E Eu Com Isso? Semanal (de 07 a 11 de janeiro)

Semana de alegria nos mercados

A semana começou com uma notícia muito positiva aos mercados, já que o Fed anunciou que adotará um tom mais dovish (ameno), ou seja, com menos aumentos de juros daqui para frente. Mas nem isso foi o suficiente para a Bovespa subir, já que passamos a segunda (7) por desentendimentos entre o governo e o presidente Bolsonaro.

No entanto, a terça registrou um sentimento positivo no mercado internacional, principalmente pelas notícias positivas quanto às negociações entre EUA e China. Outro fator que impulsionou a alta da Bolsa no dia 8 foi a posse dos presidentes de empresas estatais, como dos presidentes da Caixa, do Banco do Brasil e do BNDES, todos com perfil técnico e focados em redução no tamanho das estatais.

Seguindo nesse ritmo, a quarta-feira (9) teve uma intensa alta, com a Bovespa alcançando um novo recorde após subir 1,72%. A proposta de uma Reforma da Previdência mais robusta pelo governo seguiu empolgando o mercado.

Na quinta (10), os dados negativos sobre a economia chinesa, cuja inflação desacelerou muito mais do que o previsto em dezembro, fizeram com que o dia fosse de grandes oscilações nos mercados globais, inclusive por aqui. Para contrabalancear, os sinais dos EUA foram mais tranquilizadores. A ata do Fed (Banco Central norte-americano) veio em um tom mais ameno de que as próximas altas da taxa de juros seguirão um ritmo mais lento.

A semana vai terminando com o mercado eufórico. Na sexta (11), as principais notícias foram o dado positivo da inflação medida pelo IPCA (fechou 2018 em 3,75%, abaixo da meta) e a aprovação por Bolsonaro do acordo entre Embraer e Boing.

E Eu Com Isso?

Com a exceção de segunda-feira (7), quando o Ibovespa caiu 0,15%, a Bolsa registrou uma semana positiva e de novos recordes. O ano de 2019 começou bem e promete ser de boas oportunidades para quem investe em ações.

Toffoli determina eleições secretas para Senado e Câmara

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, negou na quarta-feira (09) o pedido de eleições com voto aberto na Câmara dos Deputados e também derrubou liminar concedida pelo ministro Marco Aurélio Mello, que também determinava eleições abertas para o Senado. Dessa forma, as duas eleições marcadas para o início de fevereiro serão com votação secreta, conforme estabelece o regimento interno das casas legislativas.

E Eu Com Isso?

A votação secreta favorece as candidaturas e políticos tradicionais, visto que nenhum parlamentar será exposto à opinião pública se votar, por exemplo, em um Maia ou em um Renan Calheiros – estando protegido pelo sigilo. Não à toa, o pedido de votação aberta para a Câmara veio de um jovem deputado em busca de espaço: Kim Kataguiri, do DEM-SP.

Portanto, não vejo ônus no fato de a votação ser secreta na Câmara. Maia continua favorito, já tem apoio formal de 12 partidos (262 deputados, se todos votarem nele) e é pró-reformas. Dificilmente, veremos uma grande reviravolta em que deputados de siglas apoiadoras de Maia votem em outro candidato. No Senado, entretanto, a votação secreta pode ser prejudicial para o Planalto. Ela beneficia o candidato Renan Calheiros (MDB-AL), considerado adversário do Planalto e eventual obstáculo para a aprovação da agenda governamental. De qualquer forma, Renan já começou alinhar o discurso para tentar um apoio do governo atual para sua candidatura.

Bolsonaro rumo à maioria na Câmara

O governo Jair Bolsonaro terá, logo no início, uma base aliada consistente. Um estudo divulgado que se baseia na posição ideológica dos partidos classifica os deputados em três classes: oposição, apoio condicionado e apoio consistente. Na largada, Bolsonaro já tem, em teoria, apoio consistente de 255, apoio condicionado de 117 e oposição de 141 deputados. Até agora, apenas o PR declarou formalmente sua adesão ao governo. O PTB apoiou o presidente no segundo turno e o PRB afirmou que converge com Bolsonaro, mas não apoiará formalmente o governo.

E Eu Com Isso?

A notícia é positiva principalmente para a aprovação de pautas econômicas, que devem ter considerável adesão dos apoios condicionados. Entre os partidos que estão neste grupo, estão o MDB, o PSDB, o Novo, entre outros, que já sinalizaram concordar com as diretrizes liberais adotadas por Bolsonaro e Paulo Guedes. O apoio do PSL ao candidato à Presidência da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), reforça ainda mais a prioridade para a votação da agenda econômica.

