Não há alternativa. Até o dia 3 de novembro, quando se encerra o período eleitoral nos Estados Unidos, o movimento dos mercados ao redor do mundo será determinado pela eleição. E, em um sentido mais amplo, pela política. Por isso, as oscilações na preferência do eleitorado vão definir os preços dos ativos financeiros, cujas oscilações já estão se descolando dos movimentos da economia real, um processo que só tende a se acentuar. Na quarta-feira (7), por exemplo, começaram a circular avaliações de que a crescente vantagem do candidato democrata Joe Biden na preferência dos eleitores em relação a Donald Trump poderia ser, no fundo, benéfica para o mercado. Uma pesquisa divulgada no domingo (4) revelou que a liderança nacional de Biden saltou para 14 pontos em relação aos oito pontos antes do debate. O levantamento foi realizado depois do conturbado debate de 29 de setembro, mas antes de Trump ser testado positivamente para a contaminação pelo coronavírus, o que ocorreu no dia 2 de outubro. Isso reforçou a visão dos analistas de que uma vitória democrata pode ser irreversível.
Trump é o preferido de Wall Street, por sua aderência aos princípios de pouca intervenção e baixa tributação para empresas e investidores. Biden e os democratas são vistos como mais favoráveis ao governo grande e a um aumento nas tributações. No entanto, crescem as perspectivas de uma vitória consagradora dos democratas. E isso estimula os preços das ações, pois reduz a probabilidade de uma longa contestação jurídica sobre o resultado da eleição. Foi como se os investidores raciocinassem que, se a troca de comando de republicanos para democratas for inevitável, que ocorra com os menores traumas e a menor indefinição possível.
Enquanto isso, longe do ruído das incertezas eleitorais, a economia real brasileira coleciona bons números, como é possível observar a seguir. O varejo e a produção agrícola batem recordes, e os preços no varejo apresentam uma leve alta, indicado a sustentação da retomada da demanda.
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