A Hypera (HYPE3) apresentou na última sexta-feira (23), após o fechamento do mercado, os seus resultados do 3T20. O resultado da Hypera foi bom e veio acima das expectativas em termos de Ebitda, lucro líquido e geração de caixa.
Os principais destaques positivos foram: i) crescimento da receita líquida de produtos genéricos e similares; ii) controle de despesas operacionais; iii) crescimento da margem Ebitda e; iv) geração de caixa de 465 milhões de reais.
Por outro lado, o destaque negativo foi a queda na margem bruta de 3,5 pontos percentuais, consequência da mudança de mix de produtos, com participação maior dos genéricos, além da desvalorização do Real frente ao Dólar.
A receita líquida da companhia foi de 1,088 bilhão de reais, um crescimento de 7,9 por cento na comparação com o 3T19. Contudo, 13,5 milhões de reais foram provenientes da recente aquisição dos medicamentos da família Buscopan e Buscofem, que passaram a agregar o resultado a partir de setembro. Desconsiderando-os, o crescimento da receita foi de 6,5 por cento.
O Ebitda, métrica utilizada para demonstrar o potencial de geração de caixa da companhia, foi de 393 milhões de reais, crescimento de 32,2 por cento na comparação anual e margem de 36,1 por cento, 6,6 pontos percentuais a mais que no 2T19.
O resultado foi beneficiado por créditos fiscais de 57 milhões de reais que tiveram impacto positivo na linha de outras despesas operacionais.
Por fim, o lucro líquido foi de 349,6 milhões de reais, crescimento de 28,9 por cento na comparação anual e margem líquida de 32,1 por cento, 5,2 pontos percentuais a mais que o mesmo período do ano anterior.
O resultado da Hypera foi forte, acima do esperado por nós e pelo mercado. Assim, esperamos impacto positivo no preço das ações HYPE3 no curto prazo, impulsionado também pelo anúncio do pagamento de um Juro sobre o Capital Próprio (JCP) de 0,29 reais por ação, o que equivale a um retorno do provento já líquido de IR de 0,8 por cento.
Mais um trimestre em que a companhia demonstra a resiliência do setor farmacêutico, do seu modelo de negócio e da sua gestão, com impacto da Covid-19 nos resultados bastante limitado.
A “parte de cima” do resultado veio regular, com i) crescimento de receitas em linha com as estimativas e ii) queda na margem bruta (64 por cento, 3,5 pontos percentuais a menos que no 3T19) devido a piora de mix (maior participação de genéricos e similares na composição das vendas) e pelo efeito cambial, dado que parte relevante do seu custo do produto vendido sofre influência da variação do dólar.
As demais linhas do resultado vieram muito boas. A companhia i) reduziu as despesas com marketing em 21 por cento; ii) as despesas gerais e administrativas em 20,7 por cento; e iii) as despesas com vendas em percentual da receita líquida, que caiu de 14,7 por cento para 13,7 por cento.
Esta boa gestão e controle das despesas foi vital para os bons ganhos na linha de Ebitda e margem Ebitda. Mesmo desconsiderando o impacto dos créditos fiscais na linha de outras receitas operacionais, a margem Ebitda foi de 30,9 por cento, sólido aumento de 5,9 pontos percentuais em relação ao mesmo período de 2019.
Este fator combinado ao aumento na receita impulsionou a sua geração de caixa operacional, que alcançou a marca de 465 milhões de reais, recorde trimestral da companhia.
O resultado financeiro ficou negativo em 36,4 milhões no trimestre (milhões de reais positivo no terceiro trimestre de 2019). Importante lembrar que a companhia reverteu a sua posição de caixa líquido no último trimestre para um endividamento líquido devido a captação de recursos para as aquisições realizadas neste ano, o que aumenta as suas despesas financeiras.
Apesar disso, a companhia segue com uma alavancagem medida pela relação entre seu endividamento líquido e seu Ebitda dos últimos 12 meses bastante baixa, no patamar das 0,48 vezes.
O principal catalisador das ações da Hypera é a consolidação das aquisições realizadas (Buscopam e Takeda), melhora da margem Ebitda e geração de caixa para o acionista.