Empresa boa dá lucro
Até bem pouco tempo atrás, empresa boa era aquele que gerava lucro, que gerava caixa para o bolso do acionista. E ponto final. Agora surgiu uma nova lógica. Principalmente em startups focadas em inovação e tecnologia. Para essa nova geração, o principal objetivo é simplesmente crescer. Por trás dessas empresas, normalmente estão fundos de Venture Capital que investem bilhões de dólares. A empresa fica em uma sinuca e acaba pressionada pelos acionistas para crescer, mesmo que aquilo consuma caixa e o cliente novo não gere benefício para a companhia. Na minha opinião, a conta não fecha.
Isso me faz lembrar os tempos da faculdade de economia da USP.
Um dos melhores professores que eu tive na FEA lecionava uma disciplina chamada Formação Econômica Social do Brasil. Ele gostava de contar sobre o surgimento da expressão “para inglês ver”. Durante a fase colonial do Brasil, muitas vezes a cultura de cana precisava de empréstimos ingleses para continuar a operação. Só que muitas vezes o recurso era destinado para outros fins. Quando os investidores vinham verificar se o dinheiro estava sendo usado da forma correta e visitar as plantações, descobriam que os senhores das casas de engenho tinham plantado um mato bem parecido com a cana-de-açúcar.
Você não vê alguma semelhança entre os dois casos? No fim do dia, me passa a impressão que muitas startups torram dinheiro para crescer e atrair clientes, sem se preocupar em rentabilizar o negócio. E, no momento de prestar contas, exibem suas centenas de milhares de clientes e muitos planos – mas sem o bom e velho lucro. Quanto tempo um investidor consegue esperar?
A semana ainda continua meio de lado e sem direção definida, mas com expectativa quanto aos anúncios de bancos centrais ao redor do mundo. Amanhã, será a vez do BC europeu anunciar se haverá mais estímulos monetários no continente. Os investidores aguardam ansiosos.
A China, por sua vez, deve implementar medidas para reduzir os impactos da Guerra Comercial. Só os rumores a respeito dessas medidas já levaram as bolsas asiáticas a um movimento de alta.
Nos EUA, Trump segue pressionando o FED do seu jeito: pelo Twitter. O presidente afirmou, nas redes sociais, que a instituição deveria cortar os juros para zero ou menos e refinanciar a dívida nacional. Claro que foi um exagero, mas na próxima semana já temos a decisão do bancão (que em tese é independente) sobre seguir (ou não) no sentido de reduzir os juros americanos.
E Eu Com Isso?
O dia será positivo para os ativos no mercado local. O impulso com a postura da China frente à Guerra Comercial deve ajudar os mercados. Além disso, o dia é de alta para as commodities (minério de ferro e petróleo) e isso ajuda a impulsionar mercados exportadores emergentes como o nosso.