Decisão do Fed confunde os mercados – Baixa inesperada dos juros americanos provoca onda de vendas
A decisão do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) de reduzir os juros dos Estados Unidos para perto de zero em pleno domingo lançou uma sombra de incertezas e indefinição sobre os mercados. O resultado, como não poderia deixar de ser, é uma abertura com fortes quedas ao redor do globo nesta segunda-feira (16).
Na Ásia, o índice Nikkei fechou em Tóquio com queda de 2,46 por cento. Em Xangai, o SSE recuou 3,4 por cento. Na Europa, as quedas são mais fortes. O índice alemão Dax chegou a recuar 8,4 por cento no pior momento do dia, e agora está em baixa de 8 por cento. Na Inglaterra, o FTSE está em baixa de 6,9 por cento. Os contratos futuros de S&P 500 estão caindo 4,8 por cento.
Por aqui, os contratos futuros de Índice Bovespa estão em uma forte baixa. A queda inicial era de 7 por cento, mas não se descarta a hipótese de uma retração de 10 por cento nos primeiros minutos de negociação, levando a semana a começar, de novo, com uma interrupção nos negócios, o circuit breaker.
A decisão em cortar os juros americanos praticamente a zero apenas dois dias antes da reunião do Federal Open Market Committee (Fomc, o Copom americano) soou o alarme no mercado. O raciocínio dos investidores é simples: a autoridade monetária possui informações que não estão disponíveis aos demais participantes do mercado. E, ao anunciar uma decisão tão drástica, o Fed indica que a situação é muito pior do que se imaginava. Isso levou a mais um dia de pânico nos mercados internacionais, que deverá ter reflexos sobre o movimento das ações no Brasil. Para aumentar a incerteza, nesta semana haverá uma reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que deverá baixar os juros.
A decisão do Fed foi surpreendente, inesperada, e ainda será preciso observar os movimentos do mercado hoje cedo para se ter uma ideia total de seu impacto. A primeira movimentação é ruim. A sinalização do Fed indica que as autoridades monetárias americanas estão visualizando uma situação econômica muito pior do que o imaginado, quase um apocalipse. E a reação não poderia deixar de ser um movimento de pânico. Apesar de ser uma hipótese improvável, não é impossível que os bancos centrais, assim como as demais organizações, reajam de maneira exagerada e incorreta. Portanto, apesar de o dia prometer ser movimentado, a recomendação para os investidores é tentar evitar o pânico. Se a intenção não for comprar, desligue seu home broker e mantenha a calma.
INDICADORES – Na edição mais recente do Boletim Focus, a expectativa do mercado para o crescimento econômico de 2020 recuou de 1,99 por cento na semana passada para 1,68 por cento, indicado que a desaceleração da economia provocada pelo coronavírus já entrou nas contas do mercado.
E a alta do dólar pressionou a inflação. Nesta segunda-feira, a Fundação Getulio Vargas (FGV) divulgou o Índice Geral de Preços – 10 (IGP-10), que funciona como uma prévia do IGP-M. A inflação medida pelo IGP-10 subiu 0,64 por cento em março, ante 0,01 por cento em fevereiro. Com este resultado, o índice acumula alta de 1,73 por cento no ano e de 6,59 por cento em 12 meses. Em março de 2019, o índice havia registrado elevação de 1,40 por cento no mês e alta de 7,99 por cento em 12 meses. O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) subiu 0,92 por cento em março. No mês anterior, o índice havia registrado queda de 0,19 por cento.
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