Na madrugada desta quinta-feira, o Congresso do Povo Chinês aprovou a implementação da nova lei de segurança em Hong Kong. A notícia não surpreendeu ninguém. Até as pedras da Grande Muralha da China sabem que, em um regime de partido único, o parlamento funciona apenas como um sancionador das decisões do Executivo. Para os 7,45 milhões de moradores da região semiautônoma, isso pode significar o fim de liberdades políticas e, principalmente, econômicas. Hong Kong tem muitos ricos. A estimativa dos recursos depositados em seus bancos de investimento é de um trilhão de dólares, mais ou menos o total da indústria de fundos brasileira, que reúne as economias de uma população 28 vezes maior. E boa parte desse dinheiro deverá migrar, procurando locais com governos menos curiosos.
Tirando esses incomodados, no fim de maio ninguém resolveu se importar com o que ocorre na China, ao contrário do que ocorria há alguns meses. Na madrugada da quinta-feira, as principais bolsas da Ásia fecharam em alta. Mesmo em Hong Kong a queda – que já era esperada – foi modesta, de apenas 0,7 por cento. O que interessa mesmo aos investidores são as notícias de reabertura das economias e as medidas de estímulo decididas pelos bancos centrais.
Os indicadores internacionais mostram uma melhora da situação econômica. Nos Estados Unidos, o número de pedidos iniciais de seguro-desemprego na semana encerrada em 23 de maio foi de 2,123 milhões, queda de 323 mil em relação ao nível revisado da semana anterior, que havia sido de 2,446 milhões. A taxa de desemprego caiu 2,6 pontos percentuais, para 14,5 por cento.
Como são abundantes os sinais de que a economia está lentamente voltando ao normal e que os governos não vão economizar dinheiro para sustentar a retomada, mesmo a tensão entre Pequim e Hong Kong e o aquecimento da retórica entre Xi Jinping e Donald Trump devem ter um efeito menos significativo sobre o comportamento do mercado.
INDICADORES 1 – A taxa de desemprego subiu para 12,6 por cento no trimestre encerrado em abril, ante 11,2 por cento no trimestre encerrado em janeiro. Essa variação significa que o número de desempregados aumentou em 898 mil pessoas, chegando a 12,8 milhões, informou nesta quinta-feira o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que divulgou a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua).
Segundo o IBGE, o indicador reflete os efeitos da pandemia de Covid 19 no mercado de trabalho. A população ocupada teve uma queda recorde de 5,2 por cento em relação ao trimestre encerrado em janeiro, representando uma perda de 4,9 milhões de postos de trabalho, que foram reduzidos a 89,2 milhões.
INDICADORES 2 – O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) subiu 0,28 por cento em maio, abaixo dos 0,80 por cento de abril. O IGP-M acumula alta de 2,79 por cento no ano e de 6,51 por cento em 12 meses.
A FGV também divulgou uma alta no Índice de Confiança de Serviços (ICS), que subiu 9,4 pontos em maio, para 60,5 pontos. Em abril, ao cair a 51,1, o ICS havia atingido o menor nível da série histórica iniciada em junho de 2008. Apesar da alta, o índice recupera apenas 21,7 por cento das perdas sofridas nos últimos dois meses.
Houve variação positiva do ICS nos 13 segmentos pesquisados, com uma acomodação das avaliações sobre o momento atual e recuperação parcial das expectativas em relação aos próximos meses.
Na principal bolsa do mundo, os contratos futuros do S&P 500 estão em leve alta nesta manhã devido aos números positivos do seguro-desemprego americano e todo cenário comentado acima.
Já por aqui, o dia começará em queda em um movimento de realização dos investidores. De qualquer forma, será uma sessão com volatilidade e marcada pela realização dos lucros dos últimos pregões. O que importa é que a tendência geral é positiva no médio prazo.
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