O que é volatilidade? Fórmulas matemáticas à parte, a melhor definição é: volatilidade é incerteza ou ausência de consenso sobre as perspectivas para um determinado ativo.
Por exemplo, quando uma ampla maioria dos investidores acredita que a oferta de petróleo, ouro ou café vai aumentar, os preços caem.
Quando não há essa certeza, os preços costumam oscilar de maneira mais ampla, até que se forme um consenso ou que os agentes de mercado montem ou desmontem suas posições.
Nesse aspecto, o Ibovespa tem oscilado de maneira significativa nos últimos dias. A causa desse aumento na volatilidade da Bolsa brasileira é um aumento da percepção de risco por parte dos investidores.
Aparentemente, essa elevação do risco deve-se ao noticiário complicado, que inclui paralisações de caminhoneiros e declarações ásperas de ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) comentando ações do Executivo.
Essa volatilidade é justificável?
Momentos como esse representam uma das tarefas mais desafiadoras para profissionais de mercado como nós, da Levante Ideias de Investimentos.
Nosso trabalho é observar os fatos e filtrá-los, de modo a oferecer a você uma avaliação clara da situação.
Ou, dito de outra forma, diferenciar o que é informação e o que é ruído.
Distinguir os movimentos baseados em fundamentos daqueles causados pela ausência de certezas.
Vamos buscar, então, separar fatos de opiniões.
Os pronunciamentos de parlamentares de oposição e de ministros do STF devem ser considerados com uma taxa de desconto em relação a seu valor de face.
Por isso, quando a imprensa dedicada à política afirma que há “conversas” sobre um eventual impeachment do Presidente da República, isso está mais para ruído do que para fato.
Em política há “conversas” todos os dias, o dia todo. Em sua quase totalidade são apenas conversas, com pouca materialidade.
Onde está, então, o risco?
Em que essas conversas, mesmo sem substância, distraiam os parlamentares de seu trabalho, que é avaliar as propostas de reforma econômica e analisar o Orçamento, principal peça gerencial de qualquer governo.
A principal ameaça à economia brasileira atualmente é o risco de descontrole fiscal.
O melhor exemplo é a questão dos precatórios, dívidas judiciais que têm de ser pagas pelo Executivo. Discussões orçamentárias tão travadas em uma linguagem pouco compreensível, mas dá para traduzir.
No Orçamento de 2021, atualmente em execução, havia a previsão de que o Executivo teria de pagar cerca de R$ 40 bilhões em precatórios.
Essas dívidas são relativamente imprevisíveis, pois dependem das decisões do Judiciário. Por isso, são tratadas à parte no Orçamento.
Para 2022, a conta dos precatórios subiu para quase R$ 90 bilhões, o que deixaria o Executivo sem espaço de manobra no Orçamento, especialmente para o Auxílio Brasil, programa que substituiu o Bolsa Família.
Como a solução no Congresso estava difícil, o Executivo tentou uma negociação no Judiciário. As tratativas vinham correndo bem, até que os ânimos se azedaram devido às declarações dos últimos dias.
Ou seja, há riscos concretos de que os precatórios desequilibrem o Orçamento em 2022.
Mais do que duelos retóricos, essa fria realidade dos números representa um aumento do risco, que está sendo precificado na queda de quase 4% do Ibovespa na quarta-feira (08).
É difícil dizer se esse processo vai continuar ou se vai se dissipar naturalmente. Qualquer que seja o cenário, conte sempre com os analistas da Levante Ideias de Investimentos para ajudar você a diferenciar o que é fato e o que é ruído.
Indicadores
A inflação medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) teve alta de 0,87% em agosto, a maior para o mês desde o ano 2000.
Com isso, o indicador acumula altas de 5,67% no ano e de 9,68% nos últimos 12 meses, acima do registrado nos 12 meses imediatamente anteriores (8,99%).
Em agosto do ano passado, a variação mensal foi de 0,24%, informou o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
E Eu Com Isso?
Os contratos futuros de Ibovespa iniciam o dia com uma leve alta, reagindo à forte desvalorização da véspera.
No entanto, os contratos futuros do índice americano S&P 500 começam a quinta-feira com uma leve baixa.
Isso e a indefinição política deverão amplificar a volatilidade das ações.
As notícias são positivas para a Bolsa em um cenário de volatilidade.
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