Denise Campos de Toledo EECI

Decisões do FED e do Copom mantêm clima de incertezas

A semana de decisões sobre os juros mostrou um cenário de indefinições que não traz maior segurança quanto aos futuros passos da política monetária. Na verdade, em relação ao Brasil são grandes as incertezas quanto à política econômica em geral. Preocupa o fato de o governo estar flertando com estratégias que já deram errado no passado. A intenção de ampliar investimentos sem contrapartidas em termos de redução de gastos, intervencionismos nas estatais, o mesmo que se tenta do lado dos juros, com as críticas pesadas ao Banco Central e a condução dada por Roberto Campos Neto. O arcabouço fiscal, com as novas regras que vão substituir o teto de gastos, que a equipe econômica se esforçou para anunciar antes da reunião do Copom, ficou para abril, depois da viagem de Lula à China e, possivelmente, depois de mais discussões políticas. E discussões internas, com a ala política do governo, que parece resistir a qualquer proposta de maior austeridade.

É certo que há uma dívida social e Lula fez muitas promessas para melhorar a condição de vida dos mais pobres, a distribuição de renda, investimentos em áreas prioritárias. Mas não custa lembrar que se não houver fontes de financiamento ou de cobertura para essas iniciativas o cenário fiscal piora, gera mais incertezas, pressões sobre o mercado e sobre a inflação, que corrói a renda.

O Copom até poderia ter sinalizado um corte antecipado da Selic sob determinadas condições ou, pelo menos, deixar de considerar a possibilidade de mais ajustes dependendo da evolução de cenário. Parece uma demonstração de autonomia que só aumenta os embates com o governo. Mas acabou considerando apenas os fatos disponíveis. Até reconheceu o acerto do governo na reoneração dos combustíveis e no pacote para ampliação de receita, lançado por Haddad para melhorar o resultado fiscal. Fez referência, sem dar importância maior ao risco de uma crise de crédito que tem afetado até as análises do mercado. Mas ressaltou que a inflação segue pressionada e houve piora das projeções do mercado, que, vamos reconhecer, pega o horizonte até 2026. Além disso não se sabe o teor do arcabouço fiscal. Por mais que haja disposição da equipe econômica em lançar algo crível, que melhore as expectativas, o que se vê são discursos pró gastos e o próprio Haddad admitiu que haverá regras de transição para a saúde e educação, que perderam recursos nos últimos anos, com os limites do teto.

Repito que seria possível alguma sinalização mais favorável ao corte dos juros, afinal, quando a Selic chegou aos 13,75% a inflação estava na faixa dos 10%. Mesmo com o comportamento ainda ruim está bem abaixo disso, o que fez aumentar muito a margem real dos juros. É um aperto adicional mesmo sem novas elevações da taxa. É ver se a ata, na próxima semana, passa um recado menos austero, como ocorreu na reunião anterior. O risco de avanço da inadimplência, de crise de crédito e de retração da economia não é bom pra ninguém. Mas pode ter sido um alerta quanto à necessidade de o governo fazer a parte dele para melhorar as expectativas.

De qualquer modo devemos continuar vendo um embate nada produtivo para o País, à espera do novo arcabouço e do corte dos juros que pode não vir tão cedo.

Da mesma forma, o Federal Reserve também emitiu sinais contraditórios. A decisão de elevar as taxas em 0,25 para a faixa entre 4,75 e 5% veio em linha com o previsto. Deu uma segurada com a indicação de que poderia vir só mais um ajuste ou até parar, segundo leituras mais otimistas. O mercado lá comprou essa versão e teve uma reação favorável pós reunião. Mas declarações do presidente do FED, Jerome Powell, foram mais preocupantes ao ressaltar que a inflação continua elevada, com o mercado de trabalho robusto, o que pode segurar a queda de preços, sem descartar a necessidade de novos aumentos maiores das taxas. Isso já tinha ocorrido na reunião anterior do FOMC e dá a entender que não há muita segurança quanto ao que deve ser feito e as implicações. É preciso fazer a inflação retornar para a meta, mas agora até a crise dos bancos está no radar, embora se fale em um sistema forte e resiliente. Só que as quebras de bancos já exigiram aumento de liquidez, na contramão da política de aperto.

O certo é que o cenário interno e externo convive com incertezas que podem não ser equacionadas com brevidade. Portanto, todos temos de seguir monitorando indicadores e ações na área econômica para minimizar riscos e aumentar o potencial de ganhos. É uma regra básica, só que mais difícil de ser executada num ambiente tão indefinido.

O conteúdo foi útil para você? Compartilhe!

Recomendado para você

Crypto 101

Altcoins: A melhor opção para o Halving? | Crypto 101

Participe da Comunidade Levante Crypto agora mesmo e fique por dentro das principais notícias desse mercado: https://lvnt.app/uvwfup

Hoje em dia, com o Bitcoin já tendo ocupado seu espaço de mercado, muitas pessoas buscam outras moedas digitais para investir.

Afinal, criptos mais baratas – e fora do radar – possuem um potencial muito maior que o vovô das criptos.

É aí que entram as Altcoins, que cada vez mais vêm ganhando espaço no mercado cripto.

Read More »
Crypto 101

3 Criptos de Inteligência Artificial com alto potencial em 2024 | Crypto 101

Atualmente, é necessário ir além do Bitcoin e do Ethereum para conseguir lucrar de verdade no mercado Cripto, que já começa a se movimentar como uma indústria cada vez mais robusta.
Neste contexto, o setor de Inteligência Artifical em Criptomoedas se apresenta como um dos mais promissores na nova indústria, e projetos como $OCEAN (Ocean Protocol), $FET (Fetch.ai) e $PAAL (Pluto Protocol) emergem como líderes na integração dessas tecnologias de ponta.

Participe da Comunidade Levante Crypto agora mesmo e fique por dentro das principais notícias desse mercado: https://lvnt.app/uvwfup

Read More »
Crypto 101

Ganhe Criptomoedas DE GRAÇA: Conheça os Airdrops de Criptos | Crypto 101 

Airdrops de Criptomoedas é o assunto que vem parando o mercado cripto. Como assim, é possível ganhar criptomoedas DE GRAÇA?!

Basicamente, Airdrops são caracterizados pela distribuição gratuita de tokens para detentores de uma determinada criptomoeda ou membros de uma comunidade específica.

Pela importância que o assunto vem tomando, no Crypto 101 de hoje, vamos abordar as principais características dos airdrops em artigo exclusivo.

Read More »
Crypto 101

O que é Staking de Criptomoedas e como fazer na prática? | Crypto 101

Staking de criptomoedas é um processo pelo qual os detentores de determinadas moedas digitais participam da validação e do consenso das transações em suas respectivas redes blockchain. Em essência, é a prática de bloquear uma certa quantidade de criptomoedas em uma carteira específica para apoiar as operações da rede.

Hoje em dia, para quem busca novas maneiras de operar Cripto, o Staking de Criptomoedas é uma maneira inovadora e com alto potencial.

Participe da Comunidade Levante Crypto agora mesmo e fique por dentro das principais notícias desse mercado: https://lvnt.app/uvwfup

Read More »

Ajudamos você a investir melhor, de forma simples​

Inscreva-se para receber as principais notícias do mercado financeiro pela manhã.