
Um já seria suficiente, mas o Ibovespa rompeu dois recordes na quinta-feira (06): fechou a 153.339 pontos, uma levíssima alta de 45 pontos (ou 0,03 por cento) e superou 154 mil pontos no momento de maior valorização do dia. A máxima do pregão foi de 154.354 pontos, o que representaria uma alta de 0,7 por cento ante o fechamento anterior, que também já havia batido um recorde.
Nos quatro pregões de novembro, o Ibovespa subiu 2,5 por cento, uma valorização superior aos 2,3 por cento do acumulado de outubro. E no acumulado do ano, a valorização em reais é de 27,5 por cento. Como o real está se apreciando em relação ao dólar, a valorização na moeda americana é ainda mais expressiva, com um ganho de 47,7 por cento no acumulado do ano.
O Ibovespa parece estar simplesmente ignorando todas as notícias ruins. Nem o teor austero do Comunicado da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgado na noite da quarta-feira (5), foi capaz de azedar o humor dos investidores. O documento praticamente sepultou qualquer possibilidade de corte da Selic na reunião de dezembro e não deixou nenhuma brecha para o mercado esperar um alívio na política monetária na primeira reunião de 2026.
Isso contrariou as expectativas de boa parte dos investidores. Os mais otimistas previam a sinalização de um corte já em dezembro. Até os mais céticos esperavam que, no mínimo, a última reunião deste ano traria indicações de um afrouxamento em janeiro. Nada disso. O texto foi surpreendentemente austero.
Além do Copom, os resultados da reunião de sua versão americana, o Federal Open Market Committee (Fomc), realizada na última semana de outubro, também foram decepcionantes. O Federal Reserve (FED), o banco central americano, confirmou as expectativas dos investidores e cortou os juros em 0,25 ponto percentual, para a faixa entre 3,75 por cento e 4,00 por cento ao ano. No entanto, ao comentar a decisão, Jerome Powell, presidente do FED, disse que nada garantia mais um corte na reunião de dezembro, como era amplamente esperado pelos investidores.
Em circunstâncias habituais isso seria suficiente para disparar uma realização dos lucros acumulados das últimas semanas. No entanto, mesmo tendo aberto com uma leve queda na quinta-feira, o Ibovespa retomou a trajetória de valorização. Registrou a 12ª alta consecutiva e cravou mais um recorde, o quarto em seguida.
Como explicar essa alta? Basicamente, os investidores estão comprando ações pelas expectativas de melhora nas relações comerciais entre Brasil e Estados Unidos e também motivados pela perspectiva de uma economia brasileira ainda aquecida em 2026, mas com uma inflação mais baixa. Isso teoricamente garante bons resultados para as empresas, o que significa (teoricamente) bons dividendos.
Vale aqui a teoria de que o preço de uma ação em um dado momento é uma projeção dos resultados futuros da empresa trazidos a valor presente mediante uma taxa de desconto. Os preços das ações estão subindo porque essa entidade chamada mercado (que é um grupo de investidores tentando ganhar dinheiro antecipando movimentos de preço) vem corrigindo para cima suas expectativas com os resultados das empresas em 2026. Enquanto durar essa correção – ou seja, enquanto as expectativas de alta dos resultados seguirem aumentando – as ações vão continuar subindo, independente do cenário mais ou menos adverso de hoje.
E Eu Com Isso?
Os contratos futuros dos principais índices americanos estão em leve queda no pré-mercado, o que pode indicar uma realização de lucros no mercado internacional, eventualmente levando a uma realização por aqui também.
Petrobras (PETR4) apresenta resultados do 3T25, com 12,1 bilhões de reais em dividendos
A Petrobras (PETR4) divulgou nesta quinta-feira (6) os resultados referentes ao terceiro trimestre de 2025 (3T25), demonstrando desempenho operacional consistente, mesmo diante de um cenário global marcado pela volatilidade dos preços do petróleo. A companhia também anunciou a distribuição de 94 centavos por ação em proventos, reafirmando seu compromisso com a remuneração de seus acionistas.
No trimestre, o preço médio do barril de petróleo tipo Brent foi de 69,07 dólares, representando uma queda de 13,9 por cento em relação ao mesmo período de 2024, refletindo o enfraquecimento das cotações internacionais.
A receita de vendas totalizou 127,9 bilhões de reais, alta de 7,4 por cento frente ao 2T25 e leve recuo de 1,3 por cento na comparação anual. O lucro bruto atingiu 61,1 bilhões de reais, avanço de 7,8 por cento sobre o trimestre anterior, resultado sustentado por maior volume de exportações e melhores margens de refino, que compensaram parcialmente a desvalorização do petróleo.
As despesas operacionais caíram significativamente, somando 17,7 bilhões de reais, o que representa uma redução de 21,7 por cento frente ao 3T24, com isso, o EBITDA ajustado atingiu 63,9 bilhões de reais, mantendo-se em linha com o registrado um ano antes.
Atualmente, a Petrobras negocia a um múltiplo EV/EBITDA de 2,6 vezes, um dos menores entre as companhias listadas na B3, refletindo atratividade relativa em termos de valor.
Com relação à dívida bruta encerrou o trimestre em 70,7 bilhões de reais, alta de apenas 2,9 por cento frente ao 2T25, enquanto a dívida líquida permaneceu praticamente estável, em 59,1 bilhões de reais, a relação dívida líquida sobre EBITDA é de 1,53 vez.
O lucro líquido foi de 32,8 bilhões de reais, estável em relação ao mesmo período de 2024. Excluindo efeitos não recorrentes, o lucro líquido ajustado somou 28,5 bilhões de reais, superando as expectativas de mercado, neste sentido a Petrobras negocia com uma relação de 4,0 vezes lucro para os próximos doze meses.
O fluxo de caixa operacional foi de 53 bilhões de reais, queda de 14,5 por cento frente ao 3T24, enquanto o fluxo de caixa livre totalizou 27,1 bilhões de reais, sustentando uma geração de caixa robusta que permitiu o pagamento de 12,16 bilhões de reais em proventos no trimestre.
E Eu Com Isso?
Desta maneira, a Petrobras anunciou a distribuição de 94 centavos por ação, se mantendo entre as maiores pagadoras de dividendos da bolsa brasileira.
Mesmo diante de um ambiente global de petróleo mais moderado e desafiador, a companhia apresentou crescimento operacional, bons lucros, mantendo o foco na rentabilidade e na distribuição de valor aos investidores.
Dessa forma, projetamos um rendimento de 10 por cento em proventos para os próximos doze meses, refletindo a capacidade da Petrobras de equilibrar investimentos com retorno aos acionistas.
Lojas Renner (LREN3) combina avanço de margens e geração robusta de caixa no 3T25
A Lojas Renner (LREN3) apresentou um terceiro trimestre marcado pela resiliência operacional e pela manutenção de sua trajetória de recuperação gradual no varejo de moda. A receita líquida consolidada atingiu 3,08 bilhões de reais, alta de 4,2 por cento em relação ao 3T24, com destaque para o segmento de vestuário, cuja receita cresceu 4,7 por cento e as vendas mesmas lojas (SSS) avançaram 3,3 por cento no período. Apesar do impacto pontual do clima frio prolongado, que limitou a performance da coleção primavera/verão, o resultado reflete o bom desempenho das regiões mais quentes e o ganho de eficiência nas estratégias de precificação e sortimento, garantindo uma melhor adequação do portfólio às tendências de consumo.
O lucro bruto atingiu 1,70 bilhão de reais, representando expansão anual de 4,9 por cento, com margem bruta de 55,1 por cento, alta de 0,4 ponto percentual frente ao mesmo período do ano anterior. O desempenho foi impulsionado por uma execução comercial mais precisa, combinando melhor curadoria de moda e planejamento de estoque. O avanço também decorre da redução de 1,9 ponto percentual na participação de estoques antigos, resultado da maior assertividade no abastecimento e da melhor integração entre centro de distribuição e lojas. O segmento de vestuário manteve-se como principal vetor de rentabilidade, com margem bruta de 56,2 por cento, confirmando a eficiência do modelo de fast fashion flexível da companhia.
As despesas operacionais tiveram aumento pontual, reflexo de investimentos planejados em marketing e tecnologia. Ainda assim, a Renner manteve boa disciplina de custos e uma estrutura enxuta após a conclusão do ciclo de investimentos estruturais em 2024. O EBITDA ajustado somou 593,8 milhões de reais, crescimento de 2,9 por cento a/a, com margem de 19,3 por cento, praticamente estável em relação ao 3T24. Essa estabilidade, mesmo diante de um ambiente de consumo mais seletivo e pressão de despesas, reforça a capacidade de alavancagem operacional da companhia e a força de sua execução nas lojas físicas e digitais.
O lucro líquido atingiu 279,4 milhões de reais, avanço de 9,4 por cento na comparação anual, refletindo tanto a melhora operacional quanto a menor alíquota efetiva de impostos. O lucro por ação foi de 28 centavos, alta de 15,5 por cento frente ao 3T24. O resultado demonstra consistência na geração de valor, mesmo em um cenário de crescimento de vendas mais moderado. O retorno sobre o capital investido (ROIC LTM) alcançou 14,4 por cento, um avanço de 1,7 ponto percentual, evidenciando maior eficiência na alocação de capital e maturação dos investimentos realizados nos últimos ciclos de expansão.
A Realize CFI, braço financeiro da Renner, manteve sua política de crédito conservadora e contribuiu positivamente para os resultados consolidados. O lucro da unidade foi de 79,8 milhões de reais, crescimento expressivo de 36,9 por cento a/a, sustentado pela qualidade da carteira e baixo nível de inadimplência. O ticket médio nas compras com cartão Renner avançou 6,2 por cento, atingindo 290 reais, ante 205 reais no ticket médio geral, evidenciando o papel estratégico da Realize como vetor de fidelização e engajamento do cliente.
E Eu Com Isso?
A Renner encerrou o trimestre com caixa líquido de 1,3 bilhão de reais e posição de caixa total de 1,6 bilhão de reais, demonstrando elevada capacidade de liquidez e baixo endividamento. A geração de fluxo de caixa livre somou 473 milhões de reais, reforçando o sólido perfil financeiro da companhia, mesmo após a continuidade dos investimentos em expansão e tecnologia. O programa de recompra de ações, com cerca de 85 por cento já executado (equivalente a 860 milhões de reais), e o pagamento de 217,9 milhões de reais em juros sobre capital próprio reafirmam o compromisso com a remuneração ao acionista, sem comprometer a flexibilidade financeira.
Em nossa visão, o resultado do 3T25 reforça a resiliência e qualidade operacional da Lojas Renner, que conseguiu sustentar margens saudáveis e forte geração de caixa mesmo diante de um ambiente macroeconômico desafiador. O desempenho veio levemente acima das estimativas em receita e lucro líquido, com destaque para a expansão de margem bruta e o bom resultado da Realize CFI, que compensaram parcialmente o impacto do clima sobre as vendas de vestuário. Mantemos visão construtiva para a tese, ancorada em três pilares: (i) liderança de mercado e escala relevante no varejo de moda; (ii) gestão eficiente de capital e portfólio integrado de marcas; e (iii) potencial de alavancagem operacional e digital no médio prazo. Com sólida execução e balanço robusto, a Renner segue bem-posicionada para capturar a retomada do consumo e preservar sua trajetória de crescimento sustentável e rentável.
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