A Ambev (ABEV3) divulgou nesta quinta-feira (07/mai), antes da abertura do mercado, os seus resultados referentes ao primeiro trimestre deste ano. Os números vieram fracos, em especial seu lucro líquido, cuja queda chegou a 56 por cento na comparação anual.
O volume total de bebidas vendido no período foi de 39,01 milhões de hectolitros, expressando uma redução de 5,5 por cento no comparativo anual. A sua receita líquida foi de 12,6 bilhões de reais, praticamente estável com relação ao primeiro trimestre de 2019, enquanto o consenso de mercado apontava para um número próximo a 12,2 bilhões de reais.
Já o Ebitda foi de 4,2 bilhões de reais, 18 por cento a menos que o registrado no mesmo período do último ano e em linha com as expectativas que o mercado tinha. Dessa forma, a Margem Ebitda fechou o período em 33,6 por cento, uma perda de 6,9 pontos percentuais.
Por fim, o lucro líquido obtido foi de 1,2 bilhões de reais, bem abaixo dos 2,7 bilhões de reais do primeiro trimestre de 2019, configurando uma queda de 56 por cento, enquanto o consenso de mercado esperava pouco mais de 2 bilhões de reais.
Na nossa avaliação o resultado da Ambev foi bastante fraco e até mesmo abaixo das expectativas. Com isso, esperamos impacto negativo das suas ações no curto prazo.
No ano, as ações ABEV3 recuam 36,6 por cento, desempenho inferior ao do Ibovespa que apresenta perdas de 31,6 por cento.
A queda do volume e consequente diminuição na receita líquida demonstram a dificuldade da companhia neste cenário de maior concorrência (principalmente com a Heineken) bem como os primeiros efeitos da Covid-19 neste primeiro período do ano.
O importante segmento de cervejas no Brasil – que representa quase 60 por cento do seu resultado operacional, apresentou uma queda no volume superior a 11 por cento, mesmo com a forte campanha promovida no carnaval. De acordo com a companhia, o desempenho do segmento premium no Brasil teve desempenho superior à média, no qual a Ambev tem menos participação de mercado.
Já a queda no Ebitda e sua margem refletem o aumento dos custos devido ao câmbio desfavorável, maiores despesas com vendas e marketing além do efeito da desalavancagem operacional, visto que a produção menor implica em maior custo por unidade devido a parcela dos custos fixos.
O lucro líquido foi afetado por todos os itens acima além do aumento da sua despesa financeira, que alcançou 1,5 bilhão de reais, mais que o dobro dos 672 milhões de reais do primeiro trimestre de 2019.
O resultado da Ambev demonstra todo o esforço da companhia em tentar manter a sua hegemonia enquanto referência em cervejaria no Brasil e no mundo. Contudo, a combinação do cenário de isolamento social com aumento da concorrência não é nada favorável à companhia, que começa a sentir na pele a perda da sua fatia de mercado e do seu pricing power (poder de fazer preço no setor).
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