Atividade da indústria de março superou expectativas
A economia chinesa está se recuperando mais depressa do que o esperado. Nesta terça-feira (31), o índice chinês dos Gerentes de Compras (PMI) de março subiu para 52,0 pontos, acima dos 35,7 pontos de fevereiro e superando as expectativas dos economistas internacionais, que previam um PMI de 45 pontos. A alta no PMI mostra uma recuperação mais precoce da atividade industrial na China. O setor havia desacelerado drasticamente no início deste ano, após as medidas de isolamento decretadas pelo governo para conter a epidemia do coronavírus.
O PMI é calculado a partir de uma pesquisa mensal com cerca de 430 gerentes de compras, que sonda as expectativas para emprego, produção, novos pedidos, preços e estoques. O indicador fornece uma visão geral da atividade no setor de manufatura e atua como um indicador líder para toda a economia. Quando o PMI está abaixo de 50,0, isso indica que a economia manufatureira está em declínio e um valor acima de 50,0 indica uma expansão da economia manufatureira.
O Departamento Nacional de Estatística da China disse em seu anúncio da leitura do PMI que havia uma melhoria contínua na prevenção e controle do surto em março, com uma aceleração significativa na retomada da produção, e nos índices de novos pedidos e de contratações. A agência atribuiu a leitura expansionista do PMI à base baixa em fevereiro, mas alertou que isso não significa que as atividades econômicas do país voltaram aos níveis normais.
Os mercados reagiram positivamente às notícias, apesar de as altas não terem sido muito expressivas. O índice da Bolsa de Xangai teve uma leve alta de 0,11 por cento. Em Hong Kong, o índice Hang Seng avançou 1,85 por cento e na Coreia do Sul o índice Kospi subiu 2,19 por cento. Na Europa, após abrirem em alta, os pregões perderam vigor no decorrer da manhã. Às 9 horas (horário de Brasília), a Bolsa de Londres caía 0,23 por cento e a de Frankfurt recuava 0,8 por cento.
Os preços do petróleo também ensaiaram uma recuperação, após atingir os menores valores em 18 anos. Na abertura dos negócios, o barril de petróleo do tipo Brent para junho avançava 1,55 por cento para 26,83 dólares, ao passo que o barril do WTI para maio subia 5,33 por cento, para 21,16 dólares.
Enquanto a economia chinesa dá sinais de recuperação, o governo dos Estados Unidos quer ainda mais estímulos para a economia. Poucos dias após a aprovação de um pacote de incentivos econômicos de 2,2 trilhões de dólares, a Casa Branca e o Congresso já estão trabalhando em um pacote adicional de apoio econômico, baseado em compras dos diversos níveis de governo. A estimativa do mercado é que essa encomendas representem uma injeção de 600 bilhões de dólares na economia. A presidente da Câmara, Nancy Pelosi, disse que pode ser necessário mais apoio aos governos locais e mais pagamentos diretos às famílias.
Ainda não é possível dizer que a crise foi superada, mas alguns movimentos, como os indicadores na China e novos pacotes de estímulo nos Estados Unidos, devem facilitar a retomada dos negócios. Apesar de as notícias serem positivas, no início da manhã, os contratos futuros de Ibovespa e de S&P 500 operavam em leve baixa. Assim, apesar de um cenário mais distendido, o investidor não deve descartar uma forte volatilidade no curto prazo.
INDICADORES – A taxa de desocupação no trimestre encerrado em fevereiro subiu para 11,6 por cento ante 11,2 por cento nos três meses findos em novembro, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na manhã desta terça-feira (31). Segundo a Pesquisa Nacional de Amostragem Domiciliar (PNAD) contínua, o número de desempregados subiu para 12,3 milhões. O número interrompeu dois trimestres consecutivos de quedas estatisticamente significativas no desemprego. No entanto, a taxa de desocupação voltou a cair na comparação com os 12,4 por cento registrados no trimestre encerrado em fevereiro de 2019.
A taxa de informalidade caiu para 40,6 por cento no trimestre encerrado em fevereiro ante 41,1 por cento no trimestre encerrado em novembro de 2019. Apesar da queda, ainda há 38 milhões de informais.
Ainda de acordo com a PNAD Contínua, o total de pessoas fora da força de trabalho chegou a 65,9 milhões no primeiro trimestre de 2012, patamar recorde desde o início da pesquisa. São pessoas que não procuram trabalho, mas que não se enquadram no desalento (pessoas que desistiram de procurar emprego). Os desalentados somam 4,7 milhões, quadro estatisticamente estável em ambas as comparações.
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