A Companhia Siderúrgica Nacional (CSNA3) inaugurou a temporada de resultados do terceiro trimestre com a divulgação de seus números na noite de ontem, quinta-feira (15), após o fechamento de mercado.
O resultado veio forte em todas as linhas de operação, com crescimento de volume de vendas, preços médios e câmbio favorável, com destaque para o segmento de mineração, favorecidos pela forte demanda chinesa por minério de ferro, favorecendo as cotações da commodity e a receita da companhia.
A Receita Líquida atingiu 8,7 bilhões de reais (40 por cento superior ao trimestre anterior e 45 por cento em relação ao ano passado) e o Ebitda (métrica para geração de caixa potencial) chegou a 3,5 bilhões de reais, 82 por cento superior ao 2T20 e 124 por cento acima em relação a 2019, com margem forte de 39 por cento, contra 29,7 por cento do trimestre anterior e 25,1 por cento em 2019. A empresa reportou lucro líquido de 1,26 bilhões de reais ante prejuízo de 871 milhões de reais no terceiro trimestre de 2019.
No trimestre a empresa conseguiu atingir uma forte geração de caixa de 2,8 bilhões de reais, com a relação Dívida Líquida/Ebitda (alavancagem) reduzindo de 5,17 vezes para 3,67 vezes no trimestre, sendo um dos principais pontos de atenção do mercado em relação ao desempenho da CSN.
O 3T20 foi de alinhamento de estrelas para a CSN, com volumes de vendas e preços crescendo em todos os segmentos de atuação: siderurgia, mineração, energia, cimento e logística. O mercado já esperava um resultado forte, com os números reportados em linha com o estimado.
Embora as ações da CSN (CSNA3) acumulem alta de 38 por cento no ano, contra queda acumulada de 14,3 por cento do Ibovespa, com forte desempenho desde a divulgação dos resultados do 2T20 em 28 de julho, ainda enxergamos um impacto positivo no curto prazo e o mercado deve seguir animado com os resultados da empresa, pela onda positiva do setor que deve continuar pelos meses seguintes.
Na onda favorável, às grandes siderúrgicas brasileiras já anunciaram aumento de preços entre 10 a 12 por cento para cadeia do aço para novembro. Além disso em relatório divulgado ontem pela World Steel, a projeção de consumo de aço global para 2020 deve cair apenas 2,4 por cento em relação a 2019 e atualizou sua projeção para crescimento de 4,1 por cento para 2021. O valor deve ser puxado principalmente pela forte recuperação do mercado imobiliário e infraestrutura na China, que é o maior consumidor e produtor de aço mundial.
Em relação à CSN, a empresa mostrou neste trimestre que possui uma boa alavancagem operacional, com o crescimento de volume diluindo os custos de produção de placa de aço, que cresceu apenas 1,6 por cento em relação ao trimestre anterior, mesmo com o preço do minério de ferro (principal matéria-prima do aço) subindo 27 por cento no trimestre.
Os segmentos de siderurgia e mineração representaram 50 por cento e 42 por cento respectivamente da receita no trimestre, porém a mineração contribuiu com 75 por cento do Ebitda da companhia, gerando 2,69 bilhões de reais somente nessa linha, com a siderurgia representando apenas 15 por cento do Ebitda, porém ambos os segmentos devem continuar gerando resultados favoráveis, com o câmbio e cotações do minério em patamares altos historicamente, gerando um duplo benefício na receita.
Por fim a CSN irá protocolar o pedido de abertura de capital de seu braço de mineração, Casa de Pedra, agendado para hoje, esperando levantar cerca de 1,5 bilhões de dólares, com boa parte incorporando o caixa da companhia com o objetivo de redução forte de alavancagem. Em Fato Relevante, junto com a divulgação de resultados, a empresa anunciou a revisão de sua projeção de alavancagem, esperando chegar a 2,5 vezes ao fim do exercício de 2021, mostrando o otimismo da gestão com os resultados futuros.
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