Desde a vitória dos consórcios Aegea e Iguá no leilão de concessão da Cedae (Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro), em abril (30), a perspectiva era de uma reestruturação nas operações da companhia de saneamento já no curto prazo, com investimentos mais robustos a serem realizados nos próximos anos.
Nesse contexto, a estatal avança em sua nova fase, mais enxuta, na qual responderá somente pela captação e tratamento da água a ser distribuída pelas concessionárias, além da coleta e tratamento de esgoto.
Neste novo modelo, a companhia contará com menos receitas e despesas e um maior foco em ganhos de produtividade alinhada a fatores ESG (do inglês, fatores que visam a agenda ambiental, social e de governança nas empresas).
Ademais, a companhia se prepara para enfrentar a queda de receita após as concessões. Espera-se que a Cedae receba, nos primeiros 12 meses do modelo, cerca de R$ 2,12 bilhões pela água a ser distribuída nos três blocos licitados, com partes da capital e 34 cidades.
Além disso, esta receita ainda deverá ser acrescida dos pagamentos pelo fornecimento de água ao Bloco 3 do estado, que deve ser licitado em 29 de dezembro.
Assim, a estimativa é que a receita anual da companhia seja de, no mínimo, R$ 2,5 bilhões – abaixo dos R$ 5,9 bilhões registrados em 2020. Sobre a diferença, Leonardo Soares, presidente da Cedae, declarou que planejam atenuá-la com medidas previstas no plano de negócios.
Segundo Soares, o primeiro passo na reorganização da companhia prevê a elaboração de um plano de negócios que contemple um programa de eficiência energética, automação das estações, criação de laboratórios de inovação e desenvolvimento de serviços secundários, de modo a gerar receitas acessórias.
De acordo com Soares, este plano está sendo elaborado junto com a consultoria EloGroup e deve ter seu esboço apresentado em novembro, com a versão final sendo entregue em abril de 2022.
Como perspectivas futuras e ambiciosas da companhia, destacamos a modernização da estação de tratamento do Guandu e a construção de uma nova estação, o Novo Guandu, em Nova Iguaçu. A construção deverá demandar cerca de R$ 2,5 bilhões, com 1 bilhão sendo consumido nos próximos 3 anos.
E Eu Com Isso?
Entendemos que seja positiva a privatização dos serviços de saneamento anteriormente controlados pela Cedae. Os operadores que assumiram as concessões, Aegea e Igua, possuem um histórico de operação exitoso, em particular no caso da Aegea.
Embora os investimentos exigidos sejam vultuosos, ambas as empresas estão capitalizadas e possuem acesso ao mercado de capitais para financiamento. Apesar de positiva, vemos um impacto neutro para as ações de Itaúsa (ITSA4), que possui investimentos na Aegea.
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