Na manhã desta terça-feira (18), a FGV (Fundação Getulio Vargas) divulgou o IPC-S (Índice de Preços ao Consumidor Semanal) da segunda quadrissemana de janeiro nas capitais. A inflação foi de 0,43%. O acumulado em 12 meses está em 9,52%.
Na véspera, a FGV havia divulgado o primeiro índice referente a 2022. O IGP-10 (Índice Geral de Preços — 10) subiu 1,79% em janeiro, após ter recuado 0,14% em dezembro. Com esse resultado, o índice acumula alta de 17,82% nos 12 meses até janeiro.
Segundo a FGV, “as acelerações observadas nos preços do minério de ferro (de -19,28% para 24,56%) e da soja (de -3,41% para 2,92%), itens de maior peso no índice ao produtor, orientaram o avanço da taxa do IPA, índice com maior influência sobre o IGP-10.”
A situação em 2021 era semelhante. O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) registrou uma inflação de 10,06%. O IGP-M, que corrige aluguéis e algumas tarifas públicas, avançou 17,78%. Tudo isso mostra que a inflação, que esteve em pauta ao longo de todo o ano passado, permanecerá nela.
A inflação está dada. O que fazer? Como defender seu dinheiro da alta de preços? Para responder essa pergunta, é necessário analisar as causas da inflação. A principal delas é o cenário internacional adverso, que é amplificado pelos problemas domésticos.
A combinação entre liquidez elevada e juros baixos – apesar do movimento de correção nos Estados Unidos ter se iniciado – vem mantendo os preços das commodities e do petróleo elevados no mercado internacional.
A incerteza renovada com o impacto da variante Ômicron do coronavírus, que vem se espalhando rapidamente e poderá obrigar o retorno das medidas de restrição, só reforça esse movimento. Tudo isso faz com que os preços das commodities e dos combustíveis oscilem muito, o que pressiona os índices de preços. Em especial os da “família” IGP, como o IGP-M, o IGP-DI e o IGP-10.
Há outros fatores de risco. As grandes cadeias globais de suprimentos ainda não estão totalmente normalizadas em um cenário em que ainda há movimentos de recomposição de estoques. Resumindo, demanda forte de bens industriais duráveis comercializáveis, os famosos “tradeables”, cujos preços são balizados internacionalmente.
E, como se não bastasse, o regime de chuvas permanece imprevisível, o que altera a oferta de itens da cesta de alimentos, em especial os mais sazonais e sensíveis, como hortaliças e verduras. São saudáveis no prato, mas podem ser indigestos no bolso.
E, para piorar, este será um ano eleitoral, com a solidez das contas públicas sob ameaça, que aumenta o risco para o investidor. O reflexo imediato é uma alta nas cotações do dólar.
Como defender seu dinheiro? Os analistas da Levante Ideias de Investimentos avaliam que a melhor estratégia é uma combinação entre duas táticas: o aumento à exposição internacional e uma postura mais defensiva com relação aos ativos domésticos. Ou seja, pensando em empresas brasileiras de ciclos de processamento mais curtos, com maior valor agregado e maior possibilidade de repasse de custos.
E Eu Com Isso?
A terça-feira começa com baixas significativas nos mercados acionários. Em Wall Street, os contratos futuros do índice S&P 500 começam as atividades com uma queda superior a 1%, na volta das operações no mercado à vista após o feriado da segunda-feira (dia de Martin Luther King).
A remuneração dos títulos referenciais de dez anos do Tesouro americano chegou a 1,83% ao ano, o maior nível em dois anos, com os investidores antecipando um movimento de aperto monetário que deve ser posto brevemente em prática pelo Federal Reserve (Fed), o banco central americano.
As notícias são negativas para a Bolsa.
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