A BRF (BRFS3) divulgou seus resultados do primeiro trimestre de 2020 nesta segunda-feira (11) antes da abertura do mercado. Apesar do prejuízo na última linha, os números apresentados foram bons e vieram acima das expectativas em termos de Ebitda, com margem Ebitda de 14 por cento.
O principal destaque foi o resultado operacional medido pelo Ebitda Ajustado, que alcançou 1,2 bilhão de reais no período, um crescimento de 67 por cento na comparação com o mesmo período do último ano. A sua receita líquida também foi boa e fechou o trimestre com 8,9 bilhões de reais, número 21 por cento superior que o do primeiro trimestre de 2019.
O destaque negativo foi o prejuízo líquido no trimestre, que foi de 38 milhões de reais. O resultado foi impactado principalmente pela variação cambial na dívida e pela linha de “outros resultados operacionais”, que apresentou prejuízo de 239 milhões de reais por conta da provisão com acordos coletivos nos Estados Unidos.
Os resultados apresentados pela BRF foram bons e acima do previsto, por isso esperamos impacto positivo nas suas ações no curto prazo. Acreditamos que haverá uma revisão para cima das projeções para os resultados da BRF em 2020.
No ano, as suas ações recuam 46,8 por cento, desempenho bastante inferior ao do Ibovespa, que apresenta queda de 30,6 por cento.
A performance operacional foi o grande destaque, com o crescimento do Ebitda muito além do crescimento das receitas, refletindo seus ganhos de margem operacional. A margem Ebtida fechou o período em 14 por cento, 3,8 pontos percentuais a mais que no primeiro trimestre de 2019.
Outro fator interessante foi o crescimento das receitas por meio do aumento dos volumes vendidos, que cresceu 8,1 por cento no período na comparação anual, como também pelos maiores preços médios, cujo aumento foi de 12,5 na comparação com a mesma base. Com este melhor desempenho foi possível mitigar o efeito do aumento do seu CPV de 6,1 por cento.
O principal catalisador do seu sólido resultado foi o segmento internacional, que segue se beneficiando do aumento no consumo na China devido às implicações da peste suína, que dizimou boa parte do seu rebanho. Com isso a BRF tem se beneficiado de maiores margens e volumes exportados para a região.
O ponto negativo do resultado foi o incremento da sua despesa financeira devido à variação cambial no trimestre, que alcançou 606 milhões de reais, valor 35 por cento superior às despesas do primeiro trimestre de 2019.
Por fim, a BRF fechou o período com uma relação Dívida Líquida/Ebitda em 12 meses de 2,68x, valor substancialmente mais saudável que os 5,64x registrados no mesmo período de 2019.
A empresa melhorou bastante o seu resultado operacional em termos de Ebitda, mas as despesas financeiras continuam consumindo o seu resultado operacional que não é transformada em geração de caixa, com redução do endividamento, e lucro líquido na última linha.
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