O Grupo Latam Airlines informou que a companhia e as suas afiliadas no Chile, Peru, Colômbia, Equador e Estados Unidos pediram recuperação judicial (capítulo 11) nos Estados Unidos. Argentina, Brasil e Paraguai não estão incluídos no processo de reorganização do “capítulo 11”.
De acordo com o documento a companhia: “anuncia reorganização para garantir sustentabilidade no longo prazo”
Ao pedir o “Capítulo 11” nos Estados Unidos (similar à lei de recuperação judicial brasileira), a companhia poderá renegociar seus contratos com os arrendadores das aeronaves, o que não é possível através de tal lei no Brasil.
Pelo fato de ser uma empresa estrangeira e não ter capital aberto na bolsa brasileira, ainda não há a confirmação de que a companhia poderá participar do pacote de ajuda ao setor aéreo encabeçado pelo BNDES e com a participação dos demais bancos privados.
Na última semana a agência de classificação de risco Fitch rebaixou o rating da Azul e Da Gol de B para B- e da Latam de B+ para B-, ambos com perspectiva negativa.
A companhia afirmou ter conseguido financiamento de acionistas (famílias Cueto, Amaro e Qatar Airways) no valor de até 900 milhões de dólares. A companhia tem 1,3 bilhão de dólares em caixa.
A notícia é bastante negativa para as ações da Latam, que não tem capital aberto no Brasil, com queda de 40 por cento nos ADR’s da companhia no pré-mercado da Bolsa de Nova York.
Acreditamos que a empresa no Brasil ainda não entrou com pedido de recuperação judicial devido ao possível pacote de ajuda do BNDES, que fica mais difícil para a Latam, pois a empresa não tem mais capital aberto na B3 como Azul e Gol.
A notícia acende o sinal vermelho no setor de aéreas e esperamos impacto bastante negativo nas ações da Gol (GOLL4) e Azul (AZUL4) no curto prazo devido ao aumento da percepção de risco do mercado com as ações do setor aéreo no Brasil.
No ano as ações das Gol (GOLL4) e da Azul (AZUL4) recuam 65,7 por cento e 73,7 por cento, respectivamente, enquanto o Ibovespa apresenta queda de 25,6 por cento em 2020.
O setor de aéreas é um dos mais atingidos pela pandemia da Covid-19 e seus respectivos desdobramentos na realidade econômica mundial. Dessa forma, em abril a queda no fluxo de passageiros nos principais aeroportos no Brasil foi de aproximadamente 90 por cento.
Porém, alguns dados do setor nos Estados Unidos revelam que o pior já pode ter passado. Segundo dados da Transportation Security Administration, o número de passageiros identificados no último dia 24/mai triplicou no com relação ao número do dia 14/abr, passando de cerca de 87.000 passageiros para mais de 267.000 passageiros.
O número ainda é bastante inferior aos registrados no mesmo período de 2019, mas a melhora ao menos marginal é uma luz no fim do túnel de que a tendência a partir das próximas semanas é de melhora no movimento.
O catalisador das ações das aéreas segue sendo a duração das medidas mais rígidas de isolamento social e o aumento gradual no fluxo de passageiros nos aeroportos.
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