É fato que ainda existe um longo caminho a ser percorrido até as eleições presidenciais de 2022, mas alguns sinais de partidos já podem ser monitorados desde já. A aliança firmada entre DEM, PP, PSD e Republicanos – que se construiu em torno da candidatura de Geraldo Alckmin (PSDB-SP) em 2018 – para a candidatura de Rodrigo Pacheco (DEM-MG) nas eleições do Senado Federal não deve se repetir daqui para frente.
As legendas que se identificam com a centro-direita no espectro político têm objetivos diferentes em 2022 e a dissolução desse bloco é provável, tornando ainda mais complexa a disputa presidencial que promete, mais uma vez, ser acirrada. O PP já manifestou apoio à reeleição de Jair Bolsonaro, o PSD busca fortalecer suas bases para lançar candidatura própria pela primeira vez na história do partido e o DEM quer formar um bloco de apoio com MDB e PSDB, em torno de um nome de centro.
As alianças construídas para as eleições legislativas geralmente dão pistas para a conjuntura política a ser desenhada para as eleições gerais do ano seguinte. Entretanto, desta vez, o diagnóstico é que os pactos para o comando da Câmara e do Senado serão pontuais.
Exemplo disso é o acordo firmado entre DEM e PP: após a legenda de Maia e Alcolumbre correr o risco de perder o comando das duas casas, o foco se tornou ganhar a presidência do Senado. Para conquistar o apoio do PP, foi firmado um pacto de não agressão à candidatura de Arthur Lira (PP-AL) em troca de apoio a Pacheco na corrida ao Senado – lembrando que na Câmara, o DEM apoia oficialmente o sucessor de Rodrigo Maia, o deputado Baleia Rossi (MDB-SP).
E Eu Com Isso?
Parece unânime a análise de que os partidos de centro-direita e direita não-bolsonarista foram os grandes vencedores das eleições municipais de 2020. Isso implica em uma reorganização de forças para os anos seguintes, influenciando tanto nos apoios para as eleições legislativas quanto para a própria disputa presidencial, dois anos à frente.
Nesse contexto, as alianças para o comando da Câmara e do Senado podem ser consideradas pontuais, já que é bastante improvável que o mesmo bloco de 2018 se repita em 2022, com legendas divergindo quanto à melhor estratégia política para o pleito, mas, também, buscando maior protagonismo no cenário político. Ainda que incipientes, existem nomes como João Doria (PSDB-SP), Otto Alencar (PSD-BA) e Luciano Huck (sem partido) que cogitam concorrer à presidência da República – todos de perfis diferentes e que exigirão muita negociação para conquistar apoios dos partidos desse espectro político.
O mercado ainda não vislumbra as eleições presidenciais de 2022, mas os investidores mais interessados no tema podem acompanhar as alianças políticas como um bom termômetro para o ano que vem.