O último mês do ano não costuma ser um período de fortes emoções na bolsa. Explica-se. Os investidores profissionais, que administram recursos de terceiros, costumam adotar uma atitude cautelosa. Se obtiveram bons resultados nos 11 meses precedentes, eles evitam correr riscos para não colocar em perigo o ganho dos investidores (e o próprio bônus). Se tiveram resultados ruins devido a uma estratégia errada ou a notícias inesperadas, preferem reduzir as perdas a se arriscarem a um prejuízo maior ainda.
Isso vale ainda mais para 2020, ano atípico em que a pandemia do coronavírus espalhou prejuízos mundo afora. No entanto, os investidores comemoram o mês de novembro. Por aqui, o Ibovespa valorizou-se 15,6 por cento. Nos mercados internacionais, o índice americano S&P 500 avançou 10,9 por cento, sua maior valorização para um mês de novembro em toda a história. E o índice Dow Jones de 30 ações industriais subiu 11,9 por cento, seu melhor mês desde 1987.
Por isso, neste dezembro, os investidores começam o mês de bom humor, apesar da realização de lucros no dia 30 de novembro ter reduzido em parte a alta do mês passado. A expectativa que alguns países na Europa iniciem a vacinação contra o coronavírus nas próximas semanas justificam o otimismo. Além disso, sinais de retorno do crescimento industrial na China animaram os mercados. Nesta madrugada, o indicador Caixin/Markit Manufacturing registrou 54,9 pontos em novembro, ante 53,6 pontos em outubro. Foi uma alta mensal de 1,3 ponto, a maior em uma década. Isso fez com que os índices asiáticos fechassem em forte alta. A bolsa de Xangai avançou 1,77 por cento e a de Seul registrou uma alta de 1,66 por cento. Na Europa, a bolsa de Londres iniciou a manhã subindo cerca de 2 por cento.
Também há notícias positivas no segmento das commodities. O petróleo pode reagir à reunião dos membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo mais a Rússia, conhecida como Opep+. O encontro pode decidir prolongar os cortes de produção até março.
E nunca é demais lembrar. Apesar do otimismo com as vacinas, não se espera uma reversão das políticas de estímulo econômico no curto prazo, muito menos uma elevação das taxas de juro pelos principais bancos centrais. Por isso, a liquidez continuará elevada no mercado internacional, sustentando novas altas nos preços dos ativos. Com a redução da aversão aos riscos dos mercados emergentes, ações como as brasileiras ainda têm bastante espaço para subir.
Indicadores
O Índice de Preços ao Consumidor – Semanal (IPC-S) do período encerrado em 30 de novembro de 2020 subiu 0,94 por cento, ficando 0,17 ponto percentual acima da taxa registrada na última divulgação. Com este resultado, o indicador acumula alta de 4,06 por cento no ano e 4,86 por cento nos últimos 12 meses, informou a Fundação Getulio Vargas (FGV).
Impactos na prática
A terça-feira começa com um movimento de alta nos mercados. Os contratos futuros de Ibovespa estão subindo cerca de 1 por cento, ao passo que os contratos do S&P 500 avançam 1,3 por cento no início dos negócios.