Levante Ideias - Inflação

Energia e inflação

Na terça-feira (10), o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou uma inflação de 0,96% em julho e de 8,99% em 12 meses.

No acumulado de 2021, a alta de preços é de 4,76%, tudo medido pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo).

Além da alta do índice em si, um número é especialmente preocupante.

Segundo o IBGE, oito dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados tiveram alta em julho.

A maior variação (3,10%) e o maior impacto (0,48 ponto percentual) vieram do grupo Habitação com a alta de 7,88% na energia elétrica.

Vamos analisar os dados do IBGE um pouco mais a fundo.

Na ponta do lápis, o índice “cheio” indica uma inflação de praticamente 9% em 12 meses.

Isso é quase o dobro dos 5,25% da meta de inflação incluindo a tolerância, e quase o triplo da meta simples, que é de 3,75%.

Em si, uma notícia ruim.

No entanto, considerando-se apenas o subgrupo Habitação, a alta acumulada em 12 meses é de 11,2%. E analisando-se isoladamente o subgrupo Energia, a variação entre agosto de 2020 e julho de 2021 foi de 20,7%.

Não por acaso, a Ata da reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), também divulgada na terça-feira, chama uma atenção especial para os chamados preços monitorados. São aqueles de setores regulados, como o setor de energia, por exemplo.

A situação da eletricidade está particularmente difícil.

Apesar de a economia ainda estar relativamente desaquecida, o consumo vem crescendo, mas as chuvas estão atrasadas e vieram em quantidade menor do que o esperado.

Assim, os reservatórios estão com pouca capacidade e a geração de energia hidrelétrica diminui.

Para compensar a falta, é preciso recorrer à energia térmica, mais cara.

Isso eleva consistentemente e estruturalmente os gastos da economia como um todo, e pressiona os preços.

Não podemos nos esquecer que eletricidade cara não é apenas um problema na conta de luz das famílias.

Há setores inteiros de atividade que têm sua estrutura de custos pressionada.

Isso para não falar de combustíveis e do gás de cozinha.

Os preços estão tão elevados que algumas famílias de baixa renda retrocederam no tempo e voltaram a usar lenha para cozinhar o arroz com feijão do dia a dia.

Por tudo isso, avizinha-se um tempo em que o Banco Central terá de manter os juros elevados para conter a inflação, apesar de a alta de preços não ter um componente de demanda, mas ser provocada por uma elevação de custos específicos da economia.

E Eu Com Isso?

Apesar de um início negativo, os contratos futuros de Ibovespa e do índice americano S&P 500 indicam uma trajetória de alta. A divulgação de uma inflação no varejo de 0,5 por cento em julho nos Estados Unidos e de 0,3 por cento no núcleo de inflação, que não considera os preços dos alimentos e da energia, injetou ânimo no mercado.

As notícias são positivas para a Bolsa.

Este conteúdo faz parte da nossa Newsletter ‘E Eu Com Isso’.

e-eu-com-isso

Leia também: Inflação na mira do Copom.

 

O conteúdo foi útil para você? Compartilhe!

Recomendado para você

O investidor na sala de espera

Salas de espera podem ser muito relaxantes ou extremamente desconfortáveis. Pessoas ansiosas consideram aquele período de inatividade quase uma tortura. Quem precisa de um tempinho

Read More »

Ajudamos você a investir melhor, de forma simples​

Inscreva-se para receber as principais notícias do mercado financeiro pela manhã.