Estados Unidos fecham pacote de estímulo de 2 trilhões – Proposta deverá ser aprovada pelo Congresso nesta quarta-feira
Após negociações que se estenderam pela madrugada, o governo americano e a oposição democrata fecharam um pacote de apoio à economia para combater os efeitos danosos do coronavírus sobre a demanda agregada. Os líderes da Casa Branca e do Senado de ambos os partidos concordaram com um pacote de ajuda financeira de 2 trilhões de dólares para ajudar trabalhadores, empresas e o sistema de saúde americano a sobreviver ao surto de coronavírus que ainda está se espalhando. O líder da maioria no Senado, Mitch McConnell, disse que a Câmara aprovará o projeto na quarta-feira.
É o maior pacote de ajuda da história. As medidas enviarão dinheiro diretamente a todos os cidadãos americanos, aumentarão os benefícios pagos aos beneficiados pelo seguro-desemprego e tornarão disponíveis 367 bilhões de dólares para pequenas empresas, além de uma verba equivalente para suportar iniciativas de governos estaduais e municipais para conter o vírus e manter a economia funcionando.
O pacote vem em um momento de aceleração da epidemia nos Estados Unidos. Na terça-feira (23), a cidade de Nova York anunciou ter 25 mil infectados. Andrew Cuomo, governador do estado, afirmou que o número de infectados ainda está longe de se estabilizar. A Organização Mundial da Saúde alertou terça-feira que os Estados Unidos poderiam se tornar o próximo “epicentro” da pandemia do Covid-19. Mais de 55.000 americanos testaram positivo e mais de 800 morreram da doença, de acordo com a Universidade Johns Hopkins.
Apesar de o pacote de ajuda americano ser uma boa notícia, os mercados acionários internacionais estão começando o dia no terreno negativo. No início da manhã, os contratos futuros de S&P 500 estavam em queda de 0,72 por cento, após terem recuado até 1,85 por cento. Os contratos futuros de Ibovespa recuavam 0,54 por cento.
É difícil prever o comportamento dos mercados nesta quarta-feira. A lógica seria de uma baixa pontual, tanto pela realização dos lucros da véspera quanto pelo fato de o mercado ter “subido no boato” do pacote de ajuda americano e agora estar “caindo no fato”. No entanto, a turbulência do mercado futuro na manhã mostra que o pregão será marcado por uma forte volatilidade.
INDICADORES – Influenciada pela retração de 16,88 por cento no preço das passagens aéreas, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), que representa a prévia da inflação de março, registrou um aumento de preços de 0,02 por cento, o menor resultado para o mês desde o início do Plano Real, em julho de 1994.
O item passagens aéreas representou o maior impacto negativo, contribuindo com -0,11 ponto percentual no IPCA, divulgado na manhã desta quarta-feira (25) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No acumulado do ano, o IPCA-15 ficou em 0,95 por cento. Em 12 meses, o índice alcançou 3,67 por cento, abaixo dos 4,21 por cento registrados nos 12 meses imediatamente anteriores.
Além das passagens aéreas, que tiveram preços menores pelo terceiro mês consecutivo (-6,45 por cento, em janeiro, e -6,68 por cento, em fevereiro), as quedas nos combustíveis (-1,19 por cento), também influenciaram o resultado do grupo Transportes (-0,80 por cento). Este grupo, que tem o maior peso no consumo das famílias, apresentou a maior deflação no mês. No lado das altas, a maior contribuição positiva (0,11 ponto percentual) veio do grupo Saúde e Cuidados pessoais (0,84 por cento), cujo resultado refletiu o aumento de preços nos itens de higiene pessoal (2,36 por cento).
O IPCA-15 não foi o único indicador a ser divulgado pelo IBGE. O Instituto também divulgou que o volume de serviços no Brasil cresceu 0,6 por cento em janeiro, após dois meses seguidos de queda, de acordo com a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS). A alta foi puxada pelo setor de transportes, serviços auxiliares e correios, que avançou 2,8 por cento na passagem de dezembro para janeiro, recuperando a perda nos últimos dois meses de 2019. Em comparação com janeiro do ano passado, o volume de serviços cresceu 1,8 por cento, alcançando a quinta taxa positiva consecutiva. Já no acumulado dos últimos 12 meses, o avanço foi de 1 por cento.
Quatro das cinco atividades investigadas na pesquisa tiveram resultado positivo. Além do setor de transportes, tiveram altas outros serviços (1,2 por cento), serviços prestados às famílias (0,7 por cento) e serviços profissionais administrativos e complementares (0,1 por cento). O único setor a apresentar queda no período foi o de informação e comunicação (-0,9 por cento).
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