Do otimismo ao pessimismo
O resultado da reunião do G20 no final de semana passado foi dos melhores: EUA e China anunciaram uma trégua na Guerra Comercial. A China concordou em reduzir e retirar tarifas de carros importados dos EUA, e Rússia e Arábia Saudita ampliaram acordo para controlar os preços do petróleo. Por isso, as bolsas asiáticas encerraram a segunda-feira (03) em forte alta. No Brasil, renovamos a máxima histórica no Ibovespa no dia 3, mas a forte alta do início do dia terminou em apenas um leve crescimento.
A terça (04), no entanto, teve os mercados globais (inclusive o Brasil) em queda com o aumento da tensão da Guerra Comercial (principalmente por conta dos tweets de Donald Trump nada animadores novamente).
Por conta do feriado nos EUA, a quarta (05) foi um dia mais tranquilo e com liquidez reduzida pelo mundo. O feriado é devido à morte de Bush pai semana passada – nos EUA há a tradição fechar os mercados por lá durante um dia quando um ex-presidente morre. A notícia negativa por aqui foi o adiamento da Cessão Onerosa e da Reforma da Previdência, que devem ficar mesmo só para 2019 – esta última pode vir de forma gradual, não atendendo à todas as expectativas.
Na quinta (06), as tensões comerciais ficaram em alta antes da reunião dos países integrantes da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), fato que esteve no radar de investidores do mundo todo na semana.
Após mais uma semana de tensão nos mercados, as bolsas asiáticas e europeias começaram a recuperar o fôlego na sexta (07). Mas na terra do Tio Sam, o clima é de ainda mais cautela. Todos seguem no aguardo da divulgação dos dados de emprego e de mais informações sobre a reunião dos países produtores de petróleo.
Já por aqui, segue a perspectiva de um bom ano 2019. O Fundo Verde, do renomado gestor Luis Stuhlberger, está aumentando as suas posições em Bolsa para aproveitar o momento. Além disso, a onda de IPO’s para 2019 promete agitar e muito os mercados. Para dar um gostinho do que será a onda de 2019, teremos um último IPO em dezembro, do Banco BMG.
Outra notícia importante da sexta (07) foi a divulgação da inflação de novembro, que mostrou uma retração nos preços maior do que o esperado, fato que mostra que a inflação está sob controle.
E Eu Com Isso?
Mais uma vez o cenário externo dominou as notícias e as preocupações dos investidores no mundo todo, principalmente com relação à Guerra Comercial entre EUA e China e à reunião da Opep. Por aqui, o adiamento da Cessão Onerosa e as notícias sobre a Reforma da Previdência desanimaram o mercado, por isso a semana acabou sendo mais negativa, inclusive com o dólar em alta.
Novo banco na área
O último IPO do ano promete movimentar os mercados em dezembro, tanto para os investidores locais como para os internacionais.
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Cessão Onerosa adiada, Previdência fatiada e Reforma Trabalhista aprofundada
A quarta-feira (05) começou com notícias importantes no cenário político: declarações de Jair Bolsonaro repercutiram no que se refere às Reformas da Previdência e Trabalhista. Com relação à primeira, o presidente eleito afirmou que pretende enviar uma proposta fatiada ao Congresso, começando pela alteração da idade mínima para aposentadoria. Já sobre a segunda, defendeu um aprofundamento da Reforma Trabalhista com enfoque em medidas mais favoráveis aos empregadores para estimular novas contratações.
Na terça-feira pela noite foi noticiado que os ministros Eduardo Guardia e Paulo Guedes concordaram em adiar para 2019 o projeto de revisão da Cessão Onerosa da Petrobras. A ideia de Guedes é retomar a pauta no início do ano que vem, junto com outras medidas econômicas.
E Eu Com Isso?
A notícia mais negativa é o adiamento da Cessão Onerosa, que frustra as expectativas criadas nas últimas semanas de que se aprovaria o projeto de lei ainda neste ano. O tema da Previdência ainda causa incômodo pela difícil articulação no Congresso, mas fatiar o projeto pode facilitar sua tramitação e consequente aprovação. Pode também, no entanto, significar mais demora na aprovação de um projeto efetivo. De qualquer forma, é visível que Bolsonaro vem concentrando esforços com líderes partidários para dialogar sobre a urgência do tema. Por fim, o aprofundamento da Reforma Trabalhista pode ser vista com bons olhos pelo mercado, já que deve focar no incentivo à criação de empregos e “defender” melhor o lado do empregador.
