A Mahle Metal Leve (LEVE3) divulgou nesta quarta-feira (13), após o fechamento do mercado, os seus resultados referentes ao primeiro trimestre de 2020. Os números vieram mais fracos e abaixo das expectativas em termos de receita, Ebitda e lucro líquido.
O destaque positivo ficou por conta da sua margem bruta, que se beneficiou da variação cambial no período. O indicador passou de 27,1 por cento para 28,2 por cento. Como o incremento foi de apenas 1,1 ponto percentual e bem longe de capaz de segurar a piora no restante das linhas, os destaques negativos devem pesar mais que este sinal positivo.
Os destaques negativos foram a retração no Ebitda, que fechou o período em 91,5 milhões de reais (queda de 23,9 por cento na comparação com o primeiro trimestre de 2019) e o seu lucro líquido, que foi de 21,5 milhões de reais com queda de 66,4 por cento na comparação anual. Em ambas as linhas houve perdas relevantes de margem, salientando o tom mais negativo do resultado.
Esperamos impacto negativo nas ações da Metal Leve (LEVE3) no curto prazo. Os resultados apresentados não foram bons e a queda em todas as principais linhas deve pesar nos próximos dias.
Por outro lado, a companhia possui diversos pontos positivos, que após a pandemia, devem se prevalecer em uma nova realidade do setor: fortes vantagens competitivas, parte relevante da receita receita é dolarizda, baixo nível de endividamento, forte geração de caixa operacional e um produto excelente e com alta tecnologia (comparado aos concorrentes mundiais).
A produção de veículos no mercado interno da companhia (Brasil e Argentina) recuou 15,7 por cento na comparação com o mesmo período do ano passado, o que reduz a demanda pelos seus componentes produzidos. Na parte de peças originais (OEM) no mercado doméstico, por exemplo, a queda foi de 8,8 por cento. No mercado externo (OEM), a desvalorização cambial gerou impacto positivo de mais 9,5 por cento, mas não foi suficiente para compensar a queda de menor volume e/ou preços de 14,5 por cento no período.
Com isso a receita líquida totalizou 573 milhões de reais no primeiro trimestre de 2020, uma queda de 7,9 por cento na comparação anual.
Já o Ebitda foi de 91,5 milhões de reais, com margem Ebitda 15,9 por cento no primeiro trimestre de 2020 contra 120,3 milhões de reais e margem 19,2 por cento registradas no mesmo período de 2019.
Houve aumento significativo nas despesas operacionais: aumento das despesas gerais e administrativas na Argentina e uma despesa com contingências trabalhistas de 10,5 milhões de reais no trimestre.
Por fim, o lucro líquido no primeiro trimestre de 2020 atingiu 21,5 milhões de reais o que indica uma redução de 66,5 por cento entre os períodos comparados. A queda foi devido aos menores volumes e preços vendidos, redução de margem devido a desalavancagem operacional e aumento da despesa financeira por conta do efeito cambial.
A companhia permanece com sólida posição de caixa de 559 milhões e baixo nível de endividamento, relação dívida líquida/Ebitda de 0,44 vezes, mas tem um vencimento de dívida no curto prazo de 511 milhões de reais, dos quais 254 milhões em março de 2021.
Os principais catalisadores das ações das Metal Leve são: impactos do coronavírus na produção e venda de bens de consumo duráveis, redução do PIB e crise econômica local e internacional.
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