Equipe de Bolsonaro já tem reforma quase pronta

Na tarde de terça-feira (08), os ministros Onyx Lorenzoni, da Casa Civil, e Paulo Guedes, da Economia, se reuniram para alinhar a proposta sobre a Reforma da Previdência que será apresentada ao presidente, Bolsonaro, na semana que vem. O projeto desenhado será mais duro que o previsto, visando corrigir as distorções da Previdência já para um longo prazo.

A ideia é enviar ao Congresso em fevereiro uma proposta única e robusta de reforma, incluindo a criação de um regime de capitalização para trabalhadores que ainda não entraram no mercado de trabalho. Foi descartada, portanto, a possibilidade de fatiamento da reforma.

E Eu Com Isso?

Os técnicos do governo estão determinados a resolver o problema da Previdência pelo menos para os próximos 20 anos. Guedes também optou por adotar uma linha mais dura que a prevista, diminuindo o tempo de transição e já propondo o regime de capitalização. Para os investidores, a reforma desenhada é extremamente positiva. Resta saber, no entanto, se Bolsonaro irá aceitar a proposta completa ou se irá sugerir alterações no texto. Ainda, é necessário calcular a aceitação do Congresso sobre uma proposta mais dura – obviamente considerada mais impopular.

Embraer (EMBR3) – Bolsonaro não veta acordo com Boeing

Depois de muita expectativa, a fusão entre a Embraer e a norte americana Boeing não foi vetada por Bolsonaro, ou seja: na prática, isso representa o aval do presidente para a operação. As tensões aumentaram na última sexta-feira (04) depois que o presidente disse que estava preocupado com a parceria – a posição fez que as ações da Embraer caírem mais de 5 por cento no dia.

E Eu Com Isso?

As ações da Embraer (EMBR3) sofreram nesse começo de 2019 e acumulam queda de mais de 3 por cento, bem diferente das estatais, que tiveram excelente começo de ano, e também do índice Ibovespa, que acumula alta de 6,7 por cento. Hoje, esperamos um impacto positivo no preço: as ações da companhia negociadas nos EUA (ADRs) fecharam em forte alta de 4,5 por cento.

Com a aprovação do presidente, a operação agora passará para aprovação da própria companhia, fato que deve ocorrer sem grandes surpresas. Ainda mais com a provável distribuição de dividendos extraordinários no valor entre 1,6 e 1,7 bilhão de dólares aos seus acionistas.

A primeira etapa do acordo é apenas na aviação comercial, com produção de aviões de 50 a 150 passageiros. Uma provável segunda parceria envolve a produção de um cargueiro de uso militar (KC- 390). Os ganhos de sinergia de custos na operação são estimados em 150 milhões por ano.

Para a Boeing, é um ótimo negócio, visto que a empresa entrará no negócio de aviões até 150 passageiros, seja via a parceria com a Embraer ou de outra forma. Para a Embraer, também é um ótimo negócio, visto que a empresa ganhará uma visibilidade internacional com um grande nome de peso e evitará que a Boeing vire sua concorrente.

Petrobras (PETR3 e PETR4) – Cessão Onerosa

Na segunda (7) foi divulgado que o Governo Federal deveria pagar 14 bilhões de dólares à Petrobras, referentes à revisão do contrato de Cessão Onerosa do pré-sal. O valor de cerca de 52 bilhões de reais (segundo câmbio atual) foi informado ao novo governo por autoridades que pertenciam à gestão Michel Temer ainda durante a transição.

E Eu Com Isso?

A notícia foi positiva para a Petrobras e fez as ações preferencias da petroleira (PETR4) fechassem em alta de 1,58 por cento e as ordinárias (PETR3) com valorização de 3,2 por cento na segunda-feira. No entanto, o ministério negou o pagamento e a notícia, fato que deve provocar um ajuste para baixo nas ações da companhia.

Mesmo com as idas e vindas, algo que vemos com muita naturalidade, o desenrolar da questão poderá acontecer antes do esperado. O ministro das Minas e Energia, Bento de Albuquerque, havia afirmado que a decisão da Cessão Onerosa sairia em até 100 dias.

A revisão dos contratos de seis campos de petróleo do pré-sal é um dos principais catalisadores para a Petrobras e irá contribuir para a redução do endividamento da empresa.

Levante Ideias - Análise de dados

B3 (B3SA3) – Dados operacionais de dezembro de 2018

A B3 divulgou na quinta-feira (10), após o fechamento dos mercados, o resultado operacional referente ao último mês de 2018.

Os números vieram fortes, com destaque positivo para o volume de 14,6 bilhões de reais no segmento Bovespa, um crescimento de 50,3 por cento em relação a dezembro de 2017. No segmento BMF, o resultado foi bastante positivo, com crescimento de 11,4 por cento no volume e aumento de 14,5 por cento na receita média por contratos.

