A terceira semana de julho se encerra com um cenário positivo, tanto doméstico quanto internacional. No Exterior, a sexta-feira trouxe boas notícias, com a distensão das relações comerciais entre China e Estados Unidos, e com os líderes das principais economias europeias realizando sua primeira reunião presencial em cinco meses. Em discussão, a proposta de elevar o valor do pacote de estímulos econômicos de 750 bilhões de euros para 850 bilhões.
No lado corporativo também houve boas notícias. A semana marcou o início da safra de balanços dos bancos americanos, e os resultados de cinco das seis maiores instituições financeiras não apenas foram positivos, mas também vieram melhor do que o esperado.
Os sinais do mercado americano são claros. As medidas de estímulo econômico estruturadas para combater os efeitos danosos da pandemia sobre a economia estão surtindo efeito. Apenas um número demonstra claramente esse fato: o índice de ações S&P 500, o mais representativo do mercado acionário (e da economia) dos Estados Unidos está apenas 5 por cento abaixo do seu recorde histórico de fevereiro,
O que todas essas notícias indicam é simples. Apesar das necessárias idas e vindas das medidas de combate à pandemia, com fechamentos seletivos das atividades, a crise mostrou que a economia global é muito mais capaz de adaptar-se a novos cenários do que se imaginava anteriormente. Ninguém nega que o impacto da Covid-19 foi pesado e dramático, com um grande número de contaminações e mortes demais. Ninguém nega as tragédias individuais e familiares. No entanto, em termos coletivos, o que o combate à pandemia demonstrou foi uma surpreendente adaptabilidade dos sistemas econômicos.
Os benefícios e sofrimentos não foram distribuídos de maneira equilibrada. Alguns setores (como a aviação e o turismo) foram prejudicados, e ainda é cedo para prever como eles sairão da crise. Outros setores (como o comércio eletrônico) foram beneficiados, mas também é prematuro afirmar que essas vantagens são definitivas. No cômputo geral, entretanto, as famílias continuaram tendo acesso a abastecimento. Na medida do possível, os doentes foram tratados. E, com adaptações, ajustes e apertos, empresários e trabalhadores continuaram produzindo.
No Brasil, apesar do número elevado de vítimas, as coisas avançam. Depois de algumas semanas de atraso, o governo deverá enviar a muito necessária proposta de reforma tributária ao Congresso na próxima semana, o que pode destravar um dos principais nós da economia brasileira (leia mais abaixo).
INDICADORES – A inflação medida pelo Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) subiu 2,02 por cento no segundo decêndio de julho, acima do 1,48 por cento registrado no mesmo período de junho, informou a Fundação Getulio Vargas (FGV) na manhã desta sexta-feira. A aceleração da inflação foi impulsionada pela alta dos preços da gasolina e de produtos agropecuários, indicando uma retomada da demanda.
Não foi o único índice de inflação a demonstrar a retomada da economia. O Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) mostrou uma alta de preços de 0,56 por cento na semana encerrada em 15 de julho, alta de 0,06 ponto percentual em relação à observação anterior. Quatro das sete capitais brasileiras em que a FGV realiza seus levantamentos mostraram aceleração da inflação.
A sexta-feira promete se encerrar com o mercado em alta, devido à distensão no cenário internacional e à perspectiva de resolução do nó tributário, que é um dos principais entraves ao desenvolvimento brasileiro.