Dollar Tree (Nasdaq: DLTR) é uma das maiores cadeias varejistas americanas. Foi fundada na Virgínia em 1953, e atualmente possui 15,2 mil lojas nos Estados Unidos e no Canadá, empregando 193 mil pessoas. Está longe de ser um local glamuroso. Ao contrário, boa parte de sua freguesia é composta por cidadãos de baixa renda e imigrantes, que estão na base da pirâmide econômica. O que os atrai são preços baixos.
Durante muitos anos, todas as lojas Dollar Tree tinham pelo menos algum item que custava apenas US$ 1. Esse, aliás, era o nome original da rede varejista. Porém, na quinta-feira (20) a empresa anunciou que, após 35 anos, a política ia mudar. A alta da inflação obrigou a Dollar Tree a elevar o “preço mínimo” para US$ 1,25. Embora seja pouco em termos absolutos, é uma alta de 25%. E que confirma o que os indicadores vêm dizendo há tempos: a economia americana está sofrendo com um processo inflacionário.
Assim, a semana se inicia com uma grande expectativa sobre o resultado da reunião do Federal Reserve (Fed), o banco central americano, que deve ocorrer na terça (25) e se encerrar na quarta (26). A expectativa de boa parte dos investidores é que o Fed deve anunciar novas fases do aperto na política monetária. A injeção de recursos na economia por meio da compra de títulos está em seus estágios finais, e vai terminar em março. Muitos dos participantes de mercado avaliam que o Fed vai aproveitar o fim dessa política para começar a elevar os juros.
A taxa dos Fed Funds, os juros referenciais dos Estados Unidos, atualmente em zero, poderão ser elevadas três ou quatro vezes neste ano, encerrando 2022 entre 0,75% e 1% ao ano. E a projeção mais comum é de outros três ou quatro ajustes em 2023 e mais alguns em 2024, fazendo com que os juros possam chegar a 2,5% ao ano ao fim do processo. Essa é a conclusão do discurso recente dos participantes do Fomc (Federal Open Market Committee), o Copom americano.
Porém, há algumas dúvidas com relação à velocidade do ajuste. A inflação americana está elevada. Nos 12 meses até dezembro de 2021 o CPI (Consumer Price Index) global subiu 7,0%, a maior alta desde junho de 1982. O “core index”, que não considera os preços mais voláteis dos alimentos e dos combustíveis, subiu 5,5% nesse período, a maior alta em 12 meses desde junho de 1982.
Assim como vem ocorrendo no Brasil, os vetores mais importantes da alta de preços nos Estados Unidos têm sido os alimentos e combustíveis, devido às condições do mercado global de energia e aos preços das commodities. No entanto, mesmo sem considerar esses itens, a inflação permanece elevada. E qualquer economista sabe que uma alta persistente de preços acaba “contaminando” todos os setores da economia, e é muito mais difícil de debelar.
Por isso, não se descarta a hipótese de que a reunião do Fomc se encerre na quarta-feira com um comunicado “duro”, indicando altas mais acentuadas dos juros e até mesmo uma data para o processo de redução do balanço do Fed. Desde o início da pandemia, o banco central americano injetou dinheiro na economia por meio da compra de títulos públicos, hipotecários e até mesmo de empresas, o que elevou seu portfólio em US$ 4,4 trilhões. Em algum momento, o Fed deverá reduzir essa cifra, vendendo títulos e retirando dinheiro da economia. Mais um ponto de aperto da política monetária, com restrições ao crédito e desaceleração da economia.
Relatório Focus
A edição do Relatório Focus publicada pelo BC (Banco Central) nesta segunda-feira (24) mostra que a expectativa para a inflação em 2022 voltou a subir. Agora, o prognóstico para o IPCA é de 5,15%, ante 5,09% da edição anterior e de 5,03% de há quatro semanas. Não mudaram as projeções para o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto), que segue em 0,29%, e para a Taxa Selic, que está em 11,75%.
E Eu Com Isso?
A semana começa com os contratos futuros do índice americano S&P 500 em leve baixa, ainda seguindo o processo de ajuste iniciado há poucas semanas. Os investidores permanecem convencidos da alta dos juros, o que exerce uma pressão baixista sobre a renda variável.
As notícias são negativas para a Bolsa.
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