O mercado global segue muito volátil, com vários fatores de incerteza, que ampliam a volatilidade dos ativos, tendo um horizonte de mais dificuldades para o cenário econômico em 2023 como, aliás, sinalizou o FMI, no Relatório de Acompanhamento Global.
Esta semana refletiu bem o nível de incertezas com a divulgação dos dados de inflação no exterior, especialmente nos Estados Unidos, onde o CPI chegou a 0,4% em setembro, o dobro do previsto, sem maiores alívios não composição. Porém, como a ata do Federal Reserve, divulgada na véspera, mesmo reconhecendo, antes do novo dado, que a inflação permanece muito elevada, mas que será preciso calibrar os ajustes dos juros, para mitigar danos, o mercado ficou com uma percepção menos pessimista. Em novembro deve vir mesmo o ajuste de 0,75 ponto que já estava no radar. Mas ainda se conta com a possibilidade de o aumento total, até 2023, ser inferior às projeções. Embora isso não signifique que se possa descartar um movimento de retração da economia, que costuma ocorrer quando há um aperto maior dos juros.
Sinalização ainda pior para a Europa que, possivelmente, terá de promover correções mais fortes dos juros, diante da inflação persistentemente alta, mesmo com os riscos relacionados a crise de energia, que tende a se agravar no inverno. Aliás, crise relacionada à guerra onde se vê a intensificação dos ataques à Ucrânia e ameaças de uso de armas nucleares pela Rússia, desde a destruição da ponte na Crimeia, no último final de semana. Os países ocidentais prometem reforços, sem reconhecer o anúncio de anexação de territórios feito por Putin, o que amplia as preocupações geopolíticas.
Todo esse cenário aponta para uma fuga maior para os ativos em dólar, com aumento do custo do crédito internacional, maior volatilidade também dos preços de commodities, o que tende a ter piores reflexos para os emergentes. Daí a previsão de um cenário de nuvens pesadas pelo Fundo Monetário Internacional.
O mercado no Brasil tem, em boa medida, acompanhado as variações externas, mantendo até um certo descolamento mais favorável, apesar de estarmos em meio às disputas eleitorais cada vez mais acirradas. O que se nota é uma certa confiança quanto à adoção de um programa econômico responsável, independentemente de quem saia vencedor, até pelas dificuldades que terão de ser gerenciadas no próximo ano.
É certo que há incertezas quanto aos aumentos de gastos sociais, de despesas com o funcionalismo, com o Parlamento, via orçamento secreto, por exemplo, que é dos maiores desvios de recursos que o País já tevê, agora de forma institucionalizada. Mas se conta, em princípio, com a adoção de uma agenda de reformas, de revisão do teto de gastos e do orçamento, que definam um arcabouço fiscal minimamente responsável. Se é ilusão, mais à frente vamos conferir. Assim como vamos conferir se 2023 será tão difícil no âmbito global como se está desenhando. Mas em meio a essas incertezas, o certo é que o mercado deve permanecer muito volátil, com movimentos nem sempre muito fáceis de explicar.