleitoreiro.
O depoimento de Nelson Teich, por sua vez, deve ser mais tranquilo – já que o médico permaneceu menos de um mês no cargo e não tem nenhuma pretensão política. O colegiado inicia os trabalhos às 10 horas da manhã e não deve ter horário para acabar, mas alguns senadores cogitam abreviar as sessões de interrogatório para evitar dar qualquer oportunidade para que Mandetta se capitalize politicamente. O depoimento mais tenso é esperado para esta quarta (5), quando o general Eduardo Pazuello estará presente na CPI e terá de esclarecer suas declarações mais recentes sobre a condução da pandemia pelo governo federal.
E Eu Com Isso?
Ao que tudo indica, o ex-ministro Mandetta deve adotar um tom mais moderado e focar na sua defesa, desmentindo quaisquer pontos de ataque levantados pelos senadores – tanto da base aliada quanto da oposição. Em função da conjuntura política e pelo fato do médico se posicionar ao centro no espectro político, não é de interesse de nenhum dos outros dois grupos políticos abrir brechas para seu crescimento como cabo eleitoral.
De qualquer forma, depoimentos em CPIs acabam chamando bastante atenção no mundo político e podem gerar ruídos nos pregões desta semana, especialmente nessa terça e quarta-feira. O mercado deve acompanhar atento os depoimentos dos ex-ministros.
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