Um estudo realizado pela área técnica da CVM sugere o fim da exclusividade dos agentes autônomos de investimento (AAI) no Brasil. Nos dias de hoje, cada agente autônomo tem por regulação somente uma corretora de valores.
No curto prazo, caso essa medida seja implementada, é esperado quase nenhum efeito prático no mercado. Isso porque se espera que os agentes continuem usando somente uma corretora, assim como é observado na Austrália, onde apenas 12 em 25 mil autônomos usam mais de uma corretora, e nos EUA, onde apenas 0,3 por cento dos 450 mil agentes fazem o mesmo.
Não é esperado que as corretoras atuais aceitem dividir seus serviços dentro de um mesmo cliente, com isso a medida iria provavelmente impactar mais os agentes autônomos menores.
Impactos na prática
Apesar de não trazer nenhum movimento no curto prazo, se implementada, a notícia pode ter impacto negativo no preço das ações da XP (NASDAQ:XP). A empresa brasileira listada nos Estados Unidos possui exclusividade com a maior parte dos agentes autônomos do País e uma maior flexibilidade regulatória pode fazer com que a pressão competitiva suba ainda mais.
No terceiro trimestre de 2020, a XP destacou seu compromisso com agentes em sua base e gastou quantias significativas com contratos de longo prazo para mantê-los e, com isso, preservar a estabilidade de suas receitas. Apesar de destacar que a empresa está disposta a sacrificar rentabilidade no curto prazo em prol de uma visão de longo prazo, mudanças regulatórias podem prejudicar seus planos.
O mercado de corretoras vem sofrendo um grande aumento de competição. Players digitais como BTG Pactual (BPAC11), Banco Inter (BIDI11) e Nubank estão mirando nesse tipo de serviço. Os participantes mais tradicionais também não ficam de fora. O Itaú Unibanco (ITUB4) anunciou recentemente estar estudando a alienação de sua participação da XP e com isso, na nossa visão, reforçando seu posicionamento como competidor das corretoras.
Enquanto as mudanças por parte da CVM não chegam, esperamos que a disputa pelas taxas de corretagem se intensifique com a maior pressão dos bancos, tanto digitais quanto tradicionais. A XP por sua vez deve manter sua liderança no setor, mesmo com as maiores dificuldades, enquanto avança em seus planos de ter um portfólio de produtos bancários já para a primeira metade de 2021.