Quem já se arriscou sobre uma prancha de surf sabe conhece os termos “inside”, arrebentação e “outside”. Explicando: “inside” é a região do mar mais próxima à praia, onde há poucas ondas e muita espuma. “Outside” é a área em que se surfa e está mais distante da areia, onde as ondas têm pouca espuma. Finalmente, arrebentação é o local da praia onde as ondas “quebram” ao se aproximarem da costa. É uma transição entre o mar mais profundo e o mais raso. Das três áreas é a mais arriscada para o surfista, pois é onde as águas estão mais agitadas e têm um comportamento menos previsível. Mas também é o local que promete as melhores ondas.
A razão para o paralelo litorâneo em plena quinta-feira é a reação dos mercados à decisão anunciada na quarta-feira (03) por Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed), o banco central americano.
Embora seja preciso muita imaginação para imaginar Powell sem gravata e sobre uma prancha, é possível dizer que ele foi extremamente competente para fazer o mercado surfar sem quedas na área de arrebentação.
Ao adotar uma postura mais transparente do que o habitual para os banqueiros centrais com relação à estratégia para conter a crise, ele conseguiu gerenciar as expectativas dos investidores.
Assim, ninguém se surpreendeu quando ele confirmou que o Fed iniciaria a redução das compras de títulos públicos e hipotecários ainda neste mês de novembro.
Da mesma forma, a redução mensal de US$ 15 bilhões nas recompras também não foi algo inesperado.
Essa ausência de surpresas permitiu à grande maioria dos participantes do mercado, cada qual seguindo sua estratégia, terem tempo para se posicionar de maneira a enfrentar o esvaziamento gradual do pacote de ajuda sem que isso provocasse solavancos nos preços.
A previsibilidade dos eventos também facilitou aos agentes econômicos se prepararem para o novo cenário da economia que vai se desenhar de agora em diante.
Esse “novíssimo normal”, que sucedeu o “novo normal” pré-pandemia, pode ser caracterizado por um ambiente com algumas características bem específicas:
1) a liquidez permanecerá elevada. Apesar da redução dos influxos de recursos, ainda há muito dinheiro em circulação. Apenas no caso do Federal Reserve, seu balanço subiu de US$ 4,1 trilhões em março de 2020 para cerca de US$ 8,6 trilhões no fim de outubro, indicando a quantidade de dinheiro que ainda pode circular.
2) as maiores empresas, que conseguiram se beneficiar da alavancagem operacional conquistada durante a pandemia, seguirão apresentando bons resultados.
3) o crescimento econômico global vai continuar modesto, devido às fricções entre oferta e demanda e a ineficiências que permanecem no interior das principais cadeias de suprimentos de itens imprescindíveis, como petróleo e chips.
Todos esses eventos deverão levar a ajustes e a gerar oportunidades para o investidor, algo que será acompanhado de perto pelos analistas da Levante Ideias de Investimentos.
Indicadores
A produção industrial caiu 0,4% na passagem de agosto para setembro. Essa é a quarta queda consecutiva do indicador, que acumula perda de 2,6% no período. Com isso, a indústria se encontra 3,2% abaixo do patamar de fevereiro de 2020, no cenário pré-pandemia, e 19,4% abaixo do nível recorde, registrado em maio de 2011.
No ano, o setor acumulou expansão de 7,5% e, nos últimos 12 meses, de 6,4%. Após registrar crescimentos desde o quarto trimestre de 2020, no terceiro trimestre de 2021 a produção industrial teve queda de 1,1%.
Os dados são da PIM (Pesquisa Industrial Mensal), divulgada nesta terça-feira pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
E Eu Com Isso?
Os contratos futuros do Ibovespa iniciam a quinta-feira em leve baixa, apesar da trajetória positiva dos contratos futuros do índice americano S&P 500. A perspectiva é que o clima positivo no mercado internacional influencie as cotações por aqui.
As notícias são positivas para a bolsa em um cenário de volatilidade.
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