A quinta-feira (16) começa com um movimento negativo nos mercados asiáticos, especialmente na China. Os principais índices chineses encerraram a sessão com quedas entre 1,3% e 1,9%, na segunda baixa consecutiva. E esse movimento contaminou os mercados na Europa e está influenciando os contratos futuros do índice americano S&P 500, que iniciam o dia em baixa.
Oscilações nos mercados são normais.
Quedas nos preços fazem parte do jogo e são saudáveis, pois proporcionam momentos de entrada aos investidores.
No entanto, a baixa e os prognósticos para as ações chinesas, desta vez, mostram que os investidores internacionais estão refazendo as contas dos riscos e retornos potenciais daquele mercado.
Para entender esse assunto, vamos comparar os dois maiores mercados, a China e os Estados Unidos.
Suponha duas empresas de tecnologia listadas em bolsa com atuações parecidas, cada uma delas de um lado do Oceano Pacífico.
A empresa A é americana, e a empresa C é chinesa. Ambas são avançadas, competitivas, financeiramente sólidas, com uma ampla base de clientes e produtos inovadores.
Teoricamente, a decisão de investir em A ou em C dependeria apenas de indicadores de mercado, como os múltiplos, ou da comparação entre guidances.
No entanto, há uma grande diferença entre elas: seu risco regulatório.
Vamos continuar com nossa suposição.
As duas empresas têm acesso a uma quantidade enorme de informações de seus clientes, e podem tornar esses dados uma fonte de renda.
Até o momento em que há um escândalo qualquer. A partir desse momento, a coleta e o uso desses dados passam a ser questionados pelas autoridades.
No caso da empresa A, o questionamento pode vir de alguma das instâncias do Executivo americano, ou de algum parlamentar.
Nesse caso, ou o assunto será tratado no Legislativo, ou será enviado aos tribunais. Em qualquer uma das hipóteses, o processo será longo, amplamente discutido e transparente. Haverá, claro, reflexos nos preços das ações da empresa A, mas isso será acompanhado por analistas de mercado e poderá gerar oportunidades para os investidores dispostos a correr o risco e a comprar nos momentos de baixa.
No caso da empresa C, alguma autoridade em Pequim pode decretar que as atividades são ilegais, substituir a diretoria e alterar a maneira como as coisas são feitas. Sem aviso prévio e sem contestação. As ações desabam e não há muito o que se possa fazer.
Esse é um exemplo hipotético, claro. Mas as semelhanças com empresas e pessoas reais não são uma mera coincidência.
O governo chinês está montando sua moeda digital de maneira a facilitar a internacionalização e a conversibilidade do renminbi. Para isso, as atividades de mineração de Bitcoins foram subitamente proibidas na China há poucos meses, obrigando a multidão de mineradores a procurar outros lugares para operar, com evidente impacto sobre os preços.
Movimentos semelhantes estão acontecendo com as empresas de tecnologia e de pagamentos chinesas. E isso transforma o mercado chinês em uma incógnita, com reflexos por enquanto incalculáveis sobre os demais ativos internacionais.
E Eu Com Isso?
Os contratos futuros do Ibovespa iniciam o dia em queda, acompanhando a baixa dos contratos futuros do índice americano S&P 500.
No entanto, o dia deverá ser marcado por uma volatilidade elevada na esteira da divulgação do número de pedidos de seguro-desemprego nos Estados Unidos.
As notícias são negativas para a Bolsa em um cenário de volatilidade.
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