A empresa BR Malls (BRML3) apresentou seus resultados trimestrais na noite desta quinta-feira (12) após o fechamento de mercado.
Os números vieram ruins, abaixo do esperado pelo mercado, mesmo comparativamente a seus pares, ainda pressionado pelos efeitos da pandemia. O portfólio de shoppings da companhia possui grande exposição à região Sudeste que realizou a retomada das atividades de maneira mais gradual que outras regiões.
Os principais destaques positivos dos resultados foram:
i) Taxa de ocupação mantida em níveis relativamente altos, com 95,5 por cento, próximo ao nível histórico de cerca de 97 por cento.
ii) Redução significativa dos custos operacionais, puxados principalmente pela redução da folha salarial, seguindo as medidas sancionadas pelo governo federal e revisão de contratos com fornecedores, além da digitalização e automatização na coleta de dados de vendas.
Já os destaques negativos foram:
i) Retomada ainda lenta do tempo total de funcionamento e atividades no trimestre, com 61,6 por cento das horas totais possíveis no trimestre, impactando as linhas de receita que registrou queda de 34,9 por cento na comparação anual, registrando 207 milhões de reais.
ii) FFO (Funding From Operations – métrica de geração de caixa potencial em shoppings) com forte redução de 76 por cento na comparação anual.
iii) Despesa financeira registrando alta de 22,1 por cento, puxado principalmente pela linha de obrigações a pagar por shopping adquirido, no qual é reajustado pelo IGP-DI que vem com forte alta neste ano, afetando negativamente os resultados operacionais da companhia.
Os principais indicadores operacionais vieram fracos (como esperado): vendas mesmas lojas com queda de 33 por cento e aluguéis mesmas lojas com redução de 40 por cento em relação ao mesmo período de 2019.
A receita líquida totalizou 208 milhões de reais no trimestre, redução de 37 por cento em relação ao 3T19. Com isso, o Ebitda ajustado atingiu 116 milhões de reais, queda anual de 53 por cento.
A BR Malls, apesar de seguir focando em melhorar suas operações via digitalização, otimização de portfólio e melhora de mix de lojas de maneira gradual, ainda possui um perfil menos premium que os seus pares da região sudeste (Iguatemi e Multiplan por exemplo).
A manutenção da taxa alta de ocupação se deve em grande parte pelo desconto nos aluguéis e condomínio concedido aos lojistas que, em contrapartida, diminuíram fortemente os resultados operacionais da companhia tanto no trimestre anterior como neste tri.
A margem FFO, além do número absoluto, caiu de 58,4 por cento em 2019 para 22,1 por cento neste tri, bastante baixo mesmo considerando os efeitos negativos da pandemia, fora do controle da companhia.
Com isso esperamos um impacto negativo no preço das ações da companhia (BRML3) no curto prazo.
Apesar do desempenho abaixo do esperado, as perspectivas futuras, caso se mantenho um ritmo de retomada das atividades atuais, são bastante promissoras para a companhia. Justamente a exposição maior à região Sudeste pode tornar a volta dos resultados mais intensa, pela maior pujança econômica. Em São Paulo já foram autorizadas o funcionamento de cinemas por exemplo e o horário de funcionamento também voltou a ser estendida.
A companhia informou que o ritmo de vendas em outubro, com melhora do indicador vendas mesmas lojas: queda de 13,5 por cento em relação a outubro de 2019.
Além disso as métricas de inadimplência registrado pela companhia vem caindo gradualmente, o que pode sinalizar uma melhora significativa da rentabilidade daqui em diante, a partir já deste último trimestre do ano, com as vendas de fim de ano.
Para acompanhar este ritmo de retomada, o investimento nos canais digitais, assim como a progressão das operações do Delivery Center (empresa de entregas de produtos tendo os shoppings como centros de distribuição, na qual a BR Malls é uma das principais investidoras).
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