Nesta terça-feira (26), a Light comentou sobre seus planos estratégicos após as recentes mudanças de gestão e em sua estrutura acionária. Há aproximadamente dois meses, Raimundo Nonato, oriundo da Equatorial, se tornou CEO da companhia e delineou as prioridades para essa nova fase. Dentre elas estão o compromisso com a redução do endividamento e o combate às perdas não técnicas, que atualmente geram uma despesa anual de 600 milhões de reais.
Vale destacar que a transformação acionária da Light vem ocorrendo desde 2019, quando a Cemig, então controladora, vendeu a fatia de 27,3 por cento e abdicou do controle da empresa. Na sequência, em 2020, o BNDESPar alienou sua posição e Ronaldo Cezar Coelho se tornou o principal investidor privado, posto mantido até hoje por meio do fundo Samambaia, que detém 20 por cento do capital acionário. A Cemig saiu completamente do quadro de acionistas na última sexta-feira, aproveitando a oferta subsequente de ações (follow-on) com emissão primária e secundária realizada pela Light.
No tocante ao enfrentamento das perdas não técnicas, uma das estratégias da companhia reside em investimentos em projetos de eficiência energética em áreas de risco, pois a leitura é que os moradores não fraudam a energia por má-fé, mas, sim, por dificuldade financeira e falta de opções. Até abril, o plano completo de combate às perdas, acompanhado de metas explícitas, será apresentado ao mercado, juntamente com um programa de remuneração variável vinculado. O plano envolverá também pleito à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para o reconhecimento das complexidades da área da concessão na estrutura tarifária.
Por fim, em relação ao endividamento, a companhia comentou que, após a capitalização, a situação financeira ficou mais confortável. Entretanto, o objetivo é alcançar uma alavancagem financeira ainda mais baixa, com relação dívida líquida/Ebitda de 2 vezes. Em adição, pretende-se aproveitar a estrutura de capital fortalecida para buscar dívidas mais longas e baratas no mercado de capitais.
E Eu Com Isso?
A notícia é positiva para a Light, com impacto levemente positivo no preço das ações (LIGT3) no curto prazo. O discurso do novo presidente, Raimundo Nonato, embora acertado, já foi realizado por outros executivos da companhia no passado e houve dificuldade de entrega de resultados em decorrência da complexidade da área de concessão, o que sinaliza um risco de execução para a entrega dessas propostas.
Acreditamos que a saída da Cemig do capital da Light também é positiva. Após anos de discussão quanto à posição da estatal na companhia, a Light conseguiu, por meio de sua última oferta de ações, a saída da Cemig da companhia, tendo agora seu controle pulverizado na Bolsa. Essa é uma boa notícia em termos de governança, uma vez que a companhia, com a nova posição acionária, torna-se mais independente e com acionistas mais alinhados à sua estratégia.
O novo presidente traz ainda uma nova proposta para resolver o problema mais antigo e crítico da Light, o de perdas não técnicas (furtos de energia). Essas perdas representam metade do mercado de baixa tensão da companhia e dois terços se concentram em áreas de risco. Como solução, Nonato zela pela aproximação com as comunidades, por meio de investimento em eficiência energética, projetos sociais e geração de renda e emprego, de modo que o custo da energia seja mais acessível aos moradores locais.