A última semana de outubro começou com os investidores preocupados com duas notícias. Uma delas é o crescimento dos casos de contaminação pelo coronavírus na Europa. A situação agravou-se no continente, com um forte aumento do número de novos casos, especialmente na França. O país registrou 52 mil novos contaminados no domingo, o que levou o governo a adotar medidas mais rígidas de controle. O mesmo ocorreu na Itália. As autoridades decretaram as medidas mais rígidas de isolamento desde março, fechando bares e restaurantes.
Outra é que estão praticamente zeradas as chances de que seja tomada alguma decisão sobre as medidas de estímulo à economia americana antes da eleição presidencial, marcada para 3 de novembro. E, agregando ainda mais incerteza, esta é a última semana de campanha eleitoral nos Estados Unidos. Os candidatos costumam guardar sua estratégia mais pesada para a reta final da campanha, em uma tentativa de influenciar a opinião dos eleitores de maneira irreversível. Por isso, esperam-se revelações bombásticas e lances ousados, todos com potencial de desestabilizar a preferência dos eleitores.
No cenário interno, nesta semana haverá a penúltima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) de 2020. Os prognósticos são de manutenção da taxa de juros referencial Selic nos atuais 2 por cento ao ano (leia mais abaixo). No entanto, o que atrairá mais interesse dos investidores é o comunicado, divulgado na quarta-feira 28, e a ata, a ser divulgada na próxima semana. São esses documentos que vão compartilhar a visão do BC sobre a economia, algo fundamental para a formação das expectativas.
BOLETIM FOCUS – A edição mais recente do Boletim Focus, divulgado pelo Banco Central (BC) nesta segunda-feira (26) mostra algumas mudanças sensíveis nas expectativas. A retração esperada do Produto Interno Bruto (PIB) melhorou. Pela primeira vez desde o boletim divulgado no dia 18 de maio os prognósticos são de um encolhimento menor do que 5 por cento em relação aos resultados de 2019. Agora, a estimativa é de uma retração de 4,81 por cento. Está longe de ser um resultado positivo, mas é uma indicação que o cenário começa a se desanuviar.
Não foi a única mudança nas projeções. A inflação esperada para 2020, medida pelo IPCA, agora é de 2,99 por cento, quase um ponto percentual acima dos 2,05 por cento previstos há quatro semanas. E a projeção para a taxa de câmbio também avançou. O dólar previsto para dezembro está em 5,40 reais, acima dos 5,30 reais da semana passada e dos 5,20 reais de quatro semanas atrás. Apenas a taxa Selic prevista não se alterou, e os juros projetados permanecem e 2 por cento ao ano.
INDICADORES – O Índice de Confiança do Comércio (Icom) recuou 3,8 pontos em setembro, passando de 99,6 para 95,8 pontos, interrompendo uma sequência de cinco altas consecutivas. Em médias móveis trimestrais, o indicador avançou 3,2 pontos. O Índice de Situação Atual (ISA-COM) recuou 1,5 ponto, para 105,1 pontos. Já o Índice de Expectativas (IE-COM) caiu 5,8 pontos para 86,6 pontos, informou a Fundação Getulio Vargas (FGV). “[A] queda das expectativas mostra que os empresários estão se tornando cada vez mais cautelosos com a sustentabilidade da recuperação. A falta de confiança do consumidor e a incerteza sobre o período pós programas de auxílio do governo, parecem contribuir para esse sinal de alerta”, avalia Rodolpho Tobler, Coordenador da Sondagem do Comércio da FGV IBRE.
O primeiro pregão da semana começa com os índices em baixa. Tanto os contratos futuros de Ibovespa quanto os do índice americano S&P 500 indicam uma retração devido ao cenário incerto.
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