Democratas escolhem candidato nos EUA; ministros das Finanças acalmam mercados
Britanicamente pontual, Mark Carney, governador do Banco da Inglaterra, o banco central inglês, afirmou logo cedo nesta terça-feira (3) que os ministros das finanças dos principais países estão preparando uma resposta “poderosa e oportuna” à desaceleração da economia provocada pela proliferação do coronavírus. Em um depoimento ao Parlamento, Carney disse que “as linhas de comunicação globais entre os bancos centrais e entre os Tesouros nacionais estão funcionando excepcionalmente bem”. Na linguagem neutra dos banqueiros centrais, essa é uma declaração contundente de que os principais governos vão agir em conjunto para impedir uma catástrofe econômica.
O mercado reagiu de maneira entusiástica na segunda-feira (2) e a animação continuou nesta terça-feira. Com exceção da bolsa de Tóquio, que recuou 1,22 por cento, os demais mercados mostraram alta. Em Xangai, o SSE Composite fechou com alta de 0,74 por cento e, em Seul, o Kospi subiu 0,58 por cento. Na Europa o otimismo é mais visível. O alemão Dax está em alta de quase 3 por cento e o britânico FTSE de 100 ações avança 2,25 por cento.
As expectativas de atuação dos governos são amplas. Os profissionais do mercado esperam quedas de juros nos Estados Unidos e, nos países em que as taxas estão perto de zero ou são negativas, as esperanças são sobre reduções nos custos dos empréstimos de curto prazo, estímulos fiscais às pequenas e médias empresas e bônus aos empresários que não dispensarem trabalhadores.
O otimismo derrubou os juros ao redor do mundo. No Brasil, pela primeira vez, as taxas de juros de curto prazo ficaram abaixo do nível psicológico de 4 por cento ao ano. Já nos Estados Unidos, os contratos futuros dos Fed Funds indicam a certeza de uma redução de 0,50 ponto percentual nos juros americanos até março. A expectativa de corte dos juros derrubou a taxa dos títulos americanos de dez anos para 1,03 por cento ao ano, nova mínima histórica. Com isso, cresce a expectativa de que o Banco Central (BC) deve realizar novos cortes na taxa de juros referencial Selic, apesar da interrupção da flexibilização monetária que foi sinalizada pela mais recente ata do Comitê de Política Monetária (Copom), em fevereiro. No fim dos negócios na segunda-feira, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2021 recuou de 4,09 por cento ao ano para 3,96 por cento ao ano. O mercado projeta, agora, um corte de 0,25 ponto percentual da Selic nas duas próximas reuniões do Copom, a deste mês e a de maio.
No front político, hoje é a “Super Terça”, dia em que 14 estados americanos realizam primárias para decidir quem será o candidato democrata que vai enfrentar Donald Trump nas eleições de outubro. No domingo (1) e na segunda-feira (2) a eleição se afunilou, com dois pré-candidatos democratas. Também será um dia agitado no Congresso (leia mais abaixo).
O mercado está otimista com a possibilidade de ação dos governos para conter a crise provocada pelo coronavírus. Há dúvidas da eficácia dessas medidas no longo prazo. Mesmo assim, espera-se uma recuperação dos preços no curto prazo.
INDICADORES – Em fevereiro, o saldo da balança comercial brasileira foi positivo e registrou o terceiro maior saldo comercial da história para o mês, de 3,096 bilhões de dólares. O resultado de fevereiro foi suficiente para reverter o déficit registrado em janeiro e o primeiro bimestre acumula saldo positivo em 1,361 bilhão de dólares. Houve alta de 15,5 por cento nas exportações, com destaque para a venda de petróleo, minério de cobre e ferro. Já as importações subiram 16,7 por cento, principalmente pela compra, no mês passado, de uma plataforma de petróleo de 2,2 bilhões de dólares.
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