Denise Campos de Toledo EECI

Inflação ainda no foco das incertezas | Denise Campos de Toledo

Governo e Banco Central continuam agindo pra tentar estabelecer perspectivas melhores em relação à inflação. Até por preocupações quanto aos reflexos sobre a popularidade em ano de eleições, o governo prossegue com a estratégia de cortar tributos em várias frentes, desde os combustíveis, agora com zeragem da taxação do etanol importado, que também entra na composição da gasolina, de impostos sobre seis produtos da cesta básica, como café e margarina, até uma nova rodada de corte d taxação sobre importações de eletrônicos, máquinas e equipamentos.

 Em princípio, menos impostos devem acarretar cortes de preços, colaborando para menos pressões inflacionárias. Já temos visto até promoções de carros a partir da diminuição do IPI sobre bens industrializados. Mas, no geral, a acomodação dos preços depende muito mais da evolução dos custos de insumos, que subiram pelo desequilíbrio entre oferta e demanda global. Primeiro pela pandemia, depois pela guerra entre Ucrânia e Rússia, e agora, também por novos casos de Covid, levando a fechamentos de fábricas. Esse desequilíbrio da cadeia global, que inclui alimentos, e o petróleo, tem gerado inflação em todo o mundo, reduzindo o potencial do impacto das mexidas nos tributos. Por isso fica a impressão que, com algumas dessas iniciativas, o governo vai apenas enxugar gelo, sem maiores efeitos.

Por outro lado, até por não se saber ao certo qual será a evolução da oferta e dos preços de produtos estratégicos e o repasses dos aumentos de custos internamente, fica a dúvida quanto à eficácia do aperto monetário e até onde esse aperto pode chegar.

 Embora muitos tenham visto um tom mais duro na ata do Copom, na verdade, o recado veio em duas direções. Se o petróleo ceder e as projeções de inflação ficarem mais favoráveis, o atual ciclo de elevação dos juros pode até parar com a Selic nos 12,75%, o que deve ocorrer na reunião de maio, e já num patamar contracionista. Mas se as pressões mais fortes persistirem ameaçando a meta também do próximo ano, os ajustes vão continuar e a taxa básica pode chegar nos 13,25 ou até mais. 

O que parece certo, nas sinalizações do BC, é que não quer o risco de um novo estouro da meta inflacionária, pelo terceiro ano consecutivo. E nessa avaliação prospectiva de cenário pesa até o que tem sido citado como arcabouço fiscal, ou seja, a evolução das finanças públicas. E, nesse aspecto, a enxurrada de medidas lançadas pelo governo não colabora muito. Os cortes de tributos afetam a receita, num momento em que já há necessidade de recorrer ao contingenciamento de despesas pra garantir o teto de gastos. Isso em meio às pressões políticas por mais despesas. 

Como citei de início, há uma preocupação política muito grande com a questão da popularidade, e as condições atuais da economia não têm jogado muito a favor. Tem inflação e juros em alta corroendo a renda, desemprego ainda elevado, com queda do rendimento médio e da massa salarial, aumento da pobreza. Tudo isso pesa muito na percepção da gestão da economia, mesmo que vários fatores desfavoráveis sejam inevitáveis. 

Mas é fato também que a forma como são gerenciados pode influenciar essa percepção. Nesse sentido não basta tentar produzir efeitos de curto prazo e limitados. A responsabilidade também pode passar um recado importante, se estabelecer perspectivas melhores para a economia em prazo maior.

Nesse ambiente ainda bem incerto o mercado continua favorecido pelo fluxo externo de recurso, atraído pelos juros cada vez mais altos, com o dólar chegando a testar pisos abaixo dos R$ 5,00. oi A Bolsa com uma evolução desigual no comportamento das ações, na avaliação por empresas e setores, no geral, tem alcançado momentos de boa performance, por reflexo de alguns fatores que preocupam em outro sentido, como da inflação. A alta das commodities, de produtos básicos, como alimentos, minério e petróleo tem aumentado o potencial de ganhos das ações ligadas a esses ramos. E o Brasil ainda tem se beneficiado com a alta liquidez global num cenário de juros ainda bem baixos, mesmo com os ajustes promovidos pelos bancos centrais, inclusive dos EUA.

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