CVC (CVCB3) encontra indícios de erros em balanços anteriores
Por meio de fato relevante divulgado na noite de sexta-feira (28), a CVC (CVCB3) indicou que constatou, em uma avaliação preliminar, indícios de erros em seus balanços publicados entre 2015 e 2019.
Segundo a CVC, os equívocos estão relacionados à diferença entre os valores provisionados no momento da contratação de um serviço turístico e os recursos que foram realmente transferidos após a realização das viagens.
O Conselho de Administração da companhia determinou que seja realizada uma apuração independente em relação ao tema, a ser conduzida pelo comitê de auditoria, que será assessorado por consultores independentes e especializados.
Por último, a companhia informou que está trabalhando para divulgar os números referentes a 2019 dentro do prazo. A previsão é que os dados do quarto trimestre de 2019 sejam divulgados no próximo dia 12 de março após o fechamento de mercado.
Se confirmados, esses erros poderão implicar em ajustes contábeis significativos nos resultados reportados pela companhia. Uma das ações mais afetadas pelo temor com o coronavírus, o impacto negativo no preço das ações da CVC deve se manter no curto prazo.
A empresa estima que o impacto potencial acumulado dos tais ajustes na receita líquida de vendas da companhia seja da ordem de 250 milhões de reais entre 2015 a 2019. Essa quantia equivale a aproximadamente a 4 por cento da receita líquida no período acumulado até setembro de 2019.
Os ajustes contábeis, caso efetivados, não terão impacto sobre a geração e os saldos de caixa reportados nas próximas demonstrações financeiras já que o capital de giro seria diminuído no mesmo montante e os valores foram devidamente transferidos aos fornecedores.
No início de fevereiro, a CVC foi julgada e acabou tendo prejuízo de 127,6 milhões de reais após o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) entender que a empresa é uma agência de turismo. Dessa forma, a companhia possui incidência do PIS/Cofins em sua receita.
Entretanto, os advogados defendem que a empresa é apenas uma intermediadora entre cliente, aéreas e hotéis. Outros casos com o mesmo tema serão julgados no Carf. Caso a CVC não consiga vencer nenhum deles, o prejuízo para a empresa de turismo pode ser de 440 milhões.
Em uma tempestade perfeita, a CVC sofre em várias frentes: dólar na máxima histórica, aumento da concorrência, derrota no Carf, clientes postergando viagens devido ao coronavírus e agora indícios de erros contábeis.
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