2019 começou com otimismo no Brasil e cautela lá fora
A virada de ano não foi o suficiente para dar um novo fôlego aos mercados internacionais. Os receios com a desaceleração global (em especial para a China, que já está sentindo possíveis efeitos da Guerra Comercial com os EUA) e a nova queda do petróleo fizeram com que os principais índices ao redor do mundo caíssem na quarta-feira (02).
Já por aqui, o cenário foi bem diferente. No dia 1º, acompanhamos a posse do novo presidente, Jair Bolsonaro, que manteve o discurso visto na campanha. Em suas falas, a promessa de realizar reformas estruturantes, defender o livre mercado e a família brasileira foram os principais destaques.
Na quarta (02), o destaque foi fala de Paulo Guedes, ministro da Economia, reforçando o que foi dito na campanha com viés mais liberal e a favor de reformas, o que deixou o mercado animado com o futuro da economia.
Na quinta (03), a gigante americana produtora de iPhone anunciou uma previsão de receita menor, o que não acontecia nos últimos 20 anos. A redução da previsão da empresa ocorre devido a uma demanda mais fraca da China. Os primeiros sinais negativos da Guerra Comercial começam a aparecer no ano.
A sexta (04), no entanto, o clima mais otimista foi renovado. As perspectivas de acordo entre EUA e China devido a uma conversa entre ministros na próxima semana e a lei que foi passada na Câmara norte-americana, que pode encerrar paralisação do governo (shutdown), animaram os investidores. Por aqui, Bolsonaro tenta passar uma Reforma da Previdência mais suave. A sua proposta pretende reduzir a idade mínima para aposentadoria e quer aproveitar a reforma iniciada por Temer. O seu foco está na aprovação na Câmara e no Senado.
E Eu Com Isso?
O ano de 2019 começou com muito otimismo no mercado brasileiro após a posse de Jair Bolsonaro e seus ministros, principalmente o da Economia, Paulo Guedes. Nos dois primeiros pregões do ano, o Ibovespa bateu duas vezes seguidas o recorde histórico. No entanto, a continuidade da Guerra Comercial entre EUA e China e a crise interna dos norte-americanos é motivo para os investidores manterem a cautela.
Dia de renovação
No dia 1 acompanhamos a posse (cheia de quebras de protocolos) do novo presidente, Jair Bolsonaro. Além de toda a cerimônia, as mais de 100 mil pessoas que estavam em Brasília para acompanhar o evento queriam ouvir as propostas para o país nestes quatro anos de governo. Durante a sua fala no plenário da Câmara, os nove minutos foram mais contidos e seguindo todo o seu discurso da campanha, passando por tópicos como ajuste fiscal, liberalismo econômico e valorização da família.
Já o segundo discurso, no parlatório do Planalto, foi diferente e direcionado ao público que o esperava: mais emocionado, Bolsonaro fez promessas de combate à corrupção, combate ao socialismo e ataque à ideologias.
E Eu Com Isso?
Bolsonaro reafirmou o que tinha falado enquanto candidato. As quebras de protocolo, como o filho Carlos Bolsonaro no capô do carro, a bandeira nacional estendida ao lado do vice, Hamilton Mourão, e o discurso em libras da primeira-dama, Michelle, deram o tom de mudança que veremos a partir de agora.
A oposição e até mesmo o ex-presidente, Fernando Henrique Cardoso, não estavam presentes e, infelizmente, demonstraram a falta de consciência de que vivemos em uma democracia. Além disso, os principais jornais internacionais destacaram a virada do país à direita.
Pente fino
Na primeira reunião entre Jair Bolsonaro, o vice-presidente e os seus 22 ministros foi determinado que seja feita uma revisão pasta por pasta das movimentações financeiras e contratos assinados nos últimos 30 dias – em especial, nos últimos 15 dias. A necessidade de tal pente fino é devido às movimentações atípicas de recursos destinados aos ministérios.
E Eu Com Isso?
Os ministros apresentarão um relatório com o fluxo de contratações, demissões (de funcionários públicos comissionados) e movimentações financeiras.
Além disso, a intenção do novo governo é avaliar a aderência das últimas iniciativas realizadas nos atos normativos e medidas do governo Temer e se estão em linha com os compromissos do governo Bolsonaro. A medida pode resultar em revogações de medidas decretadas por Temer.
Por isso, vejo como uma boa iniciativa do governo em reavaliar gastos, cargos e últimas medidas. Era esperada maior diretriz dos passos daqui para frente, mas, ainda assim, acredito que seja interessante essa revisão para início de mandato com o pé direito.
Corrida pela presidência do Congresso
O presidente do PSL (partido do presidente, Jair Bolsonaro), Luciano Bolivar, disse que a bancada fechou apoio à reeleição de Rodrigo Maia (DEM-RJ) para a presidência da Câmara.
Com o apoio da bancada do PSL, que elegeu mais de 50 deputados em outubro, Maia praticamente se torna favorito para a disputa em fevereiro. Além disso, conta com o apoio do Centrão.
E Eu Com Isso?
Após a divulgação da notícia, o mercado ficou eufórico no dia 2. Isso porque Rodrigo Maia levará para frente a agenda econômica liberal e também seria uma pessoa chave para a votação da Reforma da Previdência no Congresso – pauta que já está em discussão com Paulo Guedes, ministro da economia.
Em troca, Maia prometeu ao partido o comando de duas comissões importantes: a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) e Finanças, além da segunda vice-presidência da Mesa Diretora.
Outro fator positivo é que o governo consegue focar na eleição para o Senado, onde o PSL ainda não tem a força necessária. Todos seguem de olho nos próximos passos para a eleição do presidente do Senado.
Estatais no foco – Eletrobras, Sabesp e Petrobras
No primeiro dia do governo de Jair Bolsonaro e com a posse dos seus ministros (destaque para o da Economia, Paulo Guedes), foram dadas uma série de declarações favoráveis às privatizações de empresas estatais.
O ponto de maior destaque fica por conta do novo ministro das Minas e Energia, Bento Albuquerque, que declarou que o processo de capitalização da companhia irá continuar. “Previsibilidade, estabilidade regulatória e jurídica e governança, esses três conceitos serão compromissos e instrumento de nossa gestão”. Já o atual presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira, aceitou convite e permanecerá no comando da estatal de energia.
Para a estatal de petróleo, a Petrobras, o destaque fica com a posse do novo presidente, Roberto Castello Branco, que ocorrerá hoje.
As novidades não vêm apenas das estatais federais, mas também das estaduais. O novo secretário da Fazenda do Governo de São Paulo, Henrique Meirelles, posicionou que o novo governo Doria está estudando a privatização da Sabesp ou ao menos a venda de uma parcela da participação do governo.
E Eu Com Isso?
As notícias das privatizações tiveram impacto muito positivo no preço das ações das empresas estatais no primeiro dia de negociação da Bolsa em 2019. A maior alta do índice ficou com as ações da Eletrobras (ELET3), com valorização de 20,72 por cento no dia 02 de janeiro.
Na mesma esteira, as ações da Sabesp (SBSP3) fecharam com valorização de 9,1 por cento no primeiro pregão do ano.
As ações da Petrobras tiveram alta de 6,1 por cento. Além do reflexo político, os papéis também se valorizaram em função da alta dos preços do petróleo.
Nesse ambiente político mais positivo, todos as estatais se beneficiaram. Outra empresa que merece destaque é o Banco do Brasil (BBAS3), cujas ações fecharam em alta de 4,5 por cento.
Todas as ações citadas tiveram altas bem superiores à valorização do Ibovespa no dia 02, que foi de 3,56 por cento.
O mercado gostou do discurso do novo governo, com postura favorável à redução do tamanho do Estado na economia e mais amigável ao setor privada. Com isso, o valor de mercado das empresas estatais teve aumento de 32,5 bilhões de reais no primeiro dia do governo de Jair Bolsonaro.
Acreditamos que as ações das empresas estatais, o chamado ‘Kit Brasil’ (formado por Eletrobras, Banco do Brasil e Petrobras) deverão ter bom desempenho em 2019 com a capitalização das empresas e a possível privatização das estatais (inclusive Sabesp em SP e até mesmo Cemig e Copasa no Estado de Minas Gerais).
Petrobras (PETR3 e PETR4) – Posse do novo presidente
Nesta quinta-feira (3), tomou posse o novo presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco. Em seu discurso, o novo presidente reiterou as prioridades da nova administração da empresa com a venda de ativos, redução do nível de endividamento, aumento da produtividade, meritocracia, segurança e proteção do meio ambiente.
O foco da Petrobras será a exploração e produção de óleo e gás em águas profundas, o pré-sal. Segundo Roberto Castello Branco: “No futuro próximo, não estaremos sozinhos na indústria do refino”. A fala indica que o monopólio de refino da Petrobras deve acabar.
Outro ponto importante foi o posicionamento do ministro das Minas e Energia, Bento de Albuquerque, que afirmou que o governo não deverá interferir na política de preços da companhia.
E Eu Com Isso?
Acreditamos que o discurso do novo presidente da Petrobras, aliado ao panorama político atual, deve ser positivo para as ações da empresa (PETR3 e PETR4) no curto prazo.
Ontem (3), as ações da Petrobras (PETR4) fecharam em alta de 2,5 por cento, na esteira do aumento dos preços internacionais do petróleo.
O discurso do novo presidente da Petrobras indica que a nova direção da Petrobras será mais voltada ao mercado e sem a interferência do governo, como por exemplo na crise da greve dos caminhoneiros com a interferência nos preços do diesel. A política de preços de combustíveis deverá seguir a paridade internacional.
Roberto Castello Branco destacou que a saúde financeira da Petrobras será muito importante, ao utilizar os recursos das vendas de ativos para reduzir o endividamento, o que é muito positivo para a geração de valor os acionistas da empresa.
Os principais catalisadores do preço das ações da Petrobras no curto prazo ficam com os preços internacionais de petróleo e a votação da Cessão Onerosa no Senado Federal. O ministro das Minas e Energia afirmou que a decisão da cessão onerosa deverá sair em até 100 dias.
Eletrobras (ELET3 e ELET4) – Ceal é vendida
E Eu Com Isso?
Só os melhores
E Eu Com Isso?
Ano cheio de novidades
O Banco Inter realizou a sua primeira emissão de Letra Imobiliária Garantida (LIG). Foram emitidos 12 milhões de reais em uma operação realizada em dezembro do ano passado. Os títulos têm retorno de 98 por cento do CDI e prazo de dois anos.
E Eu Com Isso?
As LIGs são uma novidade e há muita expectativa em relação às suas emissões – é esperada grande oferta por diversos bancos. Enquanto os primeiros aparecem, analisamos com cautela cada condição e cada prazo visando a sua necessidade de resgate do valor investido, rendimento considerando o risco do emissor e o prazo, dentre outros fatores.
Na dúvida entre tantos produtos de crédito privado diferentes, você pode sempre contar com o Tesouro Direto. Mas não vale comprar qualquer título.
Não pode desistir
Antes de passar a faixa para Jair Bolsonaro, Michel Temer teve alguns feitos na última semana de 2018. Um exemplo foi que ele sancionou o projeto de lei que regulamenta o distrato de imóveis. O presidente não vetou nenhum trecho do texto e a nova lei já foi publicada no Diário da Oficial da União.
A nova lei estabelece que os clientes que desistirem da compra de um imóvel negociado na planta terão de pagar até 50% do valor já pago à construtora como multa para desfazer o negócio.
E Eu Com Isso?
A Glenda Ferreira e o nosso analista político, Felipe Berenguer, explicaram neste vídeo o que a mudança representa para as empresas (como construtoras) e também para o consumidor.