Apesar de o cenário para a economia brasileira não ser dos mais positivos, há alguns aspectos da economia internacional que permitem uma atitude mais otimista. Um dos mais importantes é a alta dos preços das commodities. A retomada do crescimento nas principais economias, a aprovação – finalmente! – do pacote de 1,9 trilhão de dólares de ajuda à economia americana e indicadores positivos na Europa e na China permitem prever um cenário mais benigno para as commodities. E isso significa um alívio para o País.
A conjunção entre preços das commodities em alta e um real depreciado em relação ao dólar indicam uma boa entrada de recursos na economia, o que ajudará a mitigar os efeitos danosos da pandemia. Desde o pior momento de 2020, as cotações das principais commodities avançaram cerca de 40 por cento em dólares, pelo índice Commodity Research Bureau (CRB), indicador, um dos mais importantes indicadores dos preços das matérias-primas. Entre elas, algumas das principais exportadas pelo Brasil, como soja, milho, carnes e minério de ferro.
Há dois grandes motivos para esse avanço dos preços. Um deles é a reflação setorial das commodities. Com o desaquecimento provocado pela pandemia, as cotações desabaram devido à perspectiva de uma retração aguda da demanda. Agora, com os prognósticos de um retorno gradual à normalidade, os preços retomam os patamares anteriores. O outro motivo é o aumento da liquidez global e a permanência dos juros em patamares muito baixos. Especular com commodities é mais antigo do que investir em ações e taxas de juros, e ainda permanece popular. Assim, a abundância de dinheiro traz um estímulo para a especulação – no bom sentido – com esses ativos não-financeiros, elevando seus preços.
Na ponta do lápis, ainda há espaço para subir. A confluência entre a normalização das principais economias, oferta restrita e manutenção dos juros baixos e da liquidez elevada sustentem um novo ciclo de alta nos preços das commodities.
Boletim Focus
O Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira (01) pelo Banco Central (BC) indica uma leve alta nos prognósticos para a inflação e para a taxa de câmbio. A inflação medida pelo IPCA prevista para 2021 subiu para 3,87 por cento ante 3,82 por cento da semana anterior. Há quatro semanas, a projeção era 3,53 por cento. A taxa de câmbio prevista para o fim de dezembro subiu para 5,10 reais ante 5,05 reais. A projeção para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) permaneceu inalterada em 3,29 por cento, assim como a taxa Selic. A projeção para os juros segue em 4 por cento ao ano no fim de 2021.
INDICADORES
O Índice de Preços ao Consumidor – Semana (IPC-S) do período encerrado em 28 de fevereiro de 2021 subiu 0,54 por cento e acumula alta de 5,42 por cento nos últimos 12 meses, informou a Fundação Getulio Vargas (FGV) na manhã desta segunda-feira. A maior contribuição partiu do grupo Transportes. Os preços subiram 2,29 por cento na semana ante 1,53 por cento na semana anterior. A maior alta foi da gasolina. Os preços subiram 6,90 por cento ante 4,70 por cento na semana anterior.
E Eu Com Isso?
O otimismo com a aprovação do pacote de ajuda nos Estados Unidos e indicadores positivos da demanda na Europa e na Ásia fazem com que março se inicie com um movimento de alta nas cotações.