E Eu Com Isso?

Esperamos impacto positivo no preço das ações da B3 (B3SA3) no curto prazo. O volume negociado na Bovespa foi forte e totalizou 15,7 bilhões de reais de outubro a dezembro, crescimento de 44,6 por cento em relação a 2017, o que indica que o resultado do quarto trimestre será bom. Ou seja, com um maior volume de negócios, maior será a receita da B3.

Com os números de dezembro, o volume médio negociado foi de 12,3 bilhões de reais no ano, isso representar um forte crescimento de 41,1 por cento em relação a 2017. O aumento do volume negociado (da média de 2017 de 8,7 bilhões para 12,3 bilhões de reais em 2018) é geração de resultado para a B3, já que atualmente a Bovespa representa cerca de 25 por cento da receita líquida da B3.

Banco do Brasil (BBAS3) – abertura de capital da gestora de recursos

O Banco do Brasil poderá abrir o capital da sua gestora de recursos (BB DTVM), com venda de participação parcial no capital ou parceria.

No seu discurso de posse na segunda-feira (7), o novo presidente do Banco do Brasil, Rubem Novaes, afirmou que o banco pretende vender os ativos que não têm sinergia com os negócios, mas que irá abrir o capital ou fazer parcerias com as suas subsidiárias, na mesma linha do discurso do também recém empossado presidente da Caixa Econômica Federal (CEF).

E Eu Com Isso?

O panorama que tem se construído é positivo para as ações do Banco do Brasil no curto prazo. Agora, com a venda da gestora, o BB pode levantar muito dinheiro para o governo, além de melhorar a própria eficiência do banco.

O discurso do novo presidente do BB, mais um da escola de Chicago, está alinhado com o discurso do superministro da economia, Paulo Guedes, sobre diminuir o tamanho do Estado e melhorar a eficiência das empresas estatais.

A busca por um banco mais lucrativo e também maximização do valor é positiva para os acionistas. Dessa forma, o principal objetivo é fazer com que os principais indicadores do Banco do Brasil em termos de rentabilidade e eficiência não fiquem mais tão distantes dos bancos privados (Santander, Bradesco e Itaú).

O novo comando do banco deverá buscar melhoria de eficiência, crescimento do crédito com controle de risco e aumento da rentabilidade sobre o patrimônio líquido (ROE).

A gestora de recursos do BB é a maior do país, com 948 bilhões de reais sob gestão. O segundo lugar fica com a gestora do banco Itaú, com 700 bilhões de reais e o terceiro lugar com o Bradesco, com 594 bilhões de reais.

CVC (CVCB3) – resultado operacional

A CVC divulgou bom resultado operacional no quarto trimestre de 2018, com volume de reservas de 3,5 bilhões de reais, crescimento de 17 por cento em relação ao mesmo período de 2017. No ano de 2018, as reservas confirmadas acumularam 13,3 bilhões de reais, aumento de 12 por cento em relação ao ano de 2017.

O destaque positivo ficou com o desempenho do canal online de vendas, ou seja, da CVC Online e da Submarino Viagens, com forte aumento no número de reservas. Já no campo negativo, as reservas vieram abaixo do esperado.

E Eu Com Isso?

O resultado operacional da CVC foi regular e esperamos um leve impacto positivo no preço das ações (CVCB3) no curto prazo.

Depois de um primeiro semestre de resultados afetados pela greve dos caminhoneiros em maio, Copa do Mundo e também por uma volatilidade no câmbio, os resultados do segundo semestre do ano têm se mostrado mais consistentes.

Mesmo num cenário de incerteza econômica, como foi o do país até a definição do novo presidente em novembro, com poder de compra e confiança do consumidor represados, a CVC se destaca pela qualidade de execução, desempenho das vendas on-line e bom retorno sobre o capital.

A CVC acaba mostrando bons resultados em cenários adversos, ou seja, se o eólar cair, o turista vai para Miami; já se o dólar subir, o turista viaja para destinos dentro do país.

Apenas fuja

A caderneta de poupança teve captação líquida de 14,6 bilhões de reais em dezembro. Os depósitos superaram os saques em 38,2 bilhões de reais em 2018. Dessa forma, os investimentos líquidos na poupança representaram mais do que o dobro visto em 2017 – quando os depósitos superaram os saques em 17 bilhões de reais.

E Eu Com Isso?

Os dados da poupança podem ser vistos apenas de uma forma sob uma perspectiva boa: tem o seu destino para o crédito imobiliário e rural. Mas, ainda assim, não deve ser considerada como uma opção de investimento para você de forma alguma.

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