Bolsonaro reitera urgência da reforma previdenciária
Um dia após admitir a possibilidade de fatiar a Reforma da Previdência, o presidente eleito Jair Bolsonaro tentou amenizar a eventual demora para votar e aprovar a medida. Afirmou que irá votar a Reforma da Previdência o mais rápido possível e dentro dos primeiros seis meses de mandato. Inclusive, admitiu que se a reforma “der errado, não só eu vou afundar”, denotando a importância do projeto para tornar saudável a situação fiscal do país. Questionado também se a prioridade recai sobre a reforma ou as privatizações, o novo presidente disse que “a ordem dos fatores não altera o produto”.
E Eu Com Isso?
A possibilidade de fatiar a aprovação da reforma repercutiu negativamente para especialistas, uma vez que o projeto fica mais vulnerável ao fracasso e tende a demorar mais. Por outro lado, os mais otimistas acreditam que essa possa ser uma boa estratégia para alcançar o objetivo da reforma ideal. De qualquer maneira, Bolsonaro vem dando extrema prioridade para o tema e para a articulação no Congresso. O presidente, assim que o recesso parlamentar terminar, promoverá o tema para discussão como foco inicial na idade mínima.
G20 – Acordo entre EUA e China impacta setor de commodities
Os EUA e a China anunciaram em meio às reuniões do G20 uma trégua na Guerra Comercial que travavam desde o começo do ano. Tal problema acabou até então reduzindo os ânimos dos mercados e afetando a economia, principalmente do país asiático. A trégua anunciada traz consigo uma nova injeção de ânimo aos mercados. O G20 também serviu para firmar um acordo entre Rússia e Arábia Saudita, que também é muito benéfico, principalmente para o preço do petróleo.
Nesta conjuntura, os setores de ações ligadas às commodities são os que mais se beneficiam, com destaque para o setor de mineração, siderurgia e petróleo, que terão um ótimo pregão.
E Eu Com Isso?
do começo da semana foi positivo para as ações como Vale (VALE3), Petrobras (PETR3 e PETR4) e também para as ações do setor de siderurgia como a Gerdau (GGBR4), Usiminas (USIM3 e USIM5) e CSN (CSNA3).
O mercado chinês se mostrava muito preocupado com a questão da Guerra Comercial com os EUA, que tem prejudicado a demanda por lá. Muitos setores sofreram, no entanto, um dos principais destaques negativos ficava por conta do minério de ferro, um combustível para economia chinesa ao passo que também serve como um termômetro para o nível de economia da China.
Na mesma esteira, o setor de siderurgia acabou sofrendo até mais que o de minério de ferro, principalmente em um ambiente com grandes preocupações com o excesso de oferta e também pela queda da lucratividade das usinas chinesas.
Notredame Intermédica (GNDI3) – Oferta de ações
A Intermédica irá realizar uma nova oferta pública de ações (follow-on) e, com isso, levantará 312 milhões de reais. O valor definido pelo processo de Bookbuilding (conforme a demanda) foi de 26 reais, pouco inferior ao fechamento do mercado de ontem, que foi de 27,29. Além disso, a companhia irá realizar uma oferta secundária para a saída de um fundo que detinha uma grande participação no valor de 2,4 bilhões de reais. O valor total da operação será de 2,7 bilhões.
E Eu Com Isso?
Dois fatores são negativos na operação: primeiro, o valor ter sido um pouco abaixo do valor de mercado; segundo, chama muita a atenção a saída de um acionista grande da companhia, que nunca é uma boa sinalização. Com isso, esperamos impacto negativo no preço das ações (GNDI3) no curto prazo.
Mas a oferta também é marcada por pontos positivos: o excesso de demanda pelas ações foi de um terço e os lotes adicionais também foram colocados. A oferta subsequente de ações também aumentará a quantidade de ações em circulação (free float) e aumentar a liquidez das ações.
As ações começarão a ser negociadas amanhã na Bolsa e a data de liquidação ocorrerá na próxima terça-feira (11).
Com o valor levantado, a companhia busca gerar recursos para continuar com o forte plano de crescimento via aquisições.
O aumento de capital não pegou o mercado de surpresa nas últimas semanas, pois a empresa realizou recentemente uma aquisição bastante relevante: a operadora de planos de saúde Greenline, por 1,2 bilhão de reais. Com isso, o endividamento da companhia aumentou para uma relação líquida/Ebitda superior a 1,0 vez em setembro de 2018, ajustado pela aquisição.
Com o caixa recomposto, a Intermédica recupera o seu poder para realizar mais aquisições para suportar a sua estratégia de crescimento verticalizado das suas operações no setor de saúde.
Petrobras (PETR3 e PETR4) – Planejamento estratégico 2019-2023
O Conselho de Administração da Petrobras aprovou o planejamento estratégico da companhia para o período de 2019 a 2023 na quarta-feira (5).
Os principais destaques do plano ficam por conta do investimento total previsto, que será de 84,1 bilhões de dólares entre os anos de 2019 a 2023. A venda de ativos deverá totalizar 26,9 bilhões de dólares em 5 anos. Além disso, foi feita a definição do nível máximo de endividamento.
O crescimento médio anual da produção de petróleo será de 5% ao ano no período.
E Eu Com Isso?
O mercado reagiu de forma discreta ao novo planejamento estratégico da Petrobras, com alta das ações (PETR4) de 0,87 ontem.
As metas apresentadas pela Petrobras são bem factíveis, especialmente em relação à redução do endividamento, cuja relação dívida líquida/Ebitda era de 3,0x em setembro de 2018. O objetivo é que esse alcance 1,5 x em 2020 (em 2015 essa relação chegou a 5,1x).
O crescimento da produção de petróleo e a venda de ativos vão dar suporte para a geração de caixa (Ebitda) e a consequente redução do endividamento proposto pela companhia. Desde 2015, a Petrobras conseguiu reduzir o seu endividamento líquido de 106 bilhões de dólares para 73 bilhões de dólares em setembro de 2018, redução expressiva de 31 por cento.
Os principais catalisadores do preço das ações da Petrobras no curto prazo ficam por conta do adiamento da votação da Cessão Onerosa no Senado Federal e os preços internacionais de petróleo.
O encontro mundial dos produtores de petróleo é muito importante e deve ser monitorado para saber se os grandes produtores mundiais, especialmente Rússia e Arábia Saudita, irão reduzir efetivamente o volume de produção e controlar o excesso de oferta que derrubou o preço do petróleo em novembro (queda de 22 por cento no barril do tipo Brent).
Vale (VALE3) – Planos para os próximos anos
A Vale fez nos EUA um encontro com os principais acionistas da companhia. O objetivo do encontro foi falar sobre quais serão os próximos passos e como a companhia continuará a gerar valor no longo prazo.
O foco da companhia terá três pilares básicos de atuação: o primeiro consistirá em reestruturar o negócio de metais básicos, o segundo é aprimorar ainda mais a área de minério de ferro, e por último (e também muito importante) uma remuneração mais agressiva para os acionistas.
E Eu Com Isso?
A notícia é positiva para as ações da Vale (VALE3) no médio e longo prazo.
O presidente da companhia, Fábio Schvartsman, tem feito um ótimo trabalho e posicionando a companhia para o futuro.
Na esteira, a Vale anunciou ontem (04) um acordo com a mineradora Glencore, fato que permitirá a operação conjunta de níquel e cobre em uma área de fronteira entre a operação da Vale e da própria Glencore. Caso o acordo não tivesse acontecido, a área da divisa entre as duas plantas não poderia ser explorada – o que seria ruim para ambas companhias.
A cada dia que se passa a Vale tem mostrado um grande interesse na extração de níquel, que será um dos principais itens utilizados nas baterias dos carros elétricos e híbridos, por isso é considerado muito valioso. Estimamos que com as expansões planejadas, a Vale deterá mais 40 por cento da produção futura do metal.
Para o minério de ferro, a companhia segue na busca para melhorar ainda mais a qualidade do minério de ferro produzido – que já é um grande diferencial da mineradora brasileira. Atualmente, 81 por cento da produção é considerada premium; em 2022, esse número deve alcançar 95 por cento. A demanda por um minério de maior qualidade vem aumentando no mundo, principalmente na China.
Uma remuneração mais agressiva para os acionistas, na prática, é uma ação mais valorizada e uma maior quantidade de dividendos – ambos fatores que são buscados por acionistas de valor.
Um Juiz federal da 24ª Vara de São Paulo suspendeu a fusão da Embraer com a Boeing através de uma decisão liminar divulgada ontem (06). A decisão determina que a operação não poderá ser feita, no entanto, as negociações poderão continuar.
Na decisão, o juiz argumenta que o presidente eleito deverá estar ciente da operação. Jair Bolsonaro já afirmou que está de acordo com a nova empresa entre a Embraer e a Boeing.
E Eu Com Isso?
A notícia foi negativa para as ações da Embraer (EMBR3) no curto prazo. As ações chegaram a cair quase 3 por cento durante o pregão e fecharam em queda de 2,3 por cento. No entanto, apesar da manchete negativa, a medida não acabará com a operação, apenas mais um entrave jurídico que atrapalhará o tempo para a conclusão, ainda mais pelo fato de o presidente, Jair Bolsonaro, ser a favor da parceria.
Os entraves jurídicos que devem começar a ocorrer devem aumentar a volatilidade dos papéis até a efetivação da operação.
A Embraer e a Boeing já estão em negociação de uma segunda Joint Venture: agora a parceria será para avião militar de carga.
A operação, depois de ser anunciada oficialmente, deve ser aprovada pelo Governo Federal e também pelos acionistas da Embraer, fato que só deve ser concluído durante o primeiro trimestre de 2019.
Afinal, a operação é boa para todos. Para a Boeing é um ótimo negócio, visto que a empresa entrará no negócio de aviões até 150 passageiros já com uma estrutura e uma expertise no segmento. Para a Embraer também é um ótimo negócio, visto que a empresa ganhará uma visibilidade internacional com um grande nome de peso que é o da Boeing e evitará que a própria Boeing vire sua concorrente.
Isa Cteep (TRPL4) – pagamento de dividendos e JCP
A Isa Cteep anunciou pagamento de dividendos e de juros sobre o capital próprio no valor de 1,2 bilhão de reais, dos quais 633 milhões em dividendos (3,84 por ação) e 592 milhões (3,59 por ação) em juros sobre o capital próprio (JCP).
As ações serão negociadas “ex-dividendos” a partir do dia 7 de dezembro, próxima sexta-feira. Já o pagamento dos valores ocorrerá em 17 de dezembro de 2018.
E Eu Com Isso?
A notícia é positiva para a Isa Cteep, pois o retorno em dividendos total (dividendos e JCP) é de 9,5 por cento. Com isso, esperamos impacto positivo no preço das ações (TRPL4) no curto prazo.
O retorno total em dividendos/JCP totaliza 16,9 por cento em 2018, muito acima da taxa de juros (Selic) no período.
A Isa Cteep é uma empresa tradicional pagadora de dividendos, pois possui receitas bastante previsíveis ao atuar no segmento de transmissão de energia elétrica. A empresa continua com baixo nível de endividamento, com relação dívida líquida/Ebitda de apenas 1,0 x em setembro de 2018 – bem abaixo do limite de endividamento de 3,0x.
Venda de veículos sobe em novembro
O Brasil registrou a venda de 230,9 mil veículos novos em novembro, um crescimento de 13,1 por cento na comparação com o mesmo mês do ano passado. Já no acumulado de janeiro a novembro de 2018, as vendas atingiram 2,3 milhões de carros, um aumento de 15 por cento em relação ao mesmo período de 2017.
A Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos) divulgou nova projeção de crescimento de vendas de veículos em 2018 e espera um crescimento de 13,7 por cento em relação ao ano anterior.
E Eu Com Isso?
As vendas confirmaram o bom desempenho das vendas de automóveis e comerciais leves no acumulado de 2018, com crescimento da ordem de 15 por cento.
A notícia é positiva para as ações do setor automotivo, com impacto direto para Metal Leve (LEVE3), Tegma (TGMA3), Randon (RAPT4), Iochpe-Maxion (MYPK4) e Tupy (TUPY3), empresas small caps que se beneficiam da recuperação econômica no mercado doméstico.
Outro destaque positivo ficou por conta do forte crescimento das vendas de caminhões, que foi de 50 por cento no acumulado de 2018.
A grande questão do setor é saber qual será o tamanho do mercado de vendas de veículos, que atingiu o seu ápice em 2012 com 3,8 milhões (o recorde anterior era de 3 milhões de veículos em 2009). Em 2018, as vendas de veículos devem superar a marca de 2,5 milhões.
O crescimento econômico, a melhora do nível de emprego e a confiança do consumidor são os principais catalisadores para o crescimento das vendas de veículos no futuro.