Enquanto os mercados permaneciam fechados devido ao feriado do Dia da Independência, o cenário político foi agitado.
O presidente Jair Bolsonaro reuniu uma multidão de apoiadores em duas manifestações públicas de grandes proporções, uma delas em Brasília pela manhã e a outra em São Paulo durante a tarde.
O grande número de presentes nas manifestações mostra que o governo ainda conta com um expressivo apoio popular, e que uma parcela ampla da população e do eleitorado permanece fiel às teses que foram vitoriosas na eleição de 2018.
Bolsonaro proferiu dois discursos fortes, com críticas ao Judiciário e, em especial, o STF (Supremo Tribunal Federal). E as declarações do presidente poderão ampliar a tensão nas relações entre os Executivo e Judiciário.
A avaliação é que esse aumento da tensão poderá dificultar o andamento de pautas importantes para a solução da crise fiscal, como a questão dos pagamentos de precatórios. Os precatórios são dívidas do governo decorrentes da perda de processos judiciais.
Em 2021, a estimativa é que a União terá de arcar com cerca de R$ 50 bilhões nesses pagamentos, ao passo que a cifra para 2022 quase dobra. A estimativa é que a conta dos precatórios poderá chegar a R$ 90 bilhões.
Para fazer frente a esses 40 bilhões a mais no Orçamento, o governo vinha negociando parcelar essa parte da dívida.
As conversas se iniciaram no Congresso.
O governo enviou uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição) nesse sentido, mas que encontrou resistências do presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL), e do senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG), que preside o Senado.
Como as principais lideranças políticas resistiram à ideia, o governo passou a conversar diretamente com Luiz Fux, presidente do STF. As declarações presidenciais durante o feriado podem tornar essa conversa mais difícil.
Numa demonstração de desagrado, Pacheco cancelou as votações no Senado agendadas para esta quarta-feira (08) e para a quinta-feira (09), por considerar que não há ambiente político para a realização de votações. A avaliação é de que o clima para os projetos do governo ficou mais complicado.
O parcelamento dos precatórios é essencial para que o governo federa consiga equilibrar suas contas e também pagar o Auxílio Brasil, programa que pretende suceder o Bolsa Família.
Sem ele, ou o Auxílio Brasil ou o teto de gastos serão prejudicados, com consequências potencialmente negativas tanto para o crescimento real da economia quanto para a percepção dos investidores quanto ao risco do mercado brasileiro.
E Eu Com Isso?
Os contratos futuros de Ibovespa iniciaram a quarta-feira pós-feriado com uma forte baixa de quase 1%, com o mercado se ajustando após um dia sem negociações.
A sessão deverá ser marcada por forte volatilidade decorrente do noticiário, especialmente as notícias políticas.
As notícias são negativas para a Bolsa.
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