Momentos de turbulência como o atual se caracterizam por uma quantidade de informações acima do normal. O problema é que essas informações são desestruturadas e até contraditórias. Assim, decidir durante a crise é várias ordens de grandeza mais difícil do que tomar decisões em tempos normais – um processo que já não é fácil.
Dito isso, vamos à pergunta da grande maioria dos investidores. Vale a pena comprar ações da Petrobras? Após caírem 26,7 por cento em dois dias e retrocederem à faixa dos 21 reais, cotação em que estavam no fim de outubro passado, as preferenciais da estatal (PETR4) de fato parecem estar baratas. Compensa correr o risco?
Diferentemente de análises que começam com um “veja bem”, nós da Levante Ideias de Investimentos temos por princípio seguir nossos princípios (com perdão do trocadilho). Por isso, nossa avaliação é direta. Sim, Petrobras parece estar barata e, sim, pode proporcionar um lucro no curto prazo. Reconhecemos isso. No entanto, nossa avaliação é que a indefinição ainda é muito grande não só em relação à estatal, como também em relação às políticas de preço do setor, o que eleva bastante o risco de se investir nas ações da companhia. Dessa forma, nossa recomendação é clara: no momento, evite correr o risco de Petrobras.
Há algumas razões muito fortes para isso. Ainda há muita indefinição sobre como vai ficar o Conselho de Administração da empresa. Durante o fim de semana, após a divulgação da notícia de que Roberto Castello Branco seria substituído, circularam rumores de que o Conselho poderia não referendar a escolha de Joaquim Silva e Luna para o comando da estatal. Teoricamente, as novas regras de governança para a Petrobras estabelecidas durante o governo de Michel Temer definem que o presidente da petroleira tem de ter aprovação do Conselho. Porém, no Brasil em que – nas inesquecíveis palavras do ex-ministro Pedro Malan – até o passado é incerto, a teoria da governança corporativa pode ser atropelada pela prática do governo.
Na segunda-feira (22), o presidente Jair Bolsonaro publicou um decreto obrigando os postos de gasolina a alterar a maneira de divulgar os preços dos combustíveis, após ter chamado de “caixa preta” a formação de preços no setor. Essas atitudes e declarações indicam uma preferência pela mão pesada do Estado em lugar da mão invisível do mercado. E esse foi, continua sendo e sempre será o principal risco das empresas estatais no Brasil.
E Eu Com Isso?
Após a forte queda da segunda-feira (22), os contratos futuros de Ibovespa estão iniciando a manhã com uma alta de cerca de 1,5 por cento, em parte para recuperar as perdas da véspera. No entanto, o dia promete ser marcado por volatilidade devido à expectativa com a reunião do Conselho de Administração da Petrobras.