Na quarta-feira (21) pela manhã, o Grupo Ser Educacional (SEER3) divulgou em fato relevante um pedido de tutela judicial, alegando uma divergência, segundo a empresa, sobre os termos da transação firmada com a Laureate para a aquisição de seus ativos no Brasil.
A Ânima Educação (ANIM3) apresentou proposta no processo competitivo promovido pela Laureate, dentro do prazo. A Ânima ofereceu um valor de transação superior ao da Ser em cerca de 500 milhões de reais, totalizando 4,7 bilhões, pagos em dinheiro, envolvendo a assunção das dívidas de e pagamento da multa de 180 milhões de reais à Ser, caso a Laureate aceite outra proposta que não seja a da Ser Educacional.
O Grupo Laureate, a vendedora, comunicou que irá rescindir o acordo firmado com a Ser e aceitar a proposta da Ânima “o mais rápido possível e entrar em um contrato vinculativo definitivo”.
No pedido de tutela, a Ser obteve liminar favorável, com a justiça suspendendo a negociação por 5 dias e mantendo válido o acordo firmado com a Laureate em setembro. A empresa alega que sua proposta é superior à da Ânima devido a sinergias de cerca de 600 milhões de reais a ser capturadas com a aquisição, além da economia de 200 milhões de reais em tributos, devido ao recebimento de ações da companhia na transação. Além disso a Ser alega que a Ânima ainda teria que levantar recursos para o pagamento, de modo que não há garantia de pagamento pela rival.
Ontem as ações de ambas as empresas caíram forte no pregão, com SEER3 em queda de 6,04 por cento e ANIM3 recuando 4,52 por cento, comparada à estabilidade do Ibovespa, com a incerteza gerada pela ação judicial a respeito da transação. No pregão desta quinta-feira (22) esperamos impacto negativo adicional no preço das ações (SEER3/ANIM3) até que a disputa pela Laureate seja encerrada.
Consideramos que a aquisição seja positiva para quem obtiver sucesso na transação, de modo a incorporar bons ativos (incluem as faculdades FMU e Anhembi Morumbi) e capturar sinergias. O principal ponto são os ativos ligados aos cursos na área da Saúde, com destaque para medicina, que possuem alto ticket médio e demandam instalações físicas e presença do aluno, além da baixa evasão, sendo uma área atrativa no ensino superior.
O impacto negativo de ontem reflete a possibilidade de a Ânima não conseguir adquirir a Laureate e de potenciais problemas societários no caso de transação favorável para a Ser, após esta última “forçar” a validação do acordo, mal visto pelo lado vendedor, que teria que ser acionista da Ser por um tempo até vender as ações no mercado e capitalizar o restante do valor.
A Laureate está se desfazendo de seus ativos no mundo todo após problemas com sua operação global, de modo que a proposta da Ânima, além de ter valor anunciado maior, a entrada de caixa seria imediata, bem mais favorável aos seus planos.
Os recursos da Ânima para a aquisição seriam divididas em: 700 milhões do caixa da companhia, 3,3 bilhões em debêntures já acordados com três bancos (Itaú, Bradesco e Santander) e compromisso de compra de ativos pela gestora Farallon totalizando 1,5 bilhões de reais, após a conclusão da transação.
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