Enquanto os mercados não funcionavam aqui na quinta-feira (11) devido ao feriado de Corpus Christi, o dia nas bolsas internacionais, especialmente nos Estados Unidos, foi tenso. Os três principais índices de ações – S&P 500, Dow Jones e Nasdaq – amargaram quedas entre 5,3 por cento e 6,9 por cento. O índice de ações brasileiras negociadas em Wall Street também caiu bastante, recuando mais de 7 por cento. As justificativas para a queda foram a divulgação das projeções econômicas do Federal Reserve (FED, o banco central americano) na véspera, prevendo uma retração de 6,5 por cento na economia americana para 2020 e um aumento no desemprego até o fim deste ano.
Além disso, na quinta-feira (11), quando não houve pregão na B3, os investidores americanos ficaram tensos pelo aumento do número de pacientes com coronavírus. Houve aumento de casos em estados americanos que reabriram suas economias, como Califórnia, Texas e Flórida. A nova expectativa é que o total de mortos nos Estados Unidos pode chegar a 200 mil em setembro, o que vai postergar ainda mais a reabertura total da economia americana.
Com tudo isso, o prognóstico para esta sexta-feira (12) é de um dia de forte volatilidade. Porém, as condições atuais do mercado tornam mais difícil cravar que o último pregão da semana será um dia de baixa generalizada por aqui. Ao passo que os contratos futuros de índice Bovespa começam a sexta-feira com uma queda perto de 3 por cento, em Wall Street os contratos futuros do S&P 500 estão subindo.
Quais as causas para tamanha volatilidade? A principal delas é a enorme liquidez dos mercados. Na quinta-feira, o secretário do Tesouro americano anunciou que o governo Trump está avaliando mais um pacote de estímulos econômicos para o País. Nesta sexta-feira, o parlamento japonês aprovou um pacote adicional de 300 bilhões de dólares para estimular a economia. Uma das poucas medidas consistentes para combater o impacto da pandemia sobre a economia é inundar o mercado de liquidez. Esses recursos têm de encontrar algum lugar para ficar. Como os juros estão perto (ou abaixo) de zero na maioria das economias, o destino natural são os mercados acionários. Isso justificou a forte alta das bolsas tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil ao longo das últimas semanas.
Como a liquidez permanece elevada e isso não deverá mudar no curto prazo, o cenário estrutural para o mercado acionário é de continuidade das altas. Claro, será um caminho atribulado, repleto de solavancos e com riscos bem maiores do que os anteriores à crise. No entanto, sempre é bom lembrar: o ideograma chinês para “crise” é a junção dos ideogramas para “risco” e “oportunidade”.
A sexta-feira promete ser um dia de forte volatilidade, devido ao pregão ter estado fechado na véspera, quando o mercado acionário caiu. O mais provável é que a sexta-feira seja um dia de baixa no Ibovespa, embora o investidor com apetite para risco possa aproveitar o momento para comprar ações a baixo preço